“Lamento muito que o primeiro-ministro Luís Montenegro tenha escolhido para novo secretário de Estado das Comunidades alguém a quem não se conhece qualquer intervenção ou proximidade no domínio das comunidades portuguesas, o que afetará a sua capacidade para definir políticas e prioridades”.
É desta forma que Paulo Pisco, ex-deputado do Partido Socialista pela emigração pelo círculo europeu, avaliou a escolha de Emídio Sousa, do PSD, para a Secretaria de Estado que tem por responsabilidade tratar das políticas públicas voltadas para a diáspora lusa.
Pisco sublinhou em comunicado enviado à imprensa que “Emídio Sousa é do mesmo distrito de Aveiro que Luís Montenegro, tem feito todo o seu percurso na área das autarquias, e foi convidado para Secretário de Estado do Ambiente da AD no último governo, sem que se tenha dado pela sua presença e ação”.
“Pior”, continuou Pisco, “Emídio Sousa está envolvido em várias polémicas enquanto presidente da Câmara de Santa Maria da Feira, cargo que exerceu durante 11 anos, até ser convidado para secretário de Estado do anterior governo da AD”.
O antigo deputado socialista afirmou ainda que “a escolha de Emídio Sousa revela uma completa desvalorização das comunidades e não se compreende o critério”, reforçando, que, “infelizmente, o Governo não percebeu que as comunidades precisam de ter representantes em quem se revejam, o que não é o caso”.
O socialista reforçou que, “apesar de discordar radicalmente da abordagem de José Cesário nas políticas e prioridades para as comunidades, reconheço a sua vasta experiência, a sua sensibilidade e contínua presença no terreno”.
Também no âmbito do comunicado, Paulo Pisco recordou que “o novo secretário de Estado das Comunidades está envolvido em demasiadas polémicas, o que não abona nada em seu favor e pode ser um fator de perturbação na sua relação com as comunidades”, elencando que, “no último dia do seu mandato como presidente de câmara, (Emídio Sousa) adjudicou a uma empresa em situação de pré-falência e com apenas três funcionários um contrato de 545 mil euros para prestar serviços diários de higiene e limpeza para o agrupamento de Centros de Saúde Feira/Arouca, o que motivou uma queixa de um grupo de cidadãos ao Ministério Público, de acordo com uma notícia do DN”.
Pisco referiu ainda a revista Sábado para comentar que “o ex-autarca será também o responsável pela decisão polémica de um alegado perdão de uma dívida de meio milhão de euros a uma empresa que explora parquímetros. Além disso, em 2022, a Polícia Judiciária fez buscas na autarquia por esta ter adquirido por 200 mil euros um terreno que valia 80 mil euros”.
“Por estas razões, por Emídio Sousa não demonstrar qualquer conhecimento ou proximidade com as comunidades e por estar envolvido em tantas polémicas, é lamentável que as comunidades portuguesas, que são um domínio muito particular da ação política que merece ser respeitado, sejam tratadas, mais uma vez, de forma tão displicente”, finalizou Paulo Pisco.
Ígor Lopes