Já chegaram às fronteiras da Ucrânia os donativos provenientes de uma campanha liderada na Suíça pelo Grupo “Poderosas de Basel”, cuja responsável é Rituxa Afonso. Toda essa movimentação aconteceu com a “preciosa” ajuda de Hélio Teixeira de Jesus, que transportou géneros alimentares, roupas, brinquedos, medicamentos, entre outros produtos necessários, que foram entregues na fronteira entre a Romênia e a Ucrânia para “amenizar o sofrimento das pessoas refugiadas vítimas do confronto entre a Rússia e a Ucrânia”.
Segundo apurámos, a equipa que levou os donativos deixou a Suíça, para uma primeira entrega, no último dia 5 de março. O grupo seguiu para a cidade romena de Satu Mare, mais precisamente no Sul deste município, em Halmeu, onde foram entregues 2.5 toneladas de donativos. Posteriormente, no dia 26 de março, foi realizada uma segunda entrega, com mais 3.5 toneladas de donativos.
Para Rituxa Afonso, “a partir do momento em que surgiu a ideia de ajudar as pessoas que fugiam do terror da guerra, muitas foram as reações das pessoas, de várias partes da Suíça”, por isso, “agradeço às Poderosas, a toda comunidade portuguesa que está sempre preparada para ajudar. Um agradecimento especial vai para a escritora e terapeuta Sandra Weber, que, no mesmo momento que percebeu a iniciativa, a tomou como própria e, diariamente, recolhia junto das muitas pessoas amigas que a rodeiam, todo o tipo de ajuda. Mais uma vez, pude perceber o tamanho da dignidade e bondade que se esconde por trás de muitas personalidades. As pessoas estavam muito sensibilizadas com a situação de guerra daquele país e, por isso, foi fácil, diariamente, juntar sacos de roupas quentes, calçado, roupas de cama, sacos-cama, brinquedos, artigos para criança, como carrinhos de bebé, e todo o tipo de produtos alimentares e bens essenciais. Algumas pessoas entregavam os donativos com lágrimas nos olhos e o coração apertado”.
Esta mesma responsável reforçou o papel do cidadão Hélio de Jesus, que, “pelos próprios meios nos proporcionou a entrega, rápida e segura, de toda a mercadoria junto da fronteira da Ucrânia, o meu muito obrigada. Sem a sua total disponibilidade para tal feito, a nossa boa vontade de ajudar não teria sido concretizada. Naturalmente, todo o tipo de ajuda a que nos propomos dá trabalho, mas, quando feita com amor e devoção, nunca pesa. Na minha opinião, ajudar o próximo em caso de necessidade não é nenhum mérito, senão um dever moral e cívico. Tenho a certeza de que todas as pessoas que se juntaram a esta causa se sentem felizes e abençoadas por tal possibilidade. Estaremos preparadas para ajudar os próximos”.
Por sua vez, Hélio Teixeira de Jesus, que auxiliou no transporte dos bens até à fronteira com a Ucrânia, ajuizou que “o momento de ajudar é quando os outros precisam. Ajudar só foi possível com a colaboração de muitas pessoas. Será difícil mencionar todas, mas em especial preciso de agradecer ao Alex e à D. Anabela do restaurante Ruti Grill, em Ostremundigen, como também à D. Elisabete Sequeira, de Interlaken, pela disponibilidade do local para pontos de recolha dos donativos. Agradeço também ao Sr. Daniel Chiaberto, do Occasion Nutzfahrzeugcenter, em Untendorf, pela cedência do local para armazenar e separar os donativos. E, claro, agradeço a todas as pessoas que se prontificaram a doar todo o tipo de bens essenciais que serão preciosos para quem, de repente, não tem nada. E, por fim, a todos os que também colaboraram financeiramente para a ajuda do transporte”.
Por fim, Sandra Weber, escritora e terapeuta que também ajudou em todo esse processo, destacou que “o ser humano quando nasce, sem ajuda, morre. Regra simples da vida: ajudar. Para termos a oportunidade de ajudar é necessário que haja alguém a precisar de ajuda. Infelizmente, milhares de pessoas estavam a precisar e com urgência. Após o primeiro estrondo, que estremeceu não só aquele país como todo o Mundo, todos nós ficamos em estado de alerta. Não foi difícil perceber que iriam precisar de ajuda. Nem sempre é fácil tomar a decisão de ajudar, principalmente quando não se sabe se a ajuda chegará a quem de direito. Muitos se perguntavam se a ajuda realmente chegaria ao destino. Sinceramente, quando tenho o impulso de ajudar a alguém ou alguma situação, jamais me faço essa pergunta. Tal não me compete. A mim compete-me tomar a decisão de ajudar, e aos outros compete cumprir a própria missão. Nestes casos extremos, a minha preocupação prevalece sempre sobre o estado alarmante que as pessoas atingidas se encontram. Então na minha cabeça não há lugar para pensar onde a ajuda irá parar. Acredito que quando temos boa intenção o Universo faz o resto. Nestes casos, a reação tem de ser muito rápida. Penso na urgência de quem não pode esperar para poder mastigar algo, penso na urgência de quem não pode esperar para agasalhar as costas, mas muito mais profundo, penso naquelas crianças que choram com fome e sede sem perceberem o porquê da demora. Penso nos sonhos daquelas pessoas que ficarão por realizar, penso nas mulheres que terão de se fazer a um caminho desconhecido e sem rumo, e penso naqueles pais que se despedem dos filhos, quem sabe, pela última vez. Que crueldade. Se não houvesse homens gananciosos nós não teríamos a oportunidade de ajudar. Preferia não ter. Mas para quem se pergunta mil vezes se deve ajudar, eu deixo a minha mensagem mais sentida: prefiro ajudar sem saber a quem do que algum dia ter de pedir e identificar alguém. Prefiro ajudar do que ser ajudada. Quando damos as mãos podemos ser mais fortes, quando unimos os corações podemos ser um pouco melhores e se unirmos as nossas vibrações, talvez consigamos a Paz. Todos juntos por um Mundo melhor para as nossas crianças”.
Ígor Lopes