Com 37.406 votos, 14,65%, a AD foi o segundo partido mais votado nas últimas legislativas portuguesas pelo círculo da emigração pela Europa, elegendo um deputado para a Assembleia da República, o cabeça de lista José Manuel Ferreira Fernandes.
Uma vez que este responsável volta a comandar o ministério da Agricultura e Mar no novo Governo, o segundo da lista da AD à AR, Carlos Gonçalves, foi empossado deputado com responsabilidades com a diáspora lusa residente no velho continente.
Em declarações à nossa reportagem, o agora deputado reconheceu que a sua presença nas listas da AD pela emigração tem a ver com o facto de “dever muito ao PSD e às comunidades”, tendo sido “uma enorme honra poder integrar a lista no sentido de tentar recuperar o deputado pela AD”, um movimento que acredita ser “importante para os portugueses que residem na Europa para a resolução dos seus problemas e pela aproximação deles a Portugal”.
Carlos Gonçalves avançou que “tentará voltar a ter um trabalho de grande proximidade às comunidades portuguesas, no meu círculo eleitoral da Europa”, respeitando as especificidades do perfil dessas comunidades nos países que integram a União Europeia. Já no caso da Suíça e do Reino Unido, que não fazem parte da UE, o trabalho terá uma atenção “particular e especial”, porque são “diferentes e devem ser atendidos de outra forma”.
Sobre os temas que merecerão a sua atenção no Parlamento, este deputado sublinhou o atendimento consular, que, na sua opinião, “no último ano recebeu uma grande atenção por parte do Governo, com uma enorme melhoria no atendimento aos portugueses residentes no estrageiro”.
Outro ponto é a questão da “cultura e da língua portuguesa”, que estarão “sempre em cima da mesa, algo fundamental que nós não podemos de forma alguma esquecer”, bem como a “participação cívica e política”.
“Enquanto Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, iniciei um processo associado ao voto eletrónico, tendo-se, na altura, sido feito o único teste de voto eletrónico em Portugal em democracia. Mais tarde estive ligado a outros projetos. A lei de propostas de teste de voto eletrónico foi chumbada. É uma matéria que continuarei a defender, com maior uniformização da metodologia de voto para todas as eleições. E um conjunto de questões ligadas à participação cívica e política dos portugueses nos próprios países de acolhimento”, defendeu o social-democrata.
A questão solidária e social foi também apontada como “importante”, assim como os luso-eleitos e o mundo empresarial das comunidades, “que é essencial na relação bilateral entre muitos países com o nosso país”.
“Temos um grande trabalho pela frente e o Governo, nesta matéria, espero que mantenha este rumo de considerar que o país é um país claramente repartido pelo mundo indo dando resposta a problemas concretos de portugueses que residem fora de Portugal, mas que, como sabemos hoje, há uma proximidade não geográfica, mas há uma real proximidade entre os que residem fora e os que vivem no país. Portanto os de lá e os de cá são importantes. Portugal é mais forte se contar com todos. As minhas expetativas são dar não só voz aos que estão no estrangeiro, mas fazer também a demonstração clara, e são muitos os exemplos de que, por vezes, é Portugal que mais precisa das comunidades do que as próprias comunidades precisam de Portugal, independentemente de alguns casos concretos que devem merecer a nossa atenção, a nossa preocupação e a vontade de poder contribuir para a resolução desses problemas”, comentou Carlos Gonçalves.
Aos 63 anos, Carlos Alberto Silva Gonçalves regressa à AR, levando na bagagem uma grande experiência no campo da emigração. É licenciado em Geografia, técnico superior dos quadros externos do Ministério dos Negócios Estrangeiros e conselheiro técnico da Embaixada de Portugal em Paris.
Ígor Lopes