Cristina Pereira tem 37 anos de idade, é natural do concelho de Montalegre, Vila Real, Portugal. Tem familiares em Montalegre, Lisboa, além de primos a residirem noutros pontos do país.
Na Suíça, vive em Pratteln, no Cantão de Baselland, há 15 anos, “e não troco esta tranquilidade por nada”. Esta portuguesa vive no país helvético com a família que é composta por uma filha e o seu marido. Tem também irmãs e outros membros da família na zona com quem convive.
“A minha vida na Suíça é bastante tranquila, devido a ter me adaptado bem desde o início à rotina do país desde os meus 16 anos. Para mim, a vida na Suíça é uma vida normal, um pouco de lazer e o resto, trabalho. No momento, devido a problemas de saúde, não tenho podido trabalhar, infelizmente, pois tenho de trocar a minha área de trabalho, o que também é bastante desafiador devido, hoje em dia, pedirem para quase tudo formação profissional”, relatou esta portuguesa.
Cristina Pereira revela que, desde os seus 18 anos de idade, tem trabalhado sempre na área da limpeza, organização de armazém e gastronomia. “Coisa que, infelizmente, não posso mais fazer”!
Esta entrevistada afirma que tem pouca convivência com a comunidade portuguesa, porém, ao chegar à Suíça, “tinha muito mais” oportunidades.
“Com o tempo fui me afastando e começando a conviver com outras comunidades, pois sempre gostei de me integrar em várias comunidades para conhecer outras culturas. Em geral, a maioria é de italianos e suíços. Se calhar, devido ao meu primeiro trabalho na Suíça ter sido num restaurante italiano. O facto de conviver um pouco com todas as culturas também é muito enriquecedor em muitos aspetos”, defendeu.
Cristina considera que, no geral, “os portugueses sempre foram muito bem recebidos no país helvético, pois a comunidade portuguesa é conhecida por ser de trabalhadores e de confiança”.
“Com o decorrer dos anos, o acolhimento da nossa comunidade tem mudado devido a muitos aspetos. Tenho observado isso ao decorrer destes 20 anos que moro na Suíça. Eu sempre fui muito bem acolhida em geral”, disse.
Cristina, “de vez em quando, gosta de frequentar pastelarias e clubes portugueses, o que, ao mesmo tempo, permite conviver com a nossa cultura e também serve para matar um pouco das saudades de Portugal. Mas, como muita gente me diz, eu já sou mais Suíça do que portuguesa devido ter mais anos de Suíça do que de Portugal e ao facto de me ter integrado bem desde o início”.
Em relação ao sentimento ao chegar a Portugal para férias, Cristina diz não ter um sentimento em especial, “a não ser o de rever a família”, pois, “desde muito jovem que construí uma vida neste país agradável”.
“Durante muitos anos nunca pensei na possibilidade de voltar a morar em Portugal. Mas, desde que comecei a ter problemas de saúde, esta ideia tem me passado várias vezes pela cabeça. A única coisa que me faz continuar aqui é o facto de garantir um futuro estável para a minha filha e a questão de que aqui temos mais facilidade em encontrar trabalho”, comentou Cristina, que recorda que, na Suíça, já conquistou um modo de vida mais estável para si e para a sua família”.
“Também aprendi a conviver com várias culturas e idiomas, o que, em geral, é um grande enriquecimento pessoal para mim. As conquistas materiais não são o mais importante, mas também as pessoais”, confirmou esta imigrante, que tem uma filha de dez anos “que é a princesa da casa e o real motivo de ainda estar a morar na Suíça”.
“Portugal para mim sempre será a minha casa, é onde me posso conectar com as minhas raízes, embora saiba que não dá para viver com a mesma qualidade que vivo aqui. Vim para a Suíça para passar férias e aprender o idioma alemão, com o tempo, fui me adaptando e vi também uma oportunidade de crescimento pessoal. Apaixonei-me por este belo país e acabei por cá ficar”, frisou Cristina, que avalia que, “do futuro, no momento, não espero muito, só de me readaptar no mundo do trabalho e continuar a levar uma vida estável e tranquila como poder continuar a dar o máximo de oportunidades possíveis a minha filha”.
Esta cidadã acredita que “uma grande diferença entre Portugal e a Suíça é o custo de vida. Na Suíça, o custo de vida é elevado, mas os ordenados vão se adaptando ao custo de vida, embora que, ultimamente, cada vez está mais complicado com os aumentos nos seguros de saúde, alimentação e moradia. Enquanto que, em Portugal, o custo de vida é alto e os ordenados são mais baixos”.
“A língua para mim não é um problema, pois falo os três idiomas utilizados na Suíça e alguns mais. O verdadeiro problema para mim na Suíça, no momento, foi nunca ter feito uma formação profissional”, lamentou.
“Num certo ponto já não me sinto como uma imigrante na Suíça, pois estou bem integrada, mas, claro, sempre com saudades da família que tenho em Portugal e do meu belo país”, finalizou Cristina Pereira.
Ígor Lopes