Museus de Portugal – 6
Museu Etnográfico da Região do Vouga
Museu Etnográfico da Região do Vouga, situado em Mourisca do Vouga, no concelho de Águeda, tem patente, em dezoito salas, trajos, utensílios de uso doméstico e agrícola, assim como diversa documentação histórica, numismática, filatélica, cultura religiosa e outras áreas respeitantes à região do Vouga.
Da responsabilidade do Grupo Folclórico da Região do Vouga, o Museu Etnográfico da Região do Vouga foi fundado a 4 de julho de 1977, oito anos após a fundação do referido grupo de folclore, pelas mãos do etnógrafo José Maria Marques (1929-1997), com “um longo trabalho de pesquisa e recolha de trajes e complementos da indumentária da região do Vouga, que se estende da serra da lapa até a ria de Aveiro, sendo esta, toda extensão do rio Vouga”, como explicaram ao Gazeta Lusófona os responsáveis pela direção do Grupo Folclórico da Região do Vouga.
Inicialmente o Museu foi criado num espaço de uma antiga quinta de exploração agrícola, conhecida como a quinta do Carrondos e, nesta quinta, permanece até hoje uma casa senhorial típica do período de emigração do Brasil, estilo burguês, construção em gaiola, com linhas retas e com fachada coberta a azulejo, datada de 1874.
Na perspetiva de José Maria Marques, “homem visionário para época”, este entendeu que “a constante ameaça da perda de todo este património e a falta de consciencialização para a preservação da nossa cultura, não deveria ser deixado no esquecimento, para que as nossas gerações vindouras não deixem de conhecer, interpretar e estudar o seu passado”, como nos explicou a direção do grupo.
Ainda em 1977, o Museu abriu ao público, em duas salas da sede do grupo, uma exposição permanente da indumentária da região serrana e da bacia do Vouga.
No fim da década de 80, o Museu já ocupava o edifício principal e também a antiga adega, continuando a ser feita a recolha de trajos, utensílios de uso domésticos, de trabalho artesanal e de ofícios, assim como de alfaias agrícolas. Foram recolhidas e registadas mezinhas caseiras, contos, lendas, adágios populares, letras, músicas e coregrafias. Numa constante promoção do património material e imaterial e para além das referidas recolhas, o Museu foi recebendo doações da população. Os doadores entenderam que este Museu era o local indicado e mais seguro para preservar e divulgar a os utensílios oferecidos.
Segundo nos esclareceu a direção do grupo de folclore e consequentemente do Museu, recentemente este espaço museológico tem vindo a procurar “adaptar-se às novas abordagens museológicas, tentando deixar para trás o conceito de museologia tradicional e implementar um novo conceito de nova museologia, em que a museologia se faz com a vida e não com os objetos. A museologia não deve ser um mero ato contemplativo e passivo de bens patrimoniais. O papel do museu contemporâneo é a organização de um discurso museológico capaz de gerar a comunicação, promovendo a participação da comunidade na construção e análise da história das comunidades para uma ação onde estes possam reconhecer-se na sua identidade cultural utilizando novas técnicas museológicas para solucionar problemas sociais e urbanos”, afirmam os responsáveis.
Contudo, reconhecem que, atualmente, o Museu ainda está a dar os seus primeiros passos na implementação da nova museologia, mas existe sempre uma procura constante com as escolas locais “de modo a integrarem alunos em visitas ao museu, criando atividades educativas para crianças entre os 8 e os 12 anos, o acolhimento de instituições de caráter social, a criação de protocolos com o ensino superior a participação em colóquios, palestras e congressos, parcerias com instituições locais, desenvolvimento de projetos culturais com a Câmara Municipal de Águeda e, também, leva para fora do museu exposições temporárias, designada atividade museológica «Fora de Portas»”, afirmaram.
As dezoito salas do Museu, cada uma delas com um tema, albergam as seguintes temáticas etnográficas: lenços; xailes; profissões; jogos tradicionais; barqueiro, marnoto e carpintaria; saias, jaquetas, blusas, casaquinhas, cintas, algibeiras e coletes; sala de jantar; cozinha; escola primária; farmácia; sala de culto; quarto; sala de visita pascal; sala com roupas interiores da mulher; adega; sala instrumental e pequena biblioteca; utensílios agrícolas, expostos na parte exterior do Museu, e uma sala dedicada ao fundador José Maria Marques.
Contatos:
Rua da Liberdade, nº32, Mourisca do Vouga
Telm. 963 472 603
gfrv@sapo.pt
Adélio Amaro