Junho é mês de festejar diversas datas marcantes da história de Portugal, a par dos Santos Populares que decorre todo o mês, o 10 de junho começou por ser designado dia de Camões para celebrar a data da sua morte em 1580 e de Portugal, à qual se iria juntar o da “Raça”, em 1944, durante a inauguração do Estado Nacional do Jamor, em pleno Estado Novo, e perdurou até 1978, altura em que o nome foi modificado conforme hoje o conhecemos: Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas.
É igualmente o dia dedicado ao Anjo Custódio de Portugal, sendo também o dia da Língua Portuguesa e das Forças Armadas. Tanto simbolismo num só dia merece ser comemorado por todos os portugueses em todo o mundo e a Rádio Arremesso organizou uma grandiosa festa em Genebra para homenagear todos os portugueses espalhados pelo mundo, a nossa Língua mãe, a nossa Pátria, a nossa História.
Depois do retumbante êxito da 1ª Edição em 2023, a 2ª superou todas as expetativas e o espaço tornou-se pequeno para tanta adesão. Numa organização superlativa, 7, 8 e 9 de junho foram dias de festa rija, convívio, partilha, animação, música e muita gastronomia. Nem o dilúvio que se abateu no domingo esfriou as vontades e a festa foi um êxito!
Uma vez mais a comunidade portuguesa, e não só, aderiu a esta grande manifestação e transformou o Terreno de Francheveaux numa aldeia de Portugal, onde o denominador principal foi a Língua Portuguesa. Presente estiveram o Folclore, Grupos de Bombos, músicos locais, músicos convidados diretamente de Portugal, Rouxinol Faduncho e os Toka & Dança. Ponto alto no sábado à noite, com a atuação dos Toka & Dança perante cerca de 20 mil pessoas, o que ficará na memória de todos pela energia, alegria e muita cumplicidade.
A gastronomia esteve entregue a diversos parceiros da Rádio Arremesso com os seus stands onde se pôde encontrar os gostos portugueses de norte a sul, desde o famoso porco no espeto ao pastel de nata; bacalhau até às deliciosas bifanas; cerejas, leitão e, não podia faltar, as nossas sardinhas assadas, incontornável petisco em qualquer parte do mundo.
Foi uma romaria de três dias onde as famílias se juntaram para comemorar, jovens dos 0 aos 90 e muitos, gente de todas as regiões, encontro de amigos, partilha, convívio, felicidade. Para nos contar um pouco mais sobre este evento estivemos à conversa com o presidente da Associação Rádio Arremesso, Pedro Machado.
Pedro, como explicar esta adesão da comunidade a este evento?
A comunidade tem plena consciência do que fazemos para a promoção da Língua e Cultura Portuguesas e julgo que é esse apreço que os move a acompanhar as iniciativas que vamos pondo em prática, sempre no intuito de nos juntarmos e valorizarmos o que de melhor tem o nosso país e a comunidade radicada no estrangeiro, neste caso especialmente em Genebra e arredores. Sabemos que este ano, tal como o ano passado, vieram muitos compatriotas de outros cantões e da França vizinha, e isso deixa-nos orgulhosos do trabalho que se faz. É igualmente o reconhecimento do nosso trabalho por parte da comunidade que confia nas nossas ideias e diz sempre presente, a todos eles o nosso muito obrigado.
A festa este ano teve algumas nuances diferentes em relação ao ano passado.
