O 1. ° Fórum Português da Suíça, que se realizou no dia 22 de maio de 2022, tornou pequena a grande sala de espetáculos de Renens. Foram mais de duzentas pessoas que durante todo o dia participaram nas diversas atividades planeadas pela Federação das Associações Portuguesas na Suíça (FAPS), entidade organizadora do evento que contou com o apoio institucional da Embaixada de Portugal em Berna, do Município de Renens e do jornal Gazeta Lusófona, assim como de diversos patrocinadores.
O Gazeta Lusófona (GL) marcou presença neste evento que teve como mote “O que é ser português/portuguesa na Suíça de hoje?”.
Este Fórum foi uma grande oportunidade para os portugueses residentes na Suíça refletirem sobre a sua importância naquele país helvético no aspeto social, cultural, associativo e económico.
O programa foi rico e durante todo o dia foi possível partilhar ideias, experiência e lançar desafios. Este Fórum foi um espaço de diálogo entre os portugueses residente na Suíça e a sociedade de acolhimento, assim como com os responsáveis representantes do Estado Português. Foi possível analisar a possibilidade de se conseguir uma rede de competências diversas ao serviço das instituições e dos meios de comunicação social, e ser uma estrutura aberta à diversidade de opinião e elo entre os diversos atores da comunidade portuguesa.
Do conjunto enorme de entidades, são de destacar o embaixador de Portugal em Berna, Júlio Vilela, o Cônsul-Geral em Zurique, Paulo Maia e Silva, o Cônsul-Geral em Genebra, Bruno Paes Moreira, o presidente da comuna de Renens, Jean-François Clément, os deputados da Assembleia da República Portuguesa, eleitos pelo círculo europeu, Paulo Pisco e Nathalie de Oliveira, a coordenadora do ensino português, Maria de Lurdes Gonçalves, a professora Nazaré Torrão da Universidade de Genebra, diversos dirigentes associativos, entre muitos outros que mereciam igual referência.
António Cunha, presidente da FAPS, e a sua dinâmica equipa estavam satisfeitos com o resultado alcançado após uma enorme dinâmica que foi colocada na organização deste evento.
Para António Cunha o 1.º Fórum Português da Suíça “ultrapassou todas as expectativas traçadas pela Comissão organizadora”, acrescentando que isso se deve a várias razões: “em primeiro lugar pelo número e pela diversidade dos participantes: mais de duzentos compatriotas de todas as idades e de diversos quadrantes da comunidade portuguesa. Todas as gerações estavam representadas. Todos mostraram um empenho evidente em responder ao desafio lançado participando ativamente nos cinco painéis propostos”.
Um segundo ponto de satisfação para António Cunha foi a “qualidade das intervenções de fundo e dos debates, permitindo assim equacionar problemáticas relevantes nas diversas dimensões da vivência de uns e outros”
Os cinco painéis que foram fruto de oficinas de trabalho, que António Cunha mencionou, tiveram como temas a família, a juventude, o envelhecimento, a cultura e o emprego.
Para o presidente da FAPS “foi importante partilhar experiências individuais, sobre o dia a dia de cada um, para tentar perceber «o que é ser hoje português na Suíça»”, sublinhando que “foi, também, notável o interesse das autoridades portuguesas, dos meios de comunicação social suíços (24 Heures, Radio Suisse Romande) e portugueses (RTPi e Gazeta Lusófona)”.
Ainda na área dos agradecimentos, António Cunha referiu “o empenho do Gazeta Lusófona e das senhoras professoras responsáveis do ensino de língua e cultura portuguesas que souberam trazer até nós a presença radiante dos mais jovens. Também a comissão organizadora está de parabéns”.
Para António Cunha estão garantidas todas as condições pra se lançar o “inevitável desafio de uma próxima edição do evento”.
A oradora convidada para a conferência do primeiro Fórum foi Nazaré Torrão, Professora e coordenadora do Centro de Estudos Lusófonos da Universidade de Genebra, que apresentou brilhantemente o tema “Quem fomos? Quem somos? Quem queremos ser”.
Nazaré Torrão desenvolveu o tema que se pretendia debater, mas sublinhou que lhe parecendo que “o objetivo do encontro seria refletir sobre o futuro da comunidade portuguesa na Suíça e sobre a função das associações nessa discussão e que a minha conferência seria uma espécie de ponto de partida para as várias discussões que teriam” seria “mais útil discutir o que é a identidade”.
O GL pretende apresentar na próxima edição este tema, desenvolvido pela Professora Nazaré Torrão, dando mais espaço a esta conferência, tendo em conta que nos faz refletir sobre inúmeras situações com as quais os portugueses residentes na Suíça se debatem todos os dias.
