Após o mês de agosto, tipicamente associado às férias dos portugueses que vivem fora do seu país, existe um recomeço vincado pelas iniciativas que as associações desenvolvem um pouco por toda a Suíça.
A comunidade portuguesa no país helvético é uma das mais vibrantes e organizadas da diáspora lusa. Com mais de 260 mil cidadãos registados com cartão de cidadão, os portugueses estão espalhados por todo o território suíço, com maior concentração nos cantões de Vaud, Genebra, Valais, Zurique, Friburgo e Berna. Esta presença robusta reflete-se num movimento associativo dinâmico, que desempenha um papel essencial na preservação da cultura, na integração social e no apoio comunitário.
A Suíça acolhe dezenas de associações portuguesas, que vão desde clubes culturais e recreativos a organizações de apoio social, grupos de folclore, associações desportivas e instituições dedicadas ao ensino da língua portuguesa. Estas entidades funcionam como pontos de encontro, promovendo atividades que reforçam os laços entre os portugueses residentes na Suíça e a sua terra natal.
As associações têm um papel fulcral na preservação das festas tradicionais, com música, dança e gastronomia portuguesa, assim como no estímulo ao ensino do Português, essencial para manter a identidade das novas gerações. As associações também prestam apoio comunitário, conferindo auxílio em situações de vulnerabilidade como o desemprego, a doença ou o isolamento.
Apesar da respetiva vitalidade, o movimento associativo enfrenta desafios como a renovação geracional, a profissionalização e a adaptação às novas tecnologias. A crescente presença de jovens portugueses – quase 20% da comunidade tem menos de 18 anos – exige uma abordagem mais inclusiva e inovadora, capaz de atrair e envolver esta nova geração.
O futuro do associativismo português na Suíça tem de passar pela formação contínua dos dirigentes associativos, pelo uso das plataformas digitais, pelas parcerias locais com instituições suíças para maior integração e reconhecimento, além dos representantes legais de Portugal, como embaixada ou consulados, e não devem esquecer a promoção da igualdade de género e da diversidade e ter em atenção o perfil da nova vaga de emigrantes que tem formação superior e interesses distintos, exigindo uma abordagem moderna e inclusiva.
Neste sentido, a Federação das Associações Portuguesas na Suíça (FAPS) é um dos principais motores que se preocupa com o movimento associativo português na Suíça. A FAPS está a promover mais um encontro das associações portuguesas, que se realizará nos dias 20 e 21, em Bulle (programa nas páginas 6 e 29), com o lema “Entre memória e futuro: reinventar o papel das associações portuguesas, fortalecer as redes associativas”. É uma iniciativa que pretende fortalecer a cooperação entre as diferentes e diversas organizações, valorizar a cultura portuguesa e incentivar a participação dos jovens.
Será, certamente, mais um evento de grande qualidade e que abordará temas prementes para os portugueses residentes na Suíça, assim como para as associações portugueses que devem encarar e encontrar fórmulas paras os desafios que o futuro irá apresentar.
O movimento associativo português na Suíça é muito mais do que um conjunto de organizações: é uma rede viva de afetos, memórias e projetos. É nele que se encontra a alma da comunidade, a força que une os portugueses além-fronteiras e os mantém ligados às suas raízes.
Adélio Amaro, diretor