› Fernando Morgado
António José da Conceição Oliveira, Nuno Miguel Soares Pereira Ribeiro e António Manuel Ribeiro Alves. Provavelmente estes nomes pouco dirão à generalidade das pessoas. Têm todos uma coisa em comum, um amor por um clube e foi isso que os juntou no passado dia 9 de setembro em Payerne numa festa/convívio a que chamaram “Festa dos Campeões”. Sim, adivinhou, S.L. Benfica.
O primeiro foi futebolista e treinador, hoje comentador desportivo, o segundo, futebolista e atualmente, Diretor do Centro de Formação no Seixal, além de ser igualmente comentador desportivo, e o terceiro é uma figura carismática de uma das bandas de rock míticas dos anos 1970 até hoje. Falamos de Toni, Nuno Gomes e António Almeida, líder dos UHF.
Toni, jogador de uma das equipas mais reconhecidas do SLB, jogador de meio-campo, carregador de piano com algum jeitinho para a bola, como diz, começou a sua longa carreira no Instituto Salesiano, passou pelo Anadia, Académica, levado pelo saudoso Mário Wilson, e por fim SLB.
“Foi um percurso sempre ascendente, tive a oportunidade de ter grandes companheiros e amigos ao logo da minha carreira e isso ajudou-me. Depois, o SLB era já um amor de criança, imagine o que senti quando o clube se interessou por mim, foi o cumprir de um sonho. Depois de tantos títulos enquanto jogador, como treinador dos encarnados conquistou ainda mais dois campeonatos e uma Taça de Portugal”, disse Toni.
Nuno Gomes, futebolista de eleição, fino e letal, enquanto avançado – centro que começou o seu percurso em Amarante, Boavista, SLB, Fiorentina, Balckburn, internacional que disputou diversas fases finais de campeonatos europeus e mundiais, quem não se lembra do fantástico golo à Inglaterra.
“Verdade, acho que foi um dos golos que as pessoas mais se recordam. Foi um jogo fantástico onde conseguimos dar a volta por cima”, mencionou Nuno Gomes. Títulos no SLB, campeão europeu por Portugal sub-17, uma Taça de Itália. Carreira de sucesso e repleta de belos momentos.
António Almeida quer praticamente dizer UHF. Líder de uma banda mítica que marcou uma época, e que continua a espalhar a sua música até hoje. Nativo de Almada, de onde nunca saiu, aluno brilhante, poeta, músico, artista. Reconhecido no meio da música como um dos pioneiros do Rock em Portugal, continua a sua caminhada pelo mundo da música aos 69 anos.
“Costuma-se dizer que quem corre por gosto não cansa. A música é uma paixão desde sempre e nunca foi sacrifício, pelo contrário, a música deu-me sempre mais do que eu pensava”, frisou António.
Os três têm este ponto em comum, benfiquistas, e aceitaram o convite para virem confraternizar com alguns dos benfiquistas que aqui labutam e celebrar, uma vez mais, o título de campeão da época 2022/2023.
“É sempre um prazer poder estar com os adeptos benfiquistas onde quer que seja. Assim que me falaram do convite aceitei de imediato, a alma benfiquista está em todo o lado e lembrarem-se de mim é um honra, a maior parte nem me viu jogar nem treinar.
Tal como o Toni disse, é uma honra e privilégio poder partilhar as conquistas do clube com os simpatizantes e adeptos, são eles que mantém a chama acesa. Os núcleos fora de Portugal vivem estas conquistas de maneira mais sentida e para nós é um regalo poder estar com eles, e de mim ainda se lembram (risos)”.
Todos sabem que vivo e respiro Benfica desde sempre, assim sendo quando estas ocasiões se proporcionam é uma satisfaço poder estar com estes portugueses que de longe têm o clube e as suas conquistas no coração. Ver esta chama benfiquista é um orgulho. Agradecemos aos organizadores pela realização desta manifestação e nos terem endereçado tão honroso convite.
Três grandes carreiras, três expoentes nas suas atividades, uma com maior impacto direto, outra com um público mais selecionado, se o podemos dizer, e que deixaram um rasto de sucesso e saudade.
