Adélio Amaro
A viver em Zurique, a flautista portuguesa Inês Castro iniciou os seus estudos musicais com apenas dez anos de idade na Academia de Música José Atalaya, em Fafe, na sua terra natal. Aos 17 anos fixou residência na Suíça para estudar na Universidade de Artes de Zurique. Concluiu a sua licenciatura com Matthias Ziegler (flauta) e Haika Lübcke (piccolo), e o mestrado em pedagogia com Sabine Poyé Morel (flauta), Pamela Stahel (piccolo) e Claire Genewein (didática), ambos com distinção. Atualmente, Inês Castro frequenta o mestrado em performance na mesma instituição. Estudou, também, na Internationale Musikakademie in Liechtenstein com Philippe Bernold.
De forma a aprofundar os seus estudos, Inês Castro participou em diversos “masterclasses” com Emmanuel Pahud, Andrea Lieberknecht, Aldo Baerten, Bartold Kuijken, Berten D’Hollander, Christina Fassbender, Gil Magalhães, José Daniel Castellon, Katharine Rawdon, Luís Meireles, Marcos Fregnani, Nuno Inácio, Rachel Brown, Raquel Lima, Rute Fernandes, Sarah Rumer, Sophia Mavrogenidou, Stephanie Wagner, Peter Lukas Graf, Philippe Bernold, Vasco Gouveia, Vicent Lucas; e masterclasses de flautim com Patricia Morris, Natalie Schwaabe, Jerica Pavli e Nicola Mazzanti.
A flautista portuguesa fez a sua estreia como solista, em 2019, no Höri Musiktage Bodensee, na Alemanha. Interessada em desenvolver novos conceitos de concerto, Inês Castro criou e desenvolveu um projeto chamado “DialogNoDialog” para flauta e eletrónicas e outro que “destaca a ligação entre a música de Claude Debussy e outras formas de arte, trazendo música, literatura, pintura e dança para o palco”, como nos explicou.
Colabora frequentemente com orquestras profissionais como a Sinfonieorchester St. Gallen, Musikkollegium Winterthur, Orchestre de la Suisse Romande, Kammerphilharmonie Graubünden, entre outras. Orgulhosamente, Inês revelou-nos que a “orquestra é uma parte importante” da sua vida.
Em conversa com o Gazeta Lusófona, a Inês explicou como surgiu o seu gosto pela música. Afirmou que tudo começou muito cedo, lembrando que aos três anos de idade começou a praticar ballet e recordou que a sua mãe a levava a assistir a muitos concertos, principalmente bailados e recorda, ainda, “a emoção que tive quando ouvi uma orquestra pela primeira vez. Criou-se aí um bichinho muito grande em aprender um instrumento e a fazer parte de algo tão poderoso”.
Já com uma carreira tão inspiradora, a Inês não deixa de sonhar e idealizar novos projetos. Diz ter muitos objetivos a curto e longo prazo – “seria difícil de descrevê-los a todos”. Mas, alguns passam pela gravação de um CD, “ganhar uma posição fixa numa orquestra conceituada, criar um festival, desenvolver projetos que unam vários tipos de arte e alcançar um público mais vasto”, acrescentando que pretende ter uma vida “dinâmica, desafiante e inspiradora. Quero proporcionar momentos únicos ao público”.
Sobre as oportunidades na música, principalmente quando se compara Portugal com a Suíça, a Inês reconhece que no país helvético “as artes são muito valorizadas. O nosso trabalho é sempre muito respeitado e visto de uma forma extremamente positiva. Além disso, o público de música clássica é muito mais amplo. Há um bom financiamento que permite que muitas coisas aconteçam, desde concertos de orquestras profissionais, jovens, amadoras, a concertos de música de câmara. Até as igrejas contam com músicos profissionais. Na Suíça não interessa de onde somos nem com quem estudamos. Se fizermos um bom trabalho, formos lutadores e respeitadores, temos sempre muitas oportunidades”, explicou ao Gazeta Lusófona.
Sobre a oportunidade que Portugal dá no mesmo âmbito, a Inês está convicta que o seu percurso teria sido “certamente muito distinto”, sublinhando que “há muitos bons músicos em Portugal, e o sistema de ensino é muito bom. No entanto, o que mais me fez crescer durante estes anos foi toda a experiência de trabalho, todas as oportunidades que tive desde o início dos meus estudos cá na Suíça. Tive sempre o privilégio de tocar inúmeros concertos nos mais diversos contextos”. Por isso, está “muito grata por todas as oportunidades e por fazer profissionalmente aquilo que mais me enche o coração”, explicou-nos orgulhosa do seu brilhante trabalho e com o desejo de continuar a lutar pelas oportunidades para ainda crescer muito mais no mundo da música.