› Ígor Lopes
Ricardo Jorge Passinhas Ramos tem 35 anos de idade, é natural de Évora, Portugal, e vive na Basileia, uma cidade no rio Reno, na zona noroeste da Suíça, próxima das fronteiras do país com a França e a Alemanha.
Em Portugal, a sua família reside no Alentejo e no Algarve. São familiares que contam com uma veia empresarial. Fátima Ramos (indústria panificadora no Alentejo – tia), Eduardo Ramos (turismo e hotelaria no Algarve – tio) e Aníbal Ramos (indústria metalúrgica no Algarve – pai).
Segundo Ricardo, viver na Suíça “está a ser uma experiência multicultural, uma vez que existe uma infinidade de culturas onde conhecemos pessoas que vieram de várias culturas diferentes, mas todas com um objetivo em comum”.
Profissionalmente, Ricardo é empresário na área da hotelaria e da restauração, além de outras áreas, a nível digital, que englobam projetos bem novos, “que não posso revelar, mas espero em breve ter esse prazer”.
Este cidadão português afirma que a comunidade portuguesa na Suíça está presente no seu negócio todos os dias, assim como outras culturas, “mas a nossa será sempre a nossa e é com enorme orgulho e satisfação que a levo presente no meu dia a dia”.
“Creio que, hoje em dia, a receção dos portugueses, assim como de todas as outras comunidades, é boa. Estou há cerca de 13 anos neste país, e não sei se foi pela minha jornada no começo ser mais dura, mas acho que a evolução tem sido bastante significativa e aceite pela nossa comunidade, apesar de haver ainda muitas crenças e barreiras que têm que ser superadas por nós, seres humanos. Tudo depende da realidade de cada pessoa. É fácil chegar ao país, mas o acesso à informação é muito relativo, pois tudo depende do networking que criamos, das pessoas que nos rodeiam ou das pessoas certas para obter os resultados que viemos em busca no país”, confirmou Ricardo, que lamenta não poder participar, com a intensidade que deseja, nas atividades nas associações portuguesas.
“De momento, estou bastante ocupado, mas já frequentei muito mais, mas, sim, com alguma regularidade tento sempre manter esse contacto porque acho que é importante. Não só frequentei bastante como fui fundador do “Tugas Club”, em Basel, durante cerca de dez anos, onde o objetivo principal, e o foco, eram a nossa comunidade, onde sempre mantive contacto com várias outras associações para trocarmos ideias produtivas”.
Ricardo vive na Suíça com a sua companheira e tem um filho, o “Rei Salvador”. Confessa ter “saudade infinita” de Portugal e diz pensar voltar a viver no país que o viu nascer.
“Muito em breve ou, pelo menos, mais vezes ou até mais tempo estou a trabalhar para isso. Considero a liberdade geográfica mais importante do que um voltar propriamente. O corpo vem, mas a alma nunca partiu”, disse este empresário português.
“Vamos considerar a Suíça como uma experiência de vida. Não considero este país como um princípio, meio ou fim. Prefiro chamar a Suíça como uma experiência de vida, um aprendizado simplificado”, mencionou Ricardo, que não esconde a sua opinião sobre o seu país natal.
“Que imagem tem de Portugal? Esta pergunta perfeita para um imigrante. Portugal é um país lindo, temos uma cultura maravilhosa, a nossa gastronomia é fora de série (em bom português), as nossas praias são espetaculares, as nossas energias, os nossos vinhos, é um país lindo, com certeza, com problemas como todos os outros. Perguntar a um verdadeiro imigrante que imagem tem de Portugal, por mais problemas que se tenha, é como um filho, por mais erros que tenha, sempre será o nosso filho lindo, por isso, já sabe a resposta. É uma imagem linda”, atestou.
Ricardo acredita que a Suíça é uma espécie de “sonho americano, ou american dream” na Europa. No início, fez-lhe sentido esta afirmação, mas, hoje, acha que foi uma espécie de “publicidade meio que enganosa”.
“Se falarmos de infraestruturas, desenvolvimento do país a nível de áreas de indústria, saúde, educação, coisas simples, como autoestradas, transportes públicos, assistência social, alguns serviços base de um país, com certeza, a Suíça está mais bem estruturada. Se considerarmos isso como qualidade de vida, com certeza é melhor, mas as economias dos países são cíclicas. Portugal, certamente, tem áreas muitos mais desenvolvidas, apenas uma questão de gerenciamento a nível governamental do país”, confirmou Ricardo.
como vive o coração do imigrante na Suíça?
“Aí, o coração de imigrante, creio que cada coração é diferente. O meu sente bastante saudade da nossa terra, mas não dramatizemos, viemos por um objetivo, ganhamos experiência de vida. Acho que nunca perdemos, sempre aprendemos. Para alguns será uma vida, para outros, uma experiência, e, para outros, um fim ou uma alternativa. É subjetivo. Para mim, quero que seja uma experiência boa, que eu possa vivenciar, por enquanto, todos os dias, em prol de algo maior e melhor”, finalizou Ricardo Ramos.