“É verdade, a nossa área tem uma visibilidade diferente. No meu tempo não havia toda esta envolvência, mas existiam outras formas de difusão, digamos assim, era mais pela radio e pelos jornais. Com o evoluir dos tempos explodiu a comunicação e hoje é diariamente. O sucesso foi em conjunto, o futebol é um jogo de equipa e só com todos se consegue alcançar êxito. Ao longo da minha carreira de jogador e de treinador, tive a sorte de encontrar companheiros que me ajudaram a ter o sucesso que consegui.
Saudade não sei, ainda posso fazer uma perninha, nos veteranos. É realmente um privilégio ter abraçado este desporto que tanto me deu e ao qual me dediquei de corpo e alma desde tenra idade. O futebol foi determinante para muita coisa na minha vida e o sucesso, tal como diz o mister, faz-se com todos os que encontramos neste maravilhoso desporto. Acho que tenho eu mais saudade de jogar que os que me viram a faze-lo, fica sempre o bichinho. Graças a Deus posso dizer que tive uma boa carreira e que fui muito feliz nos clubes onde passei e, obviamente, na seleção, expoente máximo para qualquer futebolista. Não há palavras para descrever a emoção que é vestir aquela camisola, carregamos todo um povo connosco e essa responsabilidade até arrepia.
No meu caso agradeço que me tenham colocado no mesmo patamar que estes dois senhores, estou a brincar. Cada macaco no seu galho. Deram-me muitas alegrias os dois, sim, vi o Toni jogar (risos). A minha carreira ainda está aí para as curvas, ao contrário deles ainda posso “jogar”. Contra a ideia do meu pai, que queria outro futuro para mim, enveredei pela música, ainda hoje não sei como, mas cá estou. Ainda estudei Direito, mas o “bicho” já cá andava sem eu me dar conta e entre escrever poesia, fazer guitarras à mão e tentar perceber o que queria, a música invadiu-me e tomou este espaço até hoje”.
Tal como os golos do Nuno, os jogos do Toni, para quem se lembra, a tua música ficou igualmente na memória coletiva, quem não se lembra dos famosos “cavalos de corrida” da mítica canção “Rua do Carmo” no longínquo ano de 1981.
“De facto, essa música ficou quase como um hino ligado à banda para sempre. É o nosso emblema. Fizemos muitas mais, mas há sempre algo que se destaca, tal como o golo do Nuno à Inglaterra ou o título conquistado pelo Toni enquanto treinador no Benfica. Faz bem ao ego que depois de tanto tempo ainda se recordem e seja atual”.
Por último, querem deixar uma mensagem aos nossos emigrantes que os leem?
“Primeiro deixar um forte abraço a todos os portugueses que estão por esse mundo fora, eu também já estive e sei o que custa. Dizer que é sempre com grande emoção que visitamos as comunidades portuguesas, já vim à Suíça várias vezes e é sempre uma honra. O convívio, esta partilha, é sinal que fazemos muito por todo o lado, sejam benfiquistas, sportinguistas, portistas ou de outro clube. Um abraço à malta da Radio Arremesso que nos ouve e um especial agradecimento aos organizadores.
O mister tem razão, fora vibramos de maneira diferente, mais pela seleção, como é óbvio, mas a costela clubista também sofre. Quando estive fora senti bem o calor que os portugueses traziam de cada vez que nos cruzávamos e as saudades que eu sentia de casa, de Portugal. Tenho família aqui na Suíça e, de vez em quando, volto cá, mas é um prazer ter a oportunidade de estar com a comunidade. Um abraço a todos, ao pessoal que organizou esta festa e aos ouvintes da Rádio Arremesso, até breve.
De mim igualmente um grande abraço a todos os benfiquistas e à comunidade portuguesa. Já vim cá algumas vezes e esta forma de receber é sempre de excelência. Tocar para a comunidade num evento onde se festeja o título do SLB é uma satisfação a dobrar, esperamos repetir brevemente. A todos os que aqui estiveram, à organização, e vós da rádio, um grande agradecimento pelo trabalho que fazem e que continuarão certamente a desenvolver”.