Uma das vozes mais bonitas e mais importantes da MPB (Música Popular Brasileira) vai marcar presença no Volkshaus em Zurique, dia 13 de novembro e em Genebra, no Théâtre du Léman, dia 18 de novembro.
Os concertos na Suíça são organizados pela firma AllBlues Konzert AG que cada ano traz para terras helvéticas grandes nomes da música brasileira e portuguesa, além de tantos outros artistas da worldmusic de qualidade mundial.
A sétima turnê solo da cantora, «Portas Tour», teve início em fevereiro 2022, no Espaço das Américas, em São Paulo, passou por inúmeros estados do Brasil, pelos Estados Unidos e por diversos países da América Latina e Europa entre 2022 e 2023.
A estreia da «European Tour 2024» aconteceu em agosto, em Roterdão, no North Sea Jazz Festival
e segue agora por vários países da Europa, com duas datas excecionais na Suíça. Esta é a turnê de promoção do álbum Portas – ao vivo, que conta com composições de Nando Reis, Arnaldo Antunes, Carlinhos Brown e Seu Jorge.
Marisa Monte é cantora, compositora e produtora musical. Com uma carreira de mais de 30 anos, é uma das artistas brasileiras que mais venderam, com mais de 15 milhões de álbuns vendido no mundo inteiro. Recebeu inúmeros prémios e reconhecimentos, incluindo cinco Grammy Latinos.
Dois álbuns integram a lista dos 100 melhores álbuns brasileiro: MM de 1989 e Verde, Anil, Amarelo, Cor-de-Rosa e Carvão de 1994. O seu último álbum foi lançado em 2023 e é este, Portas – ao vivo, que dá o mote à sua turnê mundial.
Além da sua voz solar e sensual, as letras das suas canções revelam uma profunda humanidade e lucidez, num estilo onde se misturam de forma natural e descontraída, samba, pop, jazz e soul.
«Verdade, uma ilusão Vinda do coração Verdade, seu nome é mentira»
Marisa Monte canta a sua verdade: «a verdade é uma ilusão, só existe no íntimo. A verdade só existe onde ninguém está olhando. Existe a minha verdade, a sua verdade. A verdade absoluta é uma coisa misteriosa». Canta o amor, que considera «uma forma profunda de inteligência». Sobre a sua vida de cantora diz que: «cantar não é fácil, é muito orgânico. Tem que ser muito estável. É desafiador».
Sobre a condição da mulher, considera que: «Há países mais difíceis do que o Brasil, mas a condição da mulher ainda tem de avançar muito. As leis são feitas por homens e para homens».
Uma vida que começa pelo samba
Marisa Monte nasceu em 1967, na cidade do Rio de Janeiro. O seu pai, engenheiro, foi diretor da escola de samba, Portela, e Marisa teve frequentes contactos com os sambistas. Na sua infância estudou canto, piano e bateria e aos catorze anos iniciou o canto lírico, tendo estudado belcanto em Roma. Participou também em vários espetáculos musicais e aos 18 anos grava oficialmente a sua primeira música em estúdio para o filme Tropclip. No seu álbum de estreia, MM (1989), gravou «Bem Que Se Quis», uma versão de Nelson Motta de uma canção do compositor italiano Pino Daniele. Depois de vários discos e turnês, com 250 shows num ano nalguns casos, Marisa Monte conquistou em 1998 a sua independência musical durante a renovação do seu contrato com a EMI, com o seu próprio selo discográfico, a Phonomotor Records.
Destacam-se colaborações musicais com a cantora cabo-verdiana Cesária Évora no seu disco Café Atlantico, ou ainda o famoso projeto Tribalistas.
O álbum Tribalistas foi gravado em 2002 e contém temas conhecidos como «Velha infância» e «Já sei namorar». Os Tribalistas conseguiram alcançar um sucesso internacional, com vendas em 46 países e uma apresentação em Paris em 2003.
Além da música, Marisa Monte fez uma incursão pelo cinema, tendo produzido o filme O Mistério do Samba.
O oitavo álbum de estúdio da sua carreira foi lançado em outubro de 2011, com o título O Que Você Quer Saber de Verdade, e com a digressão mundial de 2012/2013 «Verdade Uma Ilusão». Em 2020, iniciou o projeto «Cinephonia», um projeto audiovisual. Segundo Marisa, trata-se de «um arquivo virtual que mora nas nuvens onde está organizado toda a minha obra, catalogada, restaurada e digitalizada, tudo isso acessível num só lugar». Todo este material é chamado «Cinephonia» e são trilhos sonoros dos seus DVD’s, canções inéditas no áudio streaming.
Marisa Monte, sempre à procura da sua verdade, uma verdadeira ilusão, mas uma carreira e um talento bem real. A ver e rever infinitamente.
Texto: Clément Puippe
Fotos: © Marisa Monte