Paulo Pisco, candidato do PS
Paulo Alexandre de Carvalho Pisco tem 60 anos de idade, é natural de Queluz, Sintra, e é candidato a deputado à Assembleia da República pelo círculo europeu pelo Partido Socialista (PS). É, atualmente, deputado por este mesmo círculo, tendo sido eleito, por dois anos, em 1999, e depois reeleito sucessivamente desde 2009.
Conversamos com este candidato sobre o que pretende realizar em prol das comunidades portuguesas e que linhas de ação pretende seguir, caso seja eleito.
O que está a impulsionar a sua candidatura?
A minha devoção pela causa das comunidades, isto é, pelas sucessivas gerações de portugueses residentes no estrangeiro.
Como avalia o cenário político atual em Portugal?
Esta crise política que provocou eleições legislativas antecipadas era totalmente desnecessária e foi um ato de irresponsabilidade da parte dos partidos da oposição, com grande prejuízo para os portugueses e para a imagem internacional do país. Com efeito, o Orçamento de Estado para 2022 que foi apresentado pelo Governo era o mais poderoso dos últimos seis anos, o país ainda vivia e vive uma crise pandémica que traz muita incerteza, mas, apesar disso, Portugal tem o desemprego mais baixo dos últimos 20 anos. Além disso, Portugal preparava-se para aplicar milhares de milhões de euros da União Europeia para enfrentar os efeitos da crise e preparar o país para o futuro. Agora, o país precisa de estabilidade para dar estabilidade à vida dos portugueses e das empresas e das políticas para as comunidades. Por isso, é absolutamente legítimo que o Partido Socialista peça agora uma maioria absoluta, que antes nunca pediu. Para dar estabilidade ao país, que não pode andar sempre em eleições.
Que políticas pensa serem necessárias para as comunidades portuguesas residentes fora de Portugal?
Continuar com políticas inovadoras que vão ao encontro das necessidades e expetativas das comunidades. Além do reforço dos pilares tradicionais, como o atendimento consular, o ensino de português no estrangeiro e o apoio ao movimento associativo, é preciso ir mais longe e criar políticas para tudo o que tenha a ver com a presença portuguesa no mundo, sobretudo ir mais longe na cultura e nos criadores, apoiando-os, na igualdade de oportunidades entre homens e mulheres, o papel das mulheres nas comunidades, na valorização das “start ups” de portugueses ou dos seus descendentes, na criação de redes de luso-eleitos, de cientistas e diplomados, no reforço da dimensão social, numa análise mais profunda das questões fiscais que dizem respeito aos residentes no estrangeiro, como no domínio das pensões.
Que dificuldades devem ser combatidas e que pontos merecem ser reforçados?
Tudo o que referi atrás é merecedor desse olhar mais atento e do esforço para a sua concretização.
Quais são os seus objetivos?
Fazer com que os objetivos atrás enunciados sejam alcançados.
O que pode ser feito no sentido de se valorizar o trabalho consular português no estrangeiro?
Reforçar os postos com os funcionários necessários para o seu cabal funcionamento, acabar com os tempos de espera elevados onde existam, valorizar as suas remunerações e condições de trabalho e modernizar o atendimento, como já decorre, por exemplo, da implementação do novo modelo de gestão consular e da desmaterialização dos atos consulares, para evitar as idas ao consulado por parte dos utentes.
Qual a importância do movimento associativo português nos países de acolhimento?
É fundamental e merecedor da maior atenção. As associações são estruturas de encontro e solidariedade e um intermediário fundamental com as comunidades, um instrumento para a sua valorização e um elo às autoridades locais e nacionais. É nas associações que se concentra uma parte importante da história da emigração portuguesa e esse ativo tem de ser protegido e valorizado.
O ensino da língua portuguesa deve sofrer alterações?
O ensino da Língua portuguesa é um elemento fundamental para a ligação ao país e para a valorização da nossa língua como língua global e de futuro, que é a quarta mais falada no planeta. Portanto, é necessário que ela seja valorizada, expandindo sempre que possível o ensino, melhorando-o e valorizando os professores que o ensinam e encontrando novos meios de ensino, como através de plataformas digitais, para poder ser mais abrangente.
Que linhas pretende seguir em relação às comunidades portuguesas caso seja eleito?
Desenvolver a minha ação em todos os domínios atrás descritos para puxar sempre pelas comunidades, para promover a sua valorização e o reconhecimento daqueles que se destacam pelas suas atividades e para que haja uma melhor compreensão daquilo que elas significam para Portugal.
O que a comunidade portuguesa deve esperar das eleições de janeiro?
O país precisa de estabilidade, que é fundamental para o desenvolvimento do país e para que as políticas previstas deem os seus frutos, para as comunidades e para todas as áreas. Não faz sentido os portugueses passarem o tempo a ir às urnas porque os partidos políticos não se entendem e provocam eleições antes do termo do mandato. Como o PS perdeu a confiança nos seus parceiros à esquerda, é agora legítimo que o Primeiro-Ministro e o Partido Socialista peçam uma maioria absoluta, que obviamente terá de significar uma governação com humildade, em diálogo com as forças da sociedade e no mais escrupuloso respeito pelas regras e princípios da convivência democrática.
Por fim, que mensagem deixa para os eleitores das comunidades?
Que participem o mais possível nesta eleição para fortalecer a nossa democracia, para que as comunidades sejam mais valorizadas e mais ouvidas e para que a abstenção não continue a ser tão elevada.
Ígor Lopes