Bruna Gomes, portuguesa a viver no país helvético há oito anos
“A Suíça significa uma aprendizagem
e uma etapa no meu percurso de vida”
Bruna Gomes tem 36 anos de idade, é natural de Mortágua, no distrito de Viseu, e vive em Venthône, cantão de Valais, na parte francesa da Suíça. É casada com Gonçalo Santos e tem dois filhos, o Hugo com 10 anos, e o Rúben com quatro
Quais as razões que a levaram a ir para a Suíça?
Depois da grave crise financeira no nosso país, sobretudo desde 2008 até 2011, altura em que nasceu o nosso primeiro filho, tivemos de tomar a decisão de emigrar. A falta de trabalho e os ordenados baixos levaram o meu marido a viajar para a Suíça, onde já se encontravam alguns familiares. Depois de ele se estabelecer, eu e o meu filho fomos também, em 2013.
Fale um pouco da sua vida na Suíça. O que faz?
Trabalho para a comuna de Noble-Contrée onde faço limpezas na escola de Venthône. Quando vim para aqui comecei a trabalhar nas vinhas [que abundam nesta região] e, depois, nas limpezas de Hotéis.
Atualmente vive em que região?
Presentemente vivo com o meu marido, Gonçalo Santos, e os nossos filhos Hugo e Rúben em Venthône, comuna de Noble-Contrée, distrito de Sierre e cantão de Valais, desde 2015. Primeiramente vivemos em Chalais, a oito quilómetros da atual residência.
Em que locais de Portugal tem família?
Tenho família em Portugal, no distrito de Viseu, concelho de Mortágua, concelho de Leiria, no Porto e em Lisboa.
Como foi a adaptação ao país?
Não foi nada fácil nos primeiros tempos, principalmente porque o clima é muito diferente e a cultura também. O nosso povo é muito mais acolhedor e aberto do que os Suíços.
As culturas não se misturam muito, pelo menos aqui. Além disso, a procura de trabalho e toda a burocracia associada à permanência no país são uma chatice! Como já tinha algumas noções da língua francesa, consegui comunicar com alguma facilidade.
Convive com a comunidade portuguesa na Suíça?
Sim. A presença da comunidade portuguesa é fundamental para ajudar a suprimir as saudades da nossa terra. Normalmente, aos fins-de-semana fazemos convívios em casa de alguns amigos que moram perto de nós. Também temos o privilégio de participar no associativismo local, nomeadamente no futebol. O meu marido e o meu filho mais velho, jogam no Noble-Contrée. Quando se realizam jogos, é sempre uma festa! Aí convergem muitos portugueses que têm uma participação ativa no clube.
O que significa a Suíça para si?
A Suíça significa uma aprendizagem e uma etapa no meu percurso de vida. A qualidade de vida é boa, mas também existem muitas despesas. Apesar disso, sinto-me integrada na comunidade e considero o país muito bonito. Quando tenho tempo, vou com a família passear a Montreux, à barragem de Grande Dixence, fazer Ski nas pistas de Crans-Montana ou a Interlaken.
Como a Pandemia impactou o seu dia a dia e da família?
Com a Pandemia surgiram vários problemas. Os convívios que fazíamos semanalmente tiveram de ser suspensos e o habitual regresso a Portugal, durante o mês de agosto, foi adiado. A nível laboral, trouxe mais trabalho. Uma vez que faço limpezas, os cuidados de higienização são maiores. Com as graduais medidas de desconfinamento temos reatado algumas atividades.
Pensa no regresso a Por-tugal?
O mais rápido possível! Estamos cá porque na altura não havia trabalho. Neste momento as coisas já não são como eram antigamente. O nível de vida subiu muito, não há vantagens de aqui permanecer. Neste momento, eu e o meu marido, estamos a aguardar a resposta para um trabalho que melhore as nossas condições financeiras. Se chegar a concretizar-se, iremos ficar mais alguns anos, caso contrário, ponderamos sair a curto prazo.
André Camponês