O Chega foi o partido mais votado pelos portugueses residentes no estrangeiro, conseguindo 26,15% dos votos, mas mantendo o número de deputados eleitos por estes círculos, Europa e Fora da Europa, nas legislativas do ano passado.
No final de dois dias de contagem dos votos dos emigrantes, entre os dias 27 e 28 de maio, que decorreu na Feira Industrial de Lisboa (FIL), onde 150 mesas com sete elementos cada apuraram as escolhas dos portugueses residentes no estrangeiro, o Chega tornou-se o segundo partido em termos de representação parlamentar.
Este partido, liderado por André Ventura, conseguiu nestes círculos 92.192 votos, sendo seguido da coligação PSD/CDS (56.460) e do PS (47.693).
No seguimento deste sufrágio, foram eleitos pelo círculo da Europa José Dias Fernandes (Chega) e José Manuel Fernandes (AD) e, por Fora da Europa, José Cesário (AD) e Manuel Magno Alves (Chega).
No caso da AD, José Manuel Fernandes voltou a ocupar o cargo de ministro da Agricultura e Mar, deste forma, o segundo da lista, Carlos Gonçalves, tomou posse, sendo, assim, o representante da coligação por este círculo eleitoral da emigração.
Dos 1.515.519 eleitores portugueses residentes no estrangeiro, inscritos para votar nestes círculos, apenas votaram 352.503, ou seja, 22,24%. Na Europa, houve 255.305 votantes, num universo de 948.062 inscritos. Os votos em branco chegaram a 1.264 votos, já os votos nulos somaram 81.423 votos.
Após a apuração dos votos destes 17 consulados nos círculos da emigração, a coligação PSD/CDS obteve 91 deputados, o Chega 60 e o PS 58.
Com estes resultados, o Chega tornou-se a segunda força política em termos de representação parlamentar, ultrapassando o PS, ao eleger dois dos quatro deputados dos círculos da emigração.
Resultados na Europa “afastaram” o PS
O Chega venceu pelo círculo da Europa, com 28,20% dos votos, sendo seguido pela coligação PSD/CDS (14,65%) e o PS (13,54%).
Na Suíça, o partido de André Ventura conquistou 24.533 votos (45,72 %), obtendo ampla vantagem a frente da AD, que somou 7.333 votos (13,67%). O PS não ultrapassou os 4.664 votos (8,69%), e ficou sem mandato por este círculo.
Em solo helvético, em 2024, o Chega também tinha sido o vencedor, com 16.226 votos (32,62 %).
Menos votos nulos na emigração
Mais de 113 mil votos de portugueses residentes no estrangeiro foram considerados nulos, representando 32,18% destes votos, um número elevado, embora menor do que nas legislativas do ano passado, quando essa percentagem atingiu os 36,68%.Os votos nulos são muito significativos nos círculos da emigração, de tal forma que no ano passado a Comissão Nacional de Eleições (CNE) promoveu um estudo para tentar entender os seus principais motivos.
Neste estudo, a CNE apurou que o principal motivo de anulação dos votos era a ausência da fotocópia do documento de identificação.
Eleitores contactados pela nossa reportagem na Europa voltaram a defender o voto eletrónico, além de sinalizarem que “não foi a primeira vez que o meu boletim de voto deixou de chegar à minha casa”. Outros, porém, apesar de votarem, receberam o boletim “tardiamente”, e, mesmo se enviassem por correio, “não chegariam a tempo para a contagem em Lisboa”.
A nossa reportagem contactou os dois deputados eleitos pelo círculo europeu, José Dias Fernandes (Chega) e Carlos Gonçalves (AD). Contudo, apenas Carlos Gonçalves respondeu as nossas questões. Até ao fecho da nossa edição, o deputado do Chega não enviou as suas respostas.
Ígor Lopes
Foto – Tiago Petinga/Lusa