› Priscilla Frey
No âmbito de celebrar os 50 anos da Revolução dos Cravos, a organização do 2.º Fórum Português da Suíça escolheu dar um espaço privilegiado à recente arte cinematográfica portuguesa com a apresentação de uma Mostra do Jovem Cinema Português.
Vai ser na tarde de sábado, dia 27 de Abril, na sala de espetáculos de Renens, que uma seleção de 4 curtas-metragens será apresentada ao público, seguida de um debate com os realizadores e moderado pelo célebre jornalista de cinema português, Rui Pedro Tendinha.
Os filmes selecionados são uma janela aberta sobre o Portugal Contemporâneo graças ao olhar crítico de jovens realizadores que vivem no nosso país, pondo em evidência realidades ocultas de uma democracia por vezes ainda manchada por desigualdades sociais. Cada filme abre para uma possibilidade de leituras subjetivas sobre a nossa sociedade que poderão ser debatidas com os realizadores, graças à liberdade de expressão, elemento precioso que voltámos a descobrir depois de 1974, e partilha de impressões e experiências pessoais.
O projeto desta Mostra tem dois objetivos bem definidos. O primeiro é de trazer cinema português à Suíça para que a comunidade o possa descobrir de forma convivial e em família. O segundo ponto é apresentar o jovem cinema português no nosso país de acolhimento, dando assim a possibilidade à população suíça, e outras comunidades presentes, de conhecer uma outra realidade do povo português. Por essa razão, os filmes serão apresentados com legendas em francês e o debate será também bilingue, com tradutor presente.
Foi a pensar nas numerosas famílias desejosas de participar no evento que o comité do projeto teve a ideia de propor, numa sala adjacente, uma sessão de projeção de desenhos animados para os mais pequenos, enquadrada por duas pessoas animadoras sócio-educativas, com direito a atividades criativas e merenda.
A equipa que enquadra a realização deste projeto é composta por Priscilla Frey, fundadora do primeiro cineclube português da Suíça entre 2015 e 2017, e Basil da Cunha, realizador de vários filmes premiados em vários festivais internacionais e suíços, o último em data sendo o prémio do público da melhor Curta-metragem no Festival Journées de Soleure em Janeiro de 2024. A escolha destes dois lusodescendentes para coordenar este projeto foi evidente aos olhos do comité de organização do 2.º Fórum dos Portugueses da Suíça.
A experiência da Priscilla em organizar eventos cinematográficos portugueses na Suíça francófona é primordial para a boa realização deste evento. Assim que lhe foi feita a proposta, a jovem empresária dinâmica integrou logo o projeto.
Por seu lado, o Basil trouxe ao projeto os seus conhecimentos atuais da cinematografia portuguesa, propondo uma rica seleção de filmes à escolha, onde somente 4 foram escolhidos, mas a vontade de os mostrar todos não falta. A equipa acredita que o sucesso deste evento será uma janela aberta para futuras colaborações luso-suíças no domínio de arte.
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Basil da Cunha, 2023, Portugal, Suíça, 24 min
Um bairro clandestino na Reboleira acorda com a notícia de uma violenta rusga policial, que aconteceu na noite anterior. Camila, uma menina de 7 anos, parte em busca do irmão, Igor. Está preocupada. Igor anda desaparecido. Ao mesmo tempo, Jysone apressa-se: passados 6 anos na cadeia e 5 semanas em liberdade, Jysone finalmente encontrou trabalho e sabe que não pode chegar atrasado. Está à procura de alguém que lhe possa dar boleia enquanto caminha pelos becos do bairro, onde se vai cruzando com amigos e conhecidos, que o atrasam ainda mais. O destino dos nossos dois protagonistas vai acabar por se cruzar da pior forma possível.
Balada
de um Batráquio
Leonor Teles, 2016, Portugal, 11 min
Nesta curta-metragem documental, Leonor Teles retrata a tradição xenófoba de colocar sapos de loiça à entrada dos estabelecimentos comerciais, com o objectivo de evitar a entrada de ciganos. Um filme sobre o espaço real do quotidiano português, em que os ciganos se apresentam envoltos numa aura de ambiguidade, sendo “simultaneamente estranhos e familiares, distantes e próximos, inquietantes e sedutores, marginais e cosmopolitas”, como refere Diogo Seabra Lopes.
Russa
João Salaviza, Ricardo Alves Jr., 2018, Portugal, Brasil, 20 min
Russa volta ao Bairro do Aleixo no Porto, visitando a irmã e os amigos com quem celebra o aniversário do filho. Neste breve encontro, Russa regressa à memória coletiva do seu bairro, onde três das cinco torres ainda se mantêm de pé.
Estilhaços
José Miguel Ribeiro, 2016, Portugal, 18min
Este é um filme sobre a forma como a Guerra se instala no corpo das pessoas que a vivem olhos nos olhos. E, depois, a milhares de quilómetros e dezenas de anos decorridos, contamina, como um vírus, outros seres humanos.