› Ígor Lopes
Maria João Ferreira Coelho tem 55 anos de idade. É natural de Verdemilho, freguesia de Aradas, no concelho de Aveiro, Portugal, onde vive a sua família. Vive com os filhos em Zurique, em Wipkingen.
Mudou-se para a Suíça em maio de 1988 como “Au-Pair”. Após um ano nesta família, decidiu conhecer a Grécia como “baby-sitter” com outra família suíça.
Posteriormente, esteve a trabalhar num albergue em Ticino, para aprender Italiano por três meses. A partir de abril de 1990, começou como a trabalhar como estagiária no Cantão de St. Gallen na área da hotelaria no “Service”, permanecendo aí até final de 1994.
No ano seguinte, em 1995, voltou para o Cantão de Zurique, continuando na restauração, até 1997.
Em 1998, casou-se e teve dois filhos. Em 2002, separou-se, “nesse tempo estive em casa e em 2008 comecei a trabalhar 50% na “Swiss Re” na Cantina”.
“Trabalhei 15 anos nesta firma e despedi-me no ano passado para começar algo diferente noutra área que tem mais a ver com o meu trajeto pessoal e, assim, estou desde junho de 2023 a trabalhar com crianças na escola pública”, disse Maria João.
“Para mim, viver na Suíça tem sido uma experiência muito boa. Ao longo destes 36 anos aprendi muitas coisas, conheci pessoas de muitas culturas diferentes e é um caminho cheio de experiências novas, como aprendizagem, partilha e, agora, numa viajem nova, sempre ligada à nossa cultura, mas, melhorando o nosso dia a dia, uma vida de trabalho duro ,sempre a superar a mim mesma, atenta aos outros e acreditando e seguindo o meu caminho com esta alegria de viver e ajudando os outros, tanto a comunidade portuguesa, assim como a comunidade suíça”, frisou esta cidadã portuguesa.
“Estou bem integrada e falo alemão, inglês, francês, espanhol e italiano, o que é muito enriquecedor para mim, pois estou sempre envolvida em algum evento ou projeto”, mencionou Maria João, que hoje trabalha na Escola Suíça 80% como Assistente com as crianças no Cantão de Zurique.
Faz também traduções na associação S.E.S.J uma vez por semana e dá apoio aos pais e jovens no que está relacionado com o sistema escolar na suíça.
Já no projeto “Femmes-Tische” atua desde 2012 e, posteriormente, para pessoas da terceira idade desde 2016 até hoje.
Frequenta a igreja católica portuguesa e ainda visita associações lusas em Zurique.
“Atualmente, os portugueses são bem recebidos na Suíça e é-lhes dada toda a informação necessária. Existem cursos de integração e muito apoio no que diz respeito à importância de aprender o alemão. As pessoas estão ativas e a comunidade portuguesa em Zurique é muito grande. Somos um povo empenhado e trabalhador e estamos muito bem vistos pelos suíços”, revelou.
Maria João costuma fazer reuniões com as mulheres portuguesas uma vez por mês sobre diversos temas, desde a saúde, passando pela educação no Centro Lusitano de Zurique, também na Arca em Regensdorf, APZ, em Oerlikon e em outras que visita.
Sobre matar as saudades de Portugal, Maria João afirma que visita o país várias vezes no ano.
“Quando regresso a Portugal de férias é especial, pois faz parte da minha história e principalmente das recordações de uma infância feliz e do mar e das pessoas amigas que revejo em cada viajem, dos sítios que visito sempre e de todo o crescimento que aconteceu na minha cidade. Adoro Aveiro”, atestou esta cidadã lusa, que diz ser ainda cedo para pensar em voltar a viver em Portugal.
Hoje, Maria João tem a nacionalidade suíça, conquistou amigos no país e tem diversas realizações pessoais. Tem dois filhos. O Leandro Coelho Gonçalves, de 25 anos, e a Laura Coelho Gonçalves, de 22 anos.
“A Suíça é a minha casa, onde eu estou feliz e contente. Portugal mudou bastante, para melhor, penso eu. Ao longo destes anos, tenho conhecido um pouco do nosso país e é incrível como temos progredido e avançado”, avaliou.
Maria João recorda que veio para a Suíça por aventura, sozinha, e foi ficando, agora, vê que o tempo passou tão rápido.
“Sinto um enorme prazer por tudo o que a vida me deu e por poder partilhar com vocês a minha experiência de vida”, comentou.
Sobre o futuro, prefere pedir saúde e ter disponibilidade para viajar e “que as guerras acabem”.
Perguntada sobre a diferença de vida entre Portugal e a Suíça, Maria João não foge à resposta:
“Para mim, pessoalmente, o aspeto económico, mas também o sistema de ensino e a saúde que são aspetos muito diferentes do sistema português. Pontualidade é outro aspeto muito importante na Sucia, assim com a organização, a qualidade dos serviços públicos”, enfatizou.
“A língua é uma barreira, tem pessoas que estão há mais de 20 anos no país e nunca aprendem a língua, por isso, a importância de chegar às pessoas e motivá-las para aprender o alemão, pois não é fácil de o aprender e depois falam-se vários dialetos dependendo do Cantão, o que ainda torna mais difícil a aprendizagem, mas, como Zurique, é multicultural. Também fala-se o inglês em muitos sítios”, explica Maria João, que, assim como todo emigrante, tenta aliviar a saudade do emigrante no país de acolhimento com presenças em espetáculos de artistas portugueses na Suíça.
“Vou ver a Mariza em maio. Frequento restaurantes portugueses, festas populares”, finalizou Maria João.