› Ígor Lopes
“Não é difícil como parece ou como as pessoas o fazem”. É com este sentimento que a portuguesa Ana Isabel Vieira Leite, de 25 anos de idade, explica a arte de empreender na Suíça.
Natural de Amarante, Ana Isabel Leite, que vive hoje em Basel, Kannenfeldplatz, conta que abriu o seu negócio no país helvético três anos após chegar a Suíça e que, na altura, “não me foram colocados impedimentos nem complicações”.
“Foi mais fácil do que esperava. Em menos de um mês tinha o negócio aberto, conforme manda a lei, e, daí para a frente, é apenas crescer. Sempre que posso incentivo os emigrantes a perderem o medo de empreender, pois não é difícil. A FisioRelax é o exemplo disso”, afirmou esta cidadã portuguesa, que comentou, ainda, que viver na Suíça “é maravilhoso, um sonho de criança concretizado e que não me desiludiu”.
“Eu costumo dizer que tenho dois países no coração, o meu Portugal, que me viu nascer e me acolheu desde a minha infância e a minha fase adulta, e a minha Suíça, que me acolhe desde os meus 20 anos e que espero que me acolha muitos mais”, disse.
Profissionalmente, atua com massagens, a “maior paixão que tenho na vida”.
“Ser massagista sempre foi a minha profissão de eleição, é aquela que me realiza por completo”, afiançou, recordando que sempre foi bem recebida na Suíça, a exemplo de todos os lusitanos que decidem viver nestas paragens.
“A Suíça é um país acolhedor que ajuda a comunidade migratória sem descriminação e como poucos países o fazem, no entanto, muita gente não tem essa informação”, vaticinou, ao enumerar as suas realizações.
“Na Suíça, conquistei o meu maior sonho, abrir o meu próprio negócio. Cheguei a Suíça em 2018, comecei a trabalhar nas limpezas, onde pude crescer, tanto profissionalmente como pessoalmente, e aprendi muito com todas as pessoas que tive à minha volta, desde chefes a colegas de trabalho. Tornei-me muito mais independente e corajosa”, recorda Ana, que revelou que nem todo o cenário de adaptação no estrangeiro foi fácil.
“Foram as barreiras que me apareceram inicialmente, como a língua, a procura por trabalho e a falta de família, que me tornaram a pessoa que sou hoje. Com determinação e muita coragem encarei as dificuldades, e, sem dar conta, em pouco mais de ano e meio, já era chefe de equipa numa grande firma de limpezas. Três anos depois, no dia 1 de março de 2021, abri a minha maior conquista: a FisioRelax”, adicionou.
Ana Isabel Vieira Leite convive com a comunidade portuguesa na Suíça, especialmente devido ao seu trabalho, pois a maior parte dos seus pacientes são portugueses, “o que me deixa bastante contente, pois, como sabemos, muita gente não fala o alemão, e, por vezes, privasse de determinadas coisas, e fico feliz em puder ajudar nesse nível”.
“Basel é um cantão onde temos várias associações portuguesas”, atestou esta empreendedora, que não esconde as saudades da sua terra natal.
“Hoje em dia, é mais fácil mantermo-nos em contacto, mesmo à distância, e, como referi, Basel é um cantão com várias associações portuguesas, onde podemos encontrar de tudo, desde gastronomia portuguesa, música portuguesa, igreja católica portuguesa, escolas portuguesas para as crianças, comércio português, tudo isso ajuda a que nos mantenhamos mais em comunhão com o nosso país, mesmo não sendo a mesma coisa, é algo, sem dúvida, que ajuda muito. Ir a Portugal de férias e regressar às origens é a alegria de encontrar a família, são os momentos que partilhamos com eles, é aproveitar a família como jamais aproveitaríamos a viver em Portugal”, avaliou.
Sobre voltar a viver em Portugal: “no momento, não penso em regressar, pelo menos num futuro próximo. Sou muito grata às oportunidades que a Suíça me ofereceu e sou feliz a viver aqui”.
Atualmente, reside com o seu namorado e não tem filhos. Confessa que a língua, inicialmente, foi um entrave, mas, “no momento, já não”.
“Não falo perfeitamente, pois não fiz escola, mas defendo-me perfeitamente. Sou da opinião que querer é poder, as barreiras assim me obrigaram e, dia após dia, ia aprendendo uma palavra nova. O alemão e difícil, esta é uma realidade, mas não é um bicho de sete cabeças. Sempre digo a todos os que me rodeiam que qualquer pessoa pode aprender, basta querer”, mostrou firmeza nas palavras e nas ações esta cidadã lusitana emigrada.
Em relação à imagem que tem de Portugal, Ana afirma ter orgulho do seu país e diz não negar as origens, mas acredita que, “infelizmente, não teria as mesmas oportunidades em Portugal que tenho na Suíça”.
“A Suíça, sem dúvida, significa muito, por todos os motivos referidos anteriormente. Cresci a nível pessoal e profissional. Espero crescer como cresci desde que aqui cheguei até aos dias de hoje. Dia após dia, melhorar, principalmente a nível profissional, para poder oferecer sempre o melhor aos meus pacientes, que são o verdadeiro motivo de ter a minha empresa aberta e com a visibilidade que tem em Basel”, finalizou Ana Isabel Vieira Leite.