O Observatório da Emigração divulgou um estudo que ressalta a emigração de mais de 850 mil jovens nascidos em Portugal, com idades entre os 15 e 39 anos, ao longo das últimas décadas. Esta decisão, segundo este Observatório, é atribuída a uma “combinação de crises económicas, baixos salários e más condições de trabalho persistentes ao longo dos anos”.
Intitulado “Atlas da Emigração Portuguesa”, este estudo revela ainda que, apenas em 2021, o país recebeu cerca de 3,6 mil milhões de euros em remessas de emigrantes, com destaque para a França e a Suíça como os principais destinos responsáveis por mais de metade dessas transferências de capitais.
Portugal é apontado como o país com o maior número de emigrantes da Europa, totalizando mais de 2,6 milhões de cidadãos estão a viver fora do país.
O “Atlas da Emigração Portuguesa” estima que, aproximadamente, 30% dos jovens nascidos em Portugal atualmente residem no estrangeiro. Esta estimativa foi alcançada através da análise de uma amostra de países de destino da emigração que disponibilizam dados por faixa etária, os quais foram extrapolados para o conjunto de países para onde os portugueses emigram.
Desde 2001, a média anual de emigração portuguesa tem superado as 75 mil pessoas, atingindo o pico de 120 mil em 2013, durante o período de austeridade imposto pela troika e pelo governo PSD/CDS, o que resultou em mais de um milhão e meio de portugueses que deixaram o país até 2019, com 70% dessas partidas sendo jovens entre os 15 e os 39 anos. Apesar do retorno de cerca de 20 mil emigrantes por ano, a maioria com menos de 40 anos, o fenómeno continua a ser significativo.
Os dados do Observatório indicam que, em 2021 e 2022, entre 60 mil e 65 mil pessoas deixaram Portugal, anualmente. Com o Brexit, o Reino Unido deixou de ser o principal destino, sendo substituído pela Espanha e pela Suíça. Outros destinos populares incluem Alemanha, Países Baixos, Luxemburgo e Dinamarca.
Em termos de países com maior número de emigrantes portugueses, a França lidera a lista com 604 mil, seguida pela Suíça, Reino Unido, EUA, Canadá, Brasil, Alemanha, Espanha, Luxemburgo, Países Baixos, Bélgica, países nórdicos como a Suécia, Dinamarca e Noruega (migração que tem crescido nos últimos anos) e a Venezuela.
I. L.