Sim, é verdade. O ano passado foi a primeira aventura neste registo e serviu como aprendizagem que nos ajudou para apresentar aos nossos amigos uma organização mais afinada, embora o ano passado, tal como este ano, não tenha existido problemas de maior, há sempre detalhes que interessa serem melhorados para o conforto de todos e para que possamos usufruir da festa. Se reparou o terreno este ano foi “encurtado”, por decisão do proprietário, o que nos obrigou a reinventar o espaço e, muito especialmente, os lugares de estacionamento, verdadeiro calcanhar de Aquiles em toda a logística. Por imposições das autoridades locais, câmara municipal, polícia municipal e cantonal, departamento sanitário, etc., tivemos de adequar as estruturas logísticas ao que nos foi exigido e manter um rol de medidas para que a festa se pudesse realizar, controlo de estradas, contratação de parques, indicações físicas, o triplo de vigilantes/securitas, serviços médicos, etc., correu tudo bem e isso é o que mais interessa. Não obstante alguns contratempos, os nossos amigos compreenderam e aceitaram as “novas regras” rapidamente, só assim juntamos cerca de 20 mil pessoas no sábado à noite e cerca de 27 mil durante os 3 dias.
O tempo quase que estragava todo o esforço…
Foi o que mais problemas causou (risos). Na 6ª feira à noite choveu e muitas pessoas não vieram por isso mesmo, mesmo assim o recinto esteve bem composto. No sábado, felizmente, o tempo ajudou e durante todo o dia pudemos assistir à grande romaria de pessoas. A noite foi magnífica! Emocionou-me ver aquela massa humana a dançar, a rir, a alegria nos rostos, é algo que não esquecemos e que nos faz querer continuar, embora o trabalho seja enorme e cada vez mais.
Que mistério é esse em que uma direção de seis elementos consegue organizar um evento desta envergadura?
Não há mistério (risos). Somos seis, mas valemos por 200! Estou a brincar. O evento é enorme para quem como nós trabalha todos os dias e dedica-se a este tipo de aventuras quando, durante o ano, temos saídas, programas, emissões quase todos os dias. Fruto do sucesso, é certo, e fruto de alguns (muitos)!!!, sacrifícios, dores de cabeça, cabelos brancos, discussões, reuniões, telefonemas, agendamentos, etc. Não poderíamos levar a cabo um evento tão grande sem a ajuda dos nossos patrocinadores, que desde a primeira hora se juntaram a nós, dos nossos associados, amigos e dos cônjuges, para quem é casado (risos).
Tenho de dar um agradecimento muito especial ao Grupo Motard 100 à Hora que foram inexcedíveis antes, durante e após a festa. Ajudaram na montagem, no controlo de trânsito, nas entradas no recinto e na desmontagem, um grande abraço para eles e em particular o seu Presidente Julian Vilaça. Grandes amigos! Além disso este ano tivemos a colaboração do Rancho Folclórico Danças e Cantares do Minho que se juntaram a nós na organização por forma a que a festa do S. João pudesse desenrolar nos melhores moldes. Na nossa organização também contamos com a inestimável colaboração do Nuno Fernandes, figura carismática do grupo musical Anjos da Noite que se juntou a nós e que com os seus conhecimentos nos ajudou muito, na parte administrativa e com os equipamentos de luz e som que projetam a festa a outro nível. Um grande agradecimento ao Sr. Embaixador Dr. Júlio Vilela assim como à Sra. Cônsul Geral Dra. Leonor Esteves pelas manifestações de apoio e pela presença no domingo na comemoração do dia de Portugal. Os nossos representantes diplomáticos são pessoas de grande acessibilidade e muito interessados nos problemas da comunidade e há que realçar o seu empenho em estarem próximos e na sua inexcedível participação em eventos onde a portugalidade seja o tema maior.
Houve muitos participantes de variadas áreas…
Muitos! Em maior número a gastronomia, tivemos a presença das instituições bancárias nossos parceiros, Banco Montepio, CGD, CA, Banco Santander, a quem manifestamos a nossa profunda gratidão. Um abraço especial ao Sr. José Ferreira, Chefe da Representação do Banco Montepio em Genebra pela sua generosa disponibilidade e amabilidade em nos apoiar durante os 3 dias. Tivemos as cerejas de Resende, que o nosso grande amigo Almeida fez questão de trazer uma vez mais, artesanato, tatuagens, tudo em português (risos). Os ranchos folclóricos, alguns que enfrentaram bravamente a chuva e mesmo assim fizeram questão de atuar, o nosso enorme obrigado. O grupo Bombos de Monthey, violas, cavaquinhos, uma grande lista de grandes pessoas que estão sempre disponíveis.
