Paulo Pisco esteve em Genebra, onde visitou o Consulado-Geral de Genebra e reuniu com o Cônsul-Geral, Bruno Paes Moreira, e encontrou com os funcionários. Manteve também encontro com o presidente do Sindicato UNIA dos Trabalhadores da Construção Civil, António Guerra, visitou o FC de Famalicão e a Casa do Benfica de Genebra e participou na Gala de Solidariedade da Associação Reagir na Salle Comunale de Plan-les-Ouates.
Já em Zurique, este deputado visitou as novas instalações do Centro Lusitano de Zurique, visitou a Associação Portuguesa de Zurique e o Consulado-Geral de Zurique, onde encontrou com o Cônsul-Geral, Paulo Maia e Silva, e com os funcionários. Paulo Pisco teve ainda uma reunião com a coordenadora do PS em Zurique, Ana Maria Pica.
Em entrevista à nossa reportagem, Paulo Pisco falou sobre os detalhes da visita, mencionou a sua visão sobre a comunidade portuguesa local, destacou a importância dos apoios provenientes da Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas e ressaltou o papel dos postos consulares de Portugal na Suíça.
Que avaliação faz da sua deslocação a Genebra e Zurique?
Foi de uma grande importância, entre outras coisas, porque é a primeira vez em dois anos que volto ao contato com a nossa comunidade na Suíça. Era para mim muito importante ver como a pandemia afetou a comunidade, o impacto que ela teve no movimento associativo e como os postos consulares estão a funcionar, tanto na ótica dos utentes como dos funcionários.
Que pontos devem ser ressaltados?
A importância do contato com várias associações e comércios de portugueses, tanto em Genebra como em Zurique, e a discussão sobre a situação dos funcionários dos respetivos consulados. Ressalta o facto de as associações na Suíça deverem estar mais atentas aos apoios atribuídos pelo Governo através da Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas. Tive a oportunidade de dar a conhecer, por exemplo, a existência de apoios ao associativismo da Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas à Associação Portuguesa de Zurique. Gostei também muito de falar de forma espontânea com vários dos nossos compatriotas nas associações e nos comércios.
Como decorreu a visita ao Consulado em Genebra, a reunião com o Cônsul-Geral, Bruno Paes Moreira, e o encontro com os funcionários do posto?
Muito bem. Tivemos oportunidade de falar sobre diversos assuntos, alguns relacionados com a pandemia, outros com a situação da comunidade portuguesa na Suíça, sobre o movimento associativo, sobre o funcionamento do consulado e sobre a situação dos funcionários. A questão salarial é, de facto, uma preocupação, tal como a situação do Escritório Consular em Sion.
Que pontos foram abordados durante o encontro com o presidente do Sindicato UNIA dos Trabalhadores da Construção Civil, António Guerra?
Falámos, sobretudo, sobre a importância da comunidade portuguesa no setor da construção civil e da atividade do sindicato. Claro que para nós é um orgulho que seja um português a presidir a um dos sindicatos mais importantes na Suíça. O senhor António Guerra é uma pessoa com ideias muito claras, determinada e muito consciente daquilo que é necessário fazer para defender os trabalhadores do setor da construção, em cujo sindicato cerca de 40 por cento são portugueses. Creio que é um importante interlocutor para situações que ocorram com trabalhadores portugueses. Além do mais, é uma pessoa altamente respeitada e conhecida por todos.
Foi positiva a sua passagem pelas instalações do FC de Famalicão e da Casa do Benfica de Genebra?
Foi muito positiva, porque me permitiu trocar impressões com os membros da direção, não apenas sobre como a associação conseguiu resistir às restrições impostas pela pandemia, mas também sobre vários outros assuntos relacionados com as expetativas da comunidade portuguesa, como, por exemplo, em relação às questões de natureza fiscal. O FC Famalicão ainda está a sofrer as dificuldades provocadas pela pandemia e pelo facto de haver muitos dos nossos compatriotas que ainda receiam frequentar a associação ou por não terem o certificado de vacinação. Tal como ocorre com muitas associações portuguesas, as despesas de funcionamento tornaram-se pesadas para as poucas receitas que têm conseguido.
Como pode o desporto ajudar na integração da comunidade portuguesa na Suíça?
O desporto é uma das atividades mais presentes em muitas das nossas associações, tanto na Suíça como em qualquer outro país. No desporto fomentado pelas associações, sobretudo o futebol, que é o mais comum, os portugueses encontram-se e essa partilha contribui para o reforço do sentido de comunidade. É uma forma de estarem juntos e de partilharem as suas situações, de se entreajudarem. Portanto, o desporto promovido pelas associações vai muito para além dessas atividades que são desenvolvidas.
O que significou participar na Gala de Solidariedade da Associação Reagir, em Plan-les-Ouates? Que momentos foram mais marcantes?
Foi um momento de encontro da e com a nossa comunidade da maior importância. É o regresso às atividades da associação, mesmo que no ano passado tenham feito um encontro idêntico, ainda com algumas dificuldades. Os vários intervenientes salientaram, aliás, o facto de estarmos todos, pelo menos por agora, a regressar lentamente à normalidade. Para a realização deste tipo de eventos ainda são feitas bastantes exigências, como a obrigatoriedade de cada um dos participantes ter o seu certificado de vacinação. O período da pandemia com os seus dramas humanos e restrições foram muito marcantes para as pessoas e para as organizações. A Associação Reagir desenvolve ações solidárias que são um verdadeiro exemplo, porque ajudam instituições em Portugal, particularmente no concelho de Loulé. Surgem sempre muitos compatriotas com o mesmo sentido solidário, com a noção que estão a contribuir para uma boa causa. E é preciso reconhecer o trabalho extraordinário que a presidente da Associação, Manuel Bailão, e os restantes membros da direção, benévolos, fazem para tornar realidade estas iniciativas solidárias. O seu trabalho é de tal forma reconhecido que entre as muitas pessoas presentes se deve destacar o ministro da Integração Social do Cantão de Genebra, Thierry Apotheloz, que é um grande amigo de Portugal. Também estava presente o presidente da Comuna de Thonêx, um português, Bruno da Silva, e o Cônsul-Geral de Portugal em Genebra, Bruno Paes Moreira.