A coordenadora do Ensino Português, Maria de Lurdes Gonçalves, na sua intervenção manifestou o seu contentamento pelo sucesso do evento e pela envolvência dos jovens dos cursos de Língua e Cultura Portuguesas que durante a tarde mostraram e participaram, em palco, com os seguintes temas: “Vistas para o mar” (Prof.ª Paula Santos); “A Saudade” (Prof.ª Carla Azevedo); “Leitura de José Saramago” (Profª Cindy Santos) e uma video-apresentação intitulada “O que é ser português?”.
A manhã terminou com a intervenção do presidente da Comuna de Renens, Jean-François Clément, e do Embaixador de Portugal em Berna, Júlio Vilela, após leitura das sínteses obtidas nos referidos cinco grupos de trabalho.
Júlio Vilela, na sua apresentação, enalteceu o trabalho de “António Cunha e toda a sua equipa, por esta louvável iniciativa e trabalho implícito que soube coordenar e liderar, permitindo colocar em cena um relevante encontro da e para a Comunidade Portuguesa, que não esqueceu o indispensável envolvimento e mobilização das autoridades locais”.
O Embaixador mostrou o seu reconhecimento pela “comunidade com mais de cinquenta anos de presença migratória consolidada na Suíça”, tendo esta, na sua opinião, deixado “marcas incontornáveis na sociedade local e na economia deste país, podendo e devendo ambicionar ser mais presente e sentida na vida cívica e política local”.
Júlio Vilela fez uma reflexão sobre o papel dos portugueses na Suíça e explanou sete pontos com base no mote do Fórum, que o GL irá salientar na sua próxima edição.
Também Paulo Cafôfo, Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, não deixou de marcar presença no Fórum, enviando uma mensagem vídeo, elogiando o trabalho desenvolvido pela FAPS e pelos portugueses na Suíça. Também na próxima edição daremos destaque às suas palavras.
Paulo Pisco, deputado da Assembleia da República Portuguesa, eleito pelo círculo europeu, salientou que a realização do Fórum dos Portugueses na Suíça “foi muito interessante porque se pode interpretar simbolicamente como uma viragem no movimento associativo na Federação, por um lado e, por outro, porque serviu para dar uma ideia mais clara de que existe uma diversidade em termos profissionais e em termos de qualificações na nossa comunidade na Suíça nem sempre claramente perceptível”, referiu.
O deputado eleito pelo PS, nas suas declarações ao GL, acrescentou que “discutir as questões da identidade da nossa comunidade num país é sempre interessante e importante para se perceber bem como se sentem os portugueses relativamente ao país de acolhimento. E, neste caso, mesmo que não haja propriamente grandes conclusões que se possam tirar, fica a semente de uma discussão fundamental, visto que a estrutura social e a situação de cada comunidade muda consoante os países em que se encontra, mesmo havendo sempre questões comuns”, referiu Paulo Pisco.
Nathalie de Oliveira, também deputada eleita pelo mesmo círculo, estava radiante com a iniciativa, sendo a primeira iniciativa onde participou nas suas novas funções como deputada. Referiu ao GL que esta iniciativa foi “memorável no início da minha vida de deputada”, enfatizando que o Fórum “foi um dia histórico para quem é português”. Para Nathalie de Oliveira este foi um encontro de “várias gerações unidas num projeto cultural de grande qualidade apresentado através de uma bela exposição pelos alunos de vários cantões. Uma mobilização perfeita para o ensino de língua portuguesa”. A deputada, através da sua declaração, agradeceu “o carinho de todas e todos, em particular, o da Liliana Azevedo e da Filomena Rodrigues. Um bem haja ao António Cunha, da FAPS pela organização ímpar”. Com a sua presença comprovou “a generosidade do povo português da Suíça. Uma honra ter convivido com eles neste dia”.
Após o almoço, oferecido pela FAPS, a tarde foi de âmbito cultural e recreativa, com destaque para a música e dança, assim como as referidas apresentações por parte dos alunos, já referidas.
A primeira atuação foi da responsabilidade de Diana Gil (voz) e Gonçalo Vitorino (guitarra), seguindo-se o Fado com Salomé Oliveira (voz), Paco da Silva e Nuno Tomás (guitarras). O momento de dança, Hip Hop, foi da responsabilidade de Dany da Silva e Black Diamond’s. A tarde terminou com a atuação do grupo “Os verdadeiros amigos” com concertinas portuguesas.
De sublinhar que durante o evento estiveram patentes exposições com trabalhos dos jovens dos Cursos de Língua e Cultura Portuguesas de Conthey, Martigny, Monthey e Visp, com a coordenação da professora Amélia Pessoa.
› Adélio Amaro
› Liliana Azevedo (fotografias)
› I. Balta (fotografias)