› Adélio Amaro
O clarinetista Joel Cardoso nasceu em Vieira do Minho e aos 21 anos foi viver para a Suíça. Atualmente reside em Lucerna. Embora jovem, tem um invejável percurso internacional.
Atualmente, é membro da City Light Orchestra (residente no KKL) e colabora regularmente com a Orchestra della Svizzera Italiana e com a Argovia Philarmonic.
Iniciou o seu percurso como músico com os estudos musicais na Banda de Vilarchão, tendo ingressado, posteriormente, naquela que é o atual Conservatório de Guimarães. Ali terminou o oitavo grau com a classificação máxima na classe de Domingos Castro.
Continuou os estudos e licenciou-se pela Universidade do Minho, sobre a instrução de Vitor Matos, vindo a ser convidado para estudar na Hochschule für Musik em Trossingen, na Alemanha, na classe de Chen Halevi, onde estudou também instrumentos antigos e técnicas de interpretação histórica.
Sendo bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian, realizou o seu mestrado no Conservatório della Svizzera Italiana, na classe de François Benda e Jordi Pons.
Atualmente, estuda um segundo mestrado em especialização orquestral na Hochschule für Musik Luzern, na classe de Paolo Beltramini, com o apoio da Animato Foundation Orchestra.
Joel Cardoso é laureado em mais de duas dezenas de concursos e prémios internacionais em Portugal, Espanha, Tailândia, Suíça, Polónia e Peru. Após audições bem sucedidas, participou em festivais e academias como Zermatt, Grafenegg, Aurora, Animato, Höri e Davos.
Foi, ainda, convidado para colaborar com a Ópera Nacional da Estónia e a Orquestra Sinfónica de Madrid (Teatro Real).
Em conversa com o Gazeta Lusófona, Joel Cardoso, lembra os dois anos que viveu em Lugano, onde estudou no Conservatório della Svizzera Italiana, graças a uma Bolsa de Estudo que venceu num concurso da Fundação Calouste Gulbenkian.
O seu gosto pela música surgiu após ingressar na Banda de Vilarchão, “quase contra vontade da minha família, apesar de eu não gostar no início. Mas, conforme os meus conhecimentos e qualidades, enquanto clarinetista, foram melhorando e o meu prazer cresceu”, afirmou Joel Cardoso.
Ambicioso, sempre com imensos projetos no seu plano de vida, é, atualmente, membro regular da City Light Orchestra. Esta toca bandas sonoras dos filmes mais famosos com residência no KKL de Lucerna, uma das salas mais famosas do mundo. Para além disso, Joel Cardoso toca como convidado em outras Orquestra profissionais como as referidas Orchestra della Svizzera Italiana e Argovia Philarmonic. Contudo, principalmente no Verão, é regularmente convidado para tocar em Festivais em Orquestras e grupos de câmara em países como a Suíça, a Alemanha e a Áustria.
Mas, nunca esquecendo o seu país, recorda quando fez parte ou tocou em duas Bandas Filarmónicas, a Banda de Vilarchão e a Banda de Golães, assim como em orquestras profissionais como por exemplo a Orquestra Guimarães.
Entre os vários projetos que já participou, Joel Cardoso, na nossa conversa, mencionou a sua participação num ensemble de músicos portugueses nas comemorações do último 10 de Junho, organizado pelo Cônsul-Geral em Zurique, Paulo Maia e Silva, já falecido.
A curto prazo, o clarinetista português “gostava de ganhar um lugar fixo numa Orquestra com fama internacional” e sonha “poder tocar com as melhores orquestras, solistas e maestros nos palcos e festivais mais famosos de todo o mundo”, segredou Joel Cardoso.
Quando confrontado com a comparação entre as oportunidades, no âmbito da música, oferecidas pela Suíça e por Portugal, afirma que na “Suíça existem mais oportunidades. Na Suíça tem, por exemplo, dois dos festivais de música clássica mais famosos do mundo, o Festival de Lucerne e o de Verbier. Infelizmente em Portugal não temos o poder económico e a organização dessa mesma economia que na Suíça. Este país promove as artes por meio de taxas especiais aos contribuintes ou através das inúmeras fundações”, deu a conhecer Joel Cardoso.
Nesse sentido, acha que vivendo em Portugal “não teria, certamente, conseguido o mesmo percurso, seria talvez um pouco diferente e um pouco mais difícil. Em Portugal por exemplo penso que teria que me concentrar em criar os meus próprios projetos que dependeriam, infelizmente, muito do apoio político. Em Portugal também poderia focar-me nas Bandas Filarmónicas que existem muitas e de boa qualidade. Na Suíça quem tem pouca possibilidade financeira e muito talento, pode conseguir mais facilmente concentrar-se nas suas carreiras musicais graças a bolsas de estudo e prémios de concursos. No meu caso, incialmente os meus estudos foram financiados pela Fundação Gulbenkian, pelo qual sou muito grato, mas que infelizmente se trata de um projeto único em Portugal na beneficência das artes e educação em Portugal”, descreveu Joel Cardoso ao Gazeta Lusófona.