› Adélio Amaro
A Magueigia é uma pequena aldeia da freguesia de Santa Catarina da Serra, concelho de Leiria, fronteiriça ao concelho de Ourém (distrito de Santarém) e Fátima, freguesia deste.
Embora seja uma terra geográfica e populosamente de pequena dimensão, não impediu que um grupo de pessoas, em 1963, com a coordenação de Diamantino Gordo, conseguissem fundar um grupo de folclore, intitulado Rancho Infantil de São Guilherme, dedicado ao padroeiro do lugar, tendo a sua primeira atuação acontecido em setembro do referido ano, nas festas religiosas da Maguegia.
Com o passar dos anos, o dito grupo foi adaptando os seus elementos até constituir um rancho adulto, acabando por alterar o nome para Rancho Folclórico de São Guilherme, já nos anos 80, que permanece até aos dias de hoje.
O Rancho está localizado na antiga província da Estremadura, anterior a 1936, sendo identificado com um dos grupos que faz parte da região folcloricamente designada como Alta Estremadura. Situada numa zona serrana, aquela aldeia é rica em tradições, cuja atividades da população se concentravam na pastorícia e na agricultura de subsistência.
Ao longo dos 60 anos de vida, Diamantino Gordo permanece no grupo, embora sem funções diretivas, sendo um dos mestres da etnografia da Alta Estremadura. Manteve o sonho e conseguiu incentivar outros para a existência de um Rancho Folclórico que tivesse algo diferente da maioria dos grupos. Além de mais de mil atuações ao longo dos 60 anos, um pouco por todo o país, e das suas próprias iniciativas, incluindo o Festival de Folclore anual, o Rancho Folclórico de São Guilherme fez um trabalho de pesquisa e recolha do material e imaterial que constituiu a base de um bom trabalho de índole etnográfica. Assim, além das modas, muitas delas fazem parte do Cancioneiros Entre Mar e Serra e do Região de Leiria, o Rancho fez recolhas identitárias da vida rural da região onde está inserido.
O grupo é membro da Associação Folclórica da Região de Leiria – Alta Estremadura (atualmente presidente da mesma), da Federação do Folclore Português, do Centro do Património da Estremadura e da Fundação INATEL.
Todavia, a evolução da recolha, que foi efetuando ao longo destas seis décadas, permitiu alcançar uma aspiração: a constituição de uma Casa Etnográfica que fosse representativa da zona serrana.
O grupo conseguiu comprar uma casa dos anos 40/50, século XX, mas muito semelhante às casas rurais do século XIX, recuperou-a e conseguiu com a mesma albergasse grande parte dos artefactos que foram recolhendo e acabou e inaugurá-la em 2008.
Assim, no presente ano, o Rancho Folclórico de São Guilherme celebra o seu 60.º aniversário e o 15.º aniversário da sua Casa Etnográfica.
Contudo, o acervo recolhido começou a ser demasiado para ser conservado na referida Casa. Desta forma, esta foi transformada em habitação típica da serra rural do fim do século XIX, e foi constituído um outro anexo para receber os utensílios que não cabiam na referida Casa.
De salientar que esta Casa Etnográfica está instalada ao lado do edifício da sede do Rancho, com várias salas paras as mais diversas atividades, incluindo palco fixo para atuações, assim como uma taberna.
A Casa Etnográfica, além da sala anexa representativa dos diversos ofícios (agricultor, barbeiro, carpinteiro, trolha, resineiro, sapateiro, serrador, tecedeira e até carroça), onde se podem encontrar vários utensílios das diversas atividades representativas do povo rural, apresenta todas as divisões de uma casa típica do século XIX, como atrás foi referido: adega com o típico lagar e todos os seus apetrechos com uma enorme prensa de vara; cozinha; quartos; sala e casa de fora com tear, sendo de realçar que a cozinha era o principal local de convívio familiar.
Por último, a Casa Etnográfica tem uma imensa recolha de indumentária, com destaque para saias e lenços de cabeça.
A 24 de setembro o Rancho irá comemorar o duplo aniversário com algumas iniciativas simbólicas e que servirão de agradecimento a todos os que fizeram ou fazem parte do grupo e ajudaram a construir todo este património material e imaterial que permite a todos os visitantes conhecerem ou relembrarem outros tempos, como nos explicou a atual presidente, Verónica Gordo.
Para conhecerem um pouco mais da dinâmica do Rancho e da Casa Museu podem consultar o seguinte endereço do Facebook:
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