Jorge Manuel Machado Lopes tem 34 anos de idade, é natural de Santa Maria de Oliveira, oficialmente Oliveira Santa Maria, uma freguesia de Vila Nova de Famalicão, Portugal. Após casar, tem agora família em Guimarães e Vila Nova de Famalicão.
Vive hoje em Apples, no Cantão de Vaud, na Suíça. Profissionalmente, atua como “déménagements”, ou remoções. Com raízes profundas portuguesas, e a atuar na organização e na montagem de som e luzes em festas pelo país, Jorge anunciou um projeto que tem como foco aulas de concertina para que a cultura portuguesa não se perca.
Em entrevista à nossa reportagem, este responsável falou sobre a importância das aulas para a comunidade portuguesa no país helvético e explicou como é a vida na Suíça.
Como é a sua vida na Suíça?
A minha vida na Suíça é como todos os outros emigrantes, sempre a lutar e melhorar a vida. Só que eu tenho outro objetivo. Vai fazer um ano em 16 março que criei a “Meter Som e Luzes” nas minhas próprias festas e organizo, ao longo do ano, algumas festas e tento sempre apoiar quem organiza, porque não é fácil.
Como é viver na Suíça?
Para mim é um pais diferente. Dá vontade sempre de fazer festas para animar os emigrantes e agora estou a ajudar quem quer aprender a tocar concertina e para quem quer organizar festas, tenho som e luzes.
Convive com a comunidade portuguesa na Suíça?
Convívio todas as sextas-feiras com o Rancho Amigos de Crissier Lausanne.
Como os portugueses são recebidos no país?
Somos bem recebidos, tentamos sempre fazer o melhor para as pessoas gostarem de nós.
Como consegue matar as saudades de Portugal?
Tocar concertina, alegrar os emigrantes portugueses e, agora, a ensinar a tocar concertina. Sim, dá para matar saudades e não esquecer de andar no Rancho Amigos de Crissier. Desde muito novo gostei de tocar concertina.
Como vão funcionar as aulas de concertina?
As aulas de concertinas vão funcionar na minha casa das 19h às 20h de segunda a quinta, derivado ao ensaio do Rancho Amigos de Crissier, sexta não há concertinas, mas, aos sábados, todo o dia das 08h30 às 18h00. Ao domingo, será ensaio do grupo de concertinas os Traquinas de Lausanne. O preço das aulas será 1h por 10frs ou 2h por 20frs. Os contactos são 078 745 00 50. Acho um preço acessível para quem possa realizar o seu sonho de aprender a tocar concertina. Estou aqui para ajudar no que for preciso.
Como surgiu essa ideia?
A ideia surgiu porque vejo o meu filho tocar bem concertina e vejo muitas pessoas a quererem melhorar e aprender do zero a tocar concertina, por isso, estou aqui para ajudar.
Na sua opinião, qual o papel do Folclore português na integração da diáspora lusa na Suíça?
Para mim, é importante, porque gosto de conviver com as pessoas e fazer as pessoas felizes.
Acredita que a música é uma componente capaz de trazer mais alento aos portugueses emigrados na Suíça ao aproximá-los de Portugal?
Sim, sem dúvida, a organizar festas e a dar aulas de concertinas os emigrantes vão ter menos saudades de Portugal e, assim, passamos bons momentos e o ano passa bem e vamos de férias.
Qual é o sentimento quando regressa a Portugal de férias?
O sentimento quando regresso a Portugal é matar as saudades das festas, onde, antigamente, tocávamos concertina e ver os nossos familiares bem.
Pensa voltar a viver em Portugal algum dia?
Sim, mas, neste momento, não.
Vive com a sua família?
Sim, desde 2013. Tenho três filhos: Ricardo, 12 anos; Mafalda, 9; e Letícia, 8. O Ricardo, dos meus filhos, é o único, por enquanto, que toca concertina, mas espero que, no futuro, a Mafalda e a Letícia comecem a aprender a tocar concertina. A Mafalda gosta muito do folclore e o Ricardo e a Letícia, não tanto, mas, no futuro, podem vir a gostar. Por isso a vontade de organizar festas, montar som e luzes e dar aulas de concertinas, porque eles gostam deste ramo. Então, decidi fazer isso. E não esquecer o meu topo pilar, a minha mulher está sempre do meu lado e apoia-me em tudo. Sei que, por vezes, não é fácil, mas ela é o meu pilar para organizar festas, comprar som e luzes. E ajuda-me muito e estou mesmo muito contente e tenho amigos como Pedro Moura que, qualquer coisa, ele explica-me e ajuda-me muito. Quero agradecer a ele, pois foi quem me meteu no mundo do som e luzes e, agora, tenho vontade de investir, mas, às vezes, não é fácil, mas vamos lutando.
O que a Suíça significa para si?
País maravilha e estou contente por conseguir os meus objetivos.
Como e por que foi viver nesse país?
O meu irmão e o meu pai já viviam aqui, então, graças ao meu irmão e ao meu pai, lá vim parar aqui. O Ricardo nasceu em Portugal. A Mafalda em Morges. E Letícia em VS. Estive três anos a dar aulas de concertinas em Martigny, então, vim para Lausanne e nunca consegui dar aulas, assim, este ano, vou montar um grupo de concertinas de baile os Traquinas de Lausanne. Organizo festas e monto som e luzes graças ao meu irmão, pais e à minha família. Eles apoiam-me, então, gosto de organizar festas.
O que espera do futuro?
Que a vida me dê muita saúde, força, coragem e vontade de continuar com o meu projeto. Obrigado a quem confia em mim e me apoia.
Qual a diferença de vida entre Portugal e a Suíça?
Aqui, vivemos do trabalho e de estar em casa. Em Portugal, vivemos das festas. É diferente, falo por mim, pois, quando estava a Portugal, eu corria na minha zona as festas todas porque gostava de ver artistas, o fogo de artificio e ver as pessoas felizes.
Por fim, como vive o coração do imigrante português na Suíça?
Sempre em sufoco para realizar os seus sonhos e lutar pela vida.
Ígor Lopes