A música esteve sempre presente…
Obviamente! Festa portuguesa é sinónimo de música, dança e grande animação. Como sempre valorizamos o que é “nosso”, os nossos artistas locais, onde incluímos ranchos folclóricos e outros grupos, e artistas vindos de Portugal, este ano decidimo-nos por mudar um pouco o paradigma numa noite, daí a proposta do Rouxinol Faduncho na 6ª feira, após uma apresentação do nosso Norberto Ferreira, no sábado mantivemos o traço inicial das festas portuguesas com o grupo Toka & Dança, que atuaram depois dos Anjos da Noite terem feito uma atuação monumental perante cerca de 20 mil pessoas. No domingo, infelizmente, a chuva não permitiu que as acuações tivessem o público que mereciam. Jorge Amado, Janina & Julia, o grupo Black Jack, perante um dilúvio, apresentaram-se com a energia e alegria habituais, pena o tempo não ter ajudado.
Vimos este ano a presença de bombeiros portugueses no evento…
Sim, os Bombeiros Voluntários de Penalva do Castelo, localidade de onde sou oriundo. Na senda do que a Rádio Arremesso faz ao longo do ano, a secção Solidária, além do envio de material hospitalar para instituições portuguesas, propusemos que esta corporação viesse para fazer uma campanha de fundos e assim foi. Vieram a expensas próprias e estiveram no recinto sensibilizando as pessoas para o trabalho importantíssimo dos bombeiros voluntários que arriscam a vida para nos ajudar e defender e que se debatem com muita falta de meios. É uma forma de ajudar quem tanto faz por nós. Espero que para o ano possamos ter cá outra corporação e ajudá-los a continuar o seu nobre trabalho.
Que imagem, memória, lhe fica desta festa?
Muitas! Muitas mesmo! Os rostos de alegria das pessoas, o ambiente de festa que pudemos assistir durante os 3 dias, mesmo quando a chuva queria estragar tudo. Os abraços das pessoas, as palavras que nos encorajam a continuar. A melhor memória julgo ser aquela onde vi famílias de diversas idades/gerações, juntas, a dançar e cantar. É para esta alegria que trabalhamos e na qual nos revemos. Todos temos problemas durante o ano inteiro e poder proporcionar estes momentos de tão grande alegria antes do período de férias é fantástico!
Balanço positivo, portanto?
Positivo, porque não houve problemas que manchassem a festa e porque a comunidade, uma vez mais, demonstrou que pode ser unida quando e como quiser. Além disso é uma manifestação de portugalidade no estrangeiro que deve orgulhar todos os portugueses pela elevação e respeito que é marca da Rádio Arremesso. Portanto, o balanço é muito positivo.
Agradeço a todos os que participaram direta e indiretamente. Aos nossos patrocinadores, amigos, aos nossos associados, às organizações que estiveram presentes, aos músicos, artistas, ranchos, grupos diversos e principalmente a todos os que apareceram para fazer desta festa um evento memorável, sem eles nada seria possível.
E para o ano? Cá estamos outra vez?
(risos) Quem sabe?! Agora vamos descansar desta, foram meses de preparação, milhares de horas, não é fácil. Ao fim e ao cabo, a organização recai muito em duas pessoas que depois encontram algumas almas caridosas (risos) durante o trajeto. Vamos ponderar sabendo que a comunidade “quer” que a festa continue e que espera que seja a Rádio Arremesso a organizar como foi nestas duas edições e, como diz o ditado, “não há duas sem três”. Alinhamos os astros e o futuro ditará. Um grande abraço aos leitores da Gazeta Lusófona, nosso parceiro e sempre presente na comunidade, obrigado pelo vosso trabalho.
Ilídio Morgado