Maria dos Santos
Depois de dois longos anos de espera a cultura popular portuguesa subiu de novo ao palco e mostrou que não foi a pandemia que os consegui anular.
Depois de se deixar o carro estacionado, o cheiro do frango assado e das febras aguçava o apetite para o jantar. É verdade, estava tudo uma delicia, para além das deliciosas sobremesas caseiras. Um grande agradecimento a todos aqueles que trabalharam no lado de dentro, nesse espaço chamado cozinha.
Ao entrar na sala, quem de nós não ficou deslumbrado com a eximia decoração? Foi sem duvida o típico coração minhoto que fez toda a diferença. Três metros e vinte de altura por dois metros de largura. Um molde construído por Fernando Monteiro, soldado também com a ajuda do Azevedo e claro decorado pelas senhoras do Rancho do Centro Lusitano de Zurique (R.C.L.Z.). Sou a primeira a tirar o chapéu pelo resultado maravilhoso e por tantas horas de trabalho que ali estão depositadas.
A alegria contagiante que se vivia na sala era de tal ordem que parecia que estávamos num paraíso onde se respirava, se comia e bebia folclore. Que fascinante foi este serão. O som das socas, o rodar das saias, o som dos instrumentos, o entusiasmo geral é indescritível.
O primeiro rancho a subir ao palco foi o R. F. Maravilhas do Minho com a sua primeira atuação. Fundado quando a pandemia do Covid 19 rebentou 18.02.2020. Foram muitos meses de desânimo, porque quando se cria um grupo quer-se mostrar as danças e cantares da região que representam. Mas a força psicológica não lhes faltou e demostraram que trabalharam com tenacidade para executaram na perfeição as suas modas. Muitos aplausos que os motivaram e os deixaram com mais vontade de seguir este caminho na defesa do folclore.
Logo de seguida e numa postura muito lacrimosa tivemos o R. Terras e Aldeias de Portugal de Lucerne. Abatidos pelo falecimento inesperado do Joaquim Pereira na véspera deste festival e que no próprio dia do festival do R.C.L.Z. foram despedir-se do corpo num adeus comovente. De luto e com muita dor conseguiram subir ao palco e mostrar que esta actuação lhe foi dedicada de corpo e alma. O minuto de silêncio foi a homenagem merecida e respeitada por todos. Obrigada pela vossa coragem.
Para encerrar o festival, subiram ao palco, entre muitos elogios, o rancho organizador. Primeiro dançaram os adultos que criaram um ambiente extraordinário. As coreografias não falharam. Executaram de forma perfeita o que arrancou aplausos, assobios e muito barulho. Manifestações que deixam em todos, mais vontade em continuar.
Depois o esperado, o sempre desejado rancho Infantil/Juvenil. Que emoção se viveu na sala.
Vemos crescer estes meninos, ensaiados pela Sofia Azevedo com tanta garra, que podemos mesmo dizer que esta mulher tem um dom natural para estimular e fazer crescer este grupo de ouro do C.L.Z. Sofia, não há palavras para descrever o teu trabalho. Estamos todos não só orgulhosos do teu empenho, mas também agradecidos pela tua dedicação.
As fitas e troféus, aqueles lindíssimos corações que tinham tudo escrito, Alegria, Amizade e Amor, foram entregues aos ranchos que participaram neste esperado e esplendoroso festival.
O som e baile esteve nas mãos dos já conhecidos Nova Onda e a noite prossegui com o Dj Diego FM, que teve o prazer de encerrar a festa do R.C.L. Zurique.
Regressamos a casa de coração cheio e com a esperança de que a nossa cultura popular continue a crescer e a estar presente neste país Helvético, pois é tão necessária para a nossa saúde mental e física. Lembro que o numero 17 é um dígito otimista, por isso acreditamos que o R.C.L.Z. continue a crescer e a brindar-nos com esta animação a que nos habituou.
Foi no dia 17 Setembro que o Rancho do Centro Lusitano de Zurique brilhou com toda a classe na habitual sala que os recebe em Schlieren.