O século XX em Portugal viu a sua história profundamente abalada por duas datas cruciais: 28 de maio de 1926, dia do golpe de Estado que derrubou a primeira república e instaurou uma ditadura, e 25 de abril de 1974, que reintroduziu a democracia, pondo fim a uma ditadura de 48 anos e à guerra colonial iniciada em 1961.
Para comemorar o 50.º aniversário da revolução de 1974, a unidade de Português da Faculdade de Letras, em associação com as Actividades Culturais da Universidade e o seu cineclube, gostaria de dar aos estudantes, ao público genebrino em geral e à comunidade portuguesa em particular, a oportunidade de refletir criticamente sobre estas duas fases da história do país. No outono de 2023, as atividades centrar-se-ão no regime do Estado Novo e, na primavera de 2024, na Revolução dos Cravos. O meio privilegiado para apresentar os factos e lançar a discussão foi o cinema. Como outras formas de expressão artística, o cinema é um observatório privilegiado para captar as ideias dominantes da sociedade, bem como as que se lhes opõem. Os filmes apresentados (com legendas) revelam tanto a ideologia dominante do momento, como as críticas dos seus opositores. Documentários, ficção, filmes da época ou atuais que refletem sobre o passado serão o ponto de partida para as discussões que se seguirão no final das projeções. Para que a jovem geração tenha os conhecimentos necessários para fazer o enquadramento do que é apresentado nessas obras, as comemorações incluem ainda ciclos de conferências. Tanto as projeções, no cinema Arditi, em Genebra, como as conferências na IFAGE (19, place des Augustines, Genève) são gratuitas e abertas ao público em geral.
A primeira conferência teve lugar no dia 2 de outubro passado, sobre o Estado Novo português no contexto internacional: uma ditadura entre fascização e adaptação à vitória aliada. Foi feita pelo Professor Manuel Loff, da Universiade do Porto, especialista em história política, ideológica e social do século XX, em particular do fascismo e do neo-fascismo.
A próxima conferência terá lugar no dia 9 de outubro e será proferida pela professora que dirige a unidade de português, Nazaré Torrão. Versará sobre a idealização da identidade nacional sob o Estado Novo. O professor Jorge Seabra, da Universidade de Coimbra, dará início, no dia 16 de outubro, à reflexão sobre a produção cinematográfica: Uma África, dois impérios. O império colonial no cinema português (1945-1974). Na sequência da sua conferência decorrerão as projeções no cinema Arditi, às 20h, nos dias 17, 18 e 19 de oubtubro. As projeções de Brandos Costumes (de Alberto Seixas Santos), Cartas da Guerra (de Ivo Ferreira) e Mudar de Vida (de Paulo Rocha) serão seguidas de debates com o público.
Para obter todas as informações necessárias e o programa completo basta consultar os sites da unidade de português (https://www.unige.ch/lettres/roman/unites/portugais/actualites/cycle-de-conferences-cours-transversal-letat-nouveau-portugais-travers-le-cinema) ou da Cátedra Lídia Jorge (https://www.unige.ch/catedra-lidia-jorge/index.php/eventos/vir/letat-nouveau-portugais-travers-le-cinema), assim como da Maison de l’Histoire para o cinema. (https://www.unige.ch/dife/culture/evenements/dictature-cinema-portugais).