Com que imagem ficou após a visita às novas instalações do Centro Lusitano de Zurique? Qual a importância dessa entidade e qual o seu papel no seio do movimento associativo português na Suíça?
O Centro Lusitano de Zurique é uma referência para a comunidade portuguesa. Mudou de instalações e agora está um pouco mais distante do centro, em Leimbach. Espero que os nossos compatriotas continuem a ir ao Centro e que a sua revista possa continuar a ser publicada com artigos e informação que sejam do interesse da nossa comunidade e onde ela se possa rever. Aproveito para agradecer a um dos seus membros que sempre acompanhou a vida da associação, o Jorge Rodrigues, que teve a amabilidade de me esclarecer sobre todas as transformações por que o Centro passou, além de termos falado imenso sobre questões relacionadas com a nossa comunidade. Pude também visitar as instalações, tal como o presidente Armindo Alves teve a amabilidade de sugerir que fizesse, com a Mariana. São instalações muito amplas que dão para desenvolver variadíssimas atividades. A atividade principal é o futebol e têm também uma equipa feminina. Têm um rancho e cursos de língua. A revista, como atrás referi, é muito importante e espero que os seus conteúdos possam ir ao encontro das necessidades e expetativas dos associados e da comunidade. E, claro, têm também um restaurante, que é uma das partes muito importantes do Centro.
E como foi a visita à Associação Portuguesa de Zurique?
A Associação Portuguesa de Zurique (APZ), tal como o Centro Lusitano, são as duas referências maiores em Zurique no que respeita ao movimento associativo. E a APZ é uma das mais antigas na Europa, creio que a segunda mais antiga, que para o ano vai celebrar 60 anos. Agradeço, em primeiro lugar, a hospitalidade com que fui recebido pelo presidente João Amaral e o vice-presidente Silvestre Pinto. E lá reencontrei também um amigo que já vive há 60 anos em Zurique, o António Santos Pinto. A APZ está agora a viver um período de transição, com uma nova direção que está determinada em levar por diante uma atividade benéfica para os sócios e para quem a visita. Tem um restaurante muito procurado. Como referi atrás, fiquei satisfeito com a conversa que tivemos sobre os apoios ao movimento associativo. Espero que se candidatem e consigam apoio para a celebração do 60º aniversário.
Como foram as conversações com o Cônsul-Geral Paulo Maia e Silva e com os funcionários?
As discussões foram também em torno do movimento associativo, da comunidade, do funcionamento do posto e da situação dos funcionários. O Consulado de Zurique, tal como o de Genebra, tem vários funcionários à beira da reforma e é preciso acautelar essas substituições. Mas, em Zurique, fiquei particularmente satisfeito com uma iniciativa do Senhor Cônsul Paulo Maia e Silva, que está a fazer um mapeamento da nossa comunidade, isto é, está a descobrir e inventariar os portugueses que estão, não apenas em Zurique, mas por toda a Suíça para saber quem são, onde estão, o que fazem. E isto é da maior importância para mobilizar e valorizar a presença portuguesa na Suíça e, eventualmente, criar oportunidades a nível do relacionamento bilateral entre os dois países. E esta iniciativa do Senhor Cônsul é para mim importante, porque uma das recomendações que faço no meu relatório aprovado na Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa sobre “Uma política europeia para as diásporas” é precisamente para que os países façam um mapeamento das suas diásporas para as conhecerem melhor e lhes destinarem melhores políticas públicas.
Que tipos de ações estão a ser desenvolvidas pelo Partido Socialista (PS) na Suíça?
A pandemia pôs em suspenso as atividades do PS na Suíça, porque houve confinamentos e restrições à mobilidade. Mas as secções vão agora retomar as iniciativas políticas, a participação em eventos do movimento associativo e sindical e a cooperação com o Partido Socialista Suíço.
Como avalia a comunidade portuguesa e luso-descendente na Suíça?
Os portugueses na Suíça são muito bem considerados. São pessoas trabalhadoras e de confiança. Aliás, durante a minha deslocação à Suíça, vi uma reportagem em que um membro da confederação patronal lamenta que atualmente se esteja a verificar a saída de muitos portugueses da Suíça. Esta declaração é o melhor exemplo do reconhecimento da nossa comunidade, o que muito nos deve orgulhar. Esta reportagem apareceu no jornal Blick com o título “Milhares de Portugueses deixam a Suíça” (17-10-21). E nela o economista chefe da União Patronal Suíça, Simon Wey, disse: “É lamentável que inúmeros portugueses estejam a deixar a Suíça. A economia suíça tem todo o interesse em oferecer condições vantajosas para os portugueses no mercado de trabalho e integrá-los bem”. Esta declaração é bem a demonstração da imagem muito positiva dos portugueses na Suíça.
Por fim, que mensagem deixa para os portugueses e lusodescendentes que vivem neste país europeu?
Que mantenham sempre os laços com Portugal, que preservem a nossa cultura, que participem na vida cívica e política, que se misturem também com os suíços, que participem e valorizem o movimento associativo.
Ígor Lopes