› Adélio Amaro
Sérgio Fernandes Pires vive em Zurique, nasceu em Berna, no ano de 1995, filho de pais emigrantes que viveram quase 20 anos no cantão de Berna. Aos 8 anos foi para Portugal, onde viveu até aos 17 anos de idade. Regressou à Suíça para estudar em Basileia, na “Hochschule für Musik”.
No âmbito musical iniciou os seus estudos com 8 anos. Em 2007 ingressou na Academia de Música Valentim Moreira de Sá, em Guimarães, onde estudou na classe do Prof. Vitor Matos até 2013. Foi então que entrou na “Hochschule for Musik der Stadt Basel”, na classe do Prof. François Benda, onde terminou a Licenciatura e dois Mestrados (Performance e Solista), ambos com distinção máxima. Sérgio Pires é Artista Selmer (Clarinetes modelo “Recital”) e Artista Silverstein (Cryo4).
Recentemente assumiu o lugar “Clarinete Solo” na London Symphony Orchestra, na Inglaterra, acumulando com o de 1.º Clarinete na Orquestra Musikkollegium Winterthur, na Suíça, da qual já membro desde 2016.
O músico é um dos clarinetistas artisticamente mais ativos da sua geração e tem demonstrado uma aptidão extraordinária. Embora jovem, tem uma carreira positivamente invulgar recheada de sucesso, tendo-se apresentado em palco, como solista, com a Kammerorchester Basel, Bremer Philharmoniker, Musikkollegium Winterthur, Orchester vom See, Orchestra Filarmonicii de Stat Transilvania, Orquestra Sinfónica de Porto Alegre, Staatsorchester Braunschweig, Sinfonie Orchester Basel, Argovia Philarmonic, Berliner Symphoniker, Schlesische Kammerorchester, Mannheimer Kammerorchester e Arte Frizzante Orchestra, interpretando obras de W. Mozart, J. Stamitz, C. Weber, G. Rossini, K. Penderecki, F. Danzi, G. Ponchielli, e C. Nielsen.
Em 2020 gravou um CD com obras de Schumann, para a editora “Orpheus Classical”, e em 2021 um outro com obras de compositores franceses, para a editora “Clavi”.
Juntamente com Swiss Chamber Soloists (Heinz Holliger, Felix Renggli, Jürg Dähler) gravou um CD com obras de Carter para a editora “Genuin”, estreando mundialmente obras com este grupo.
Com o clarinetista Michael Collins gravou um outro CD com música francesa para a famosa editora sueca “Bis”. Também gravou com o seu grupo “Ensemble Confoederatio” para a editora “MDG”, um CD com obras de Poulenc.
Com apenas 18 anos foi aceite em três das Orquestras de Jovens mais importantes do mundo: Orquestra de Jovens da União Europeia; Schleswig-Holstein Musik Festival Orchester, e a Gustav Mahler Jugendorchester.
Com a sua qualidade, apreciada e reconhecida por todos, foram surgindo novas colaborações como as Orquestras na Suíça (Sinfonieorchester Basel, Camerata Zürich, Tonhalle Orchester Zürich, Opernhaus Zürich, Kammerorchester Basel), em Portugal (Orquestra Estúdio, Jovem Orquestra Portuguesa), no Brasil (Orquestra Neojiba), Austria (Tonkünstler Orchester), entre outras.
Tem recebido, com regularidade, convites para os festivais de música mais importantes do mundo, como o BBC Proms (Inglaterra), o East-Neuk Festival (Escócia), o Isang-Yun Festival e Seoul International Chamber Music Festival (Coreia do Sul), Festival Bozen (Itália), ou o SchleswigHolstein Musik Festival (Alemanha).
Foi ao lado de Krzysztof Chorzelski (Belcea Quartet), Valentin Erben (Alban Berg Quartet), Felix Renggli, Sergio Azzolini, Heinz Holliger, Radovan Vlatkovic, Emmanuel Pahud, entre outros, que se apresentou em música de câmara.
Questionado sobre quando surgiu o seu gosto pela música, afirma que foi desde muito cedo quando ingressou na Banda Filarmónica de Vieira do Minho. Foi-lhe dado um Clarinete para a mão, “mesmo tendo eu pedido uma trompete (havia necessidade de clarinetes na banda), mal eu sabia que essa decisão iria mudar a minha vida! Sempre tive «jeito», disseram-me isso logo do primeiro momento, mas talento acabam por ter muitos”, descreveu ao nosso jornal Sérgio Pires.
O músico acrescentou que “naqueles tempos na banda, a música para mim associava-se também à camaradagem, amizade, viagens e tudo isso, não tinha para mim nenhum aspeto negativo, e era (e continua a ser) uma influência muito boa na minha vida. Mas a música sempre teve muito presente na minha vida, já antes dos 8 anos também. A minha mãe cantava sempre muito, havia sempre música nas longas viagens de carro que fazíamos da Suíça para Portugal, e curiosamente, não me lembro de muito mais acerca dessas viagens, só mesmo das músicas”, sublinhou.
Além dos vários projetos já referidos, Sérgio Pires tem outros de menor dimensão, nos quais participa duas a três vezes por ano, como “Ensemble Confoederatio” e “Portuguese Chamber Soloists”, além dos concertos a Solo e em Música de Câmara um pouco por todo o mundo, com destaque para vários países da Europa e na Coreia do Sul, Brasil e Colômbia. Está prevista, para breve, uma atuação no Chile, tendo regressado recentemente do Brasil onde fez vários concertos a Solo, assim como da Alemanha.
Sérgio Pires ainda consegue arranjar tempo para lecionar na Universidade do Minho, onde é professor desde 2019.
Mesmo com uma carreira de enorme sucesso, Sérgio Pires tem como objetivo profissional continuar a “preparar-me bem para os concertos, aulas, e projetos que tenho, e tentar melhorar e dar o meu melhor todos os dias. Não coloco metas no sentido «naquele ano tenho de estar ali». Nunca o fiz, e parece-me mais saudável assim. Isto não quer dizer que não tenha ambição. Tento agarrar todas as oportunidades que aparecem com «unhas e dentes», referiu.
Sobre as oportunidades, no âmbito da música, comparando a Suíça com Portugal, Sérgio Pires reconhece que existem mais no país helvético, sublinhando que “já muito foi dito e discutido sobre as razões que levam a que seja assim, mas a realidade é simples. Há mais orquestras profissionais por cada 100.000 habitantes, mais escolas a dar às crianças um contacto desde muito cedo com a música, mais festivais de música… Há bastantes músicos que conseguem viver bem como «freelancer», seja em orquestras, seja como solistas, etc.”, acrescentando que na “Suíça também não é tudo «um mar de rosas», mas os dois países são incomparáveis nesse aspeto”, concluiu.