As Embaixadas de Portugal, do Brasil e de Cabo Verde em Berna irão celebrar o Dia Mundial da Língua Portuguesa através de uma exposição alusiva à “Primeira Travessia Aérea do Atlântico Sul”, que estará patente ao público no Cercle de La Grande Société de Berne, Theaterplatz 7, entre 5 e 12 de maio. Para visitar a exposição é necessário realizar inscrição através do site da Embaixada de Portugal na Suíça, em https://berna.embaixadaportugal.mne.gov.pt/pt/
Um pouco de história
A primeira travessia aérea do Atlântico Sul foi concluída com sucesso pelos aeronautas portugueses Gago Coutinho e Sacadura Cabral, em 1922, no contexto das comemorações do Primeiro Centenário da Independência do Brasil. A épica viagem iniciou-se em Lisboa, às 7h00 (hora GMT) de 30 de março de 1922, com um hidroavião monomotor Fairey F III-D MkII, especialmente concebido para a viagem, equipado com motor Rolls-Royce e batizado Lusitânia. Sacadura Cabral exercia as funções de piloto e Gago Coutinho, as de navegador. A primeira etapa da viagem foi concluída, no mesmo dia, sem incidentes em Las Palmas, nas Ilhas Canárias, embora tenha sido notado, por ambos, um excessivo consumo de combustível. No dia 5 de abril, partiram rumo à Ilha de São Vicente, no Arquipélago de Cabo Verde, cobrindo 850 milhas. Depois de reparos no avião, partiram da Praia rumo ao Arquipélago de São Pedro e São Paulo, em águas brasileiras, onde amararam, sem o auxílio do vento, no dia 18. O mar revolto causou danos ao Lusitânia, que perdeu um dos flutuadores. Os aeronautas foram recolhidos por um Cruzador da Marinha Portuguesa, que os conduziu a Fernando de Noronha. Apesar de exaustos pelo voo de 1.700 quilómetros e pela “aterragem” acidentada, comemoraram o achamento, com precisão. O Governo Português enviou outro hidroavião Fairey, batizado Pátria, a partir de Fernando de Noronha, que chegou no dia 6 de maio. A 11 de maio descolaram de Noronha, mas, uma nova fatalidade acometeu os aeronautas, quando, tendo retornado e sobrevoando o arquipélago de São Pedro e São Paulo para reiniciar o trecho interrompido, uma pane no motor obrigou-os a amarar de emergência, tendo permanecido nove horas como náufragos, até serem resgatados por um cargueiro inglês – o Paris City, em trânsito na região.
Reconduzidos a Fernando de Noronha, aguardaram até 5 de junho, quando lhes foi enviado um novo Fairey F III-D (o n.° 17), batizado pela esposa do então presidente do Brasil, Epitácio Pessoa (1919-1922), Santa Cruz. Levantou voo rumo ao Recife, fazendo escalas em Salvador, Porto Seguro, Vitória e dali para o Rio de Janeiro, então Capital Federal, onde, a 17 de junho de 1922 amarou em frente à Ilha das Enxadas, nas águas da baía de Guanabara. Os aeronautas haviam concluído com êxito não apenas a primeira travessia do Atlântico Sul, mas, pela primeira vez na História da Aviação, tinha-se viajado sobre o Oceano Atlântico apenas com o auxílio da navegação astronómica a partir do aeroplano. A viagem consumiu 79 nove dias, com um tempo de voo de 62 horas e 26 minutos, percorrendo 8.383 quilómetros.