Agosto é um dos meses mais aguardados pelos portugueses emigrados para outros países europeus. E os que vivem na Suíça não fogem à regra. Famílias inteiras deslocam-se deste país de acolhimento para Portugal para reviverem a emoção de voltar à terra que os viu nascer, participarem nas festas populares das suas aldeias, ainda mais neste período em que as regras de confinamento e de distanciamento social em virtude da pandemia de COVID-19 abrandaram.
Um pouco por toda a Europa, as autoestradas veem desfilar carros, carrinhas, autocarros em que a língua portuguesa está presente nos passageiros, sem contar os que decidem viajar pelos céus. Tudo em prol de estarem algumas semanas, ou dias, com as suas famílias em Portugal, rever os amigos, solucionar pendências, festejar e manterem uma vida menos rotineira em relação àquela que se vive no país helvético, onde trabalhar é o verbo de ação mais utilizado pela imensa comunidade portuguesa residente na Suíça.
No último dia 31 de julho, uma dessas famílias portuguesas realizou a festa de batizado do pequeno Guilherme, filho de Hélder e Sandra Leitão, que são pais também do Gonçalo, mais crescido. Natural do distrito de Viseu, esta família vive hoje em Flawil, uma comuna da Suíça, no Cantão de St. Gallen, com cerca de 9.681 habitantes. Pelas 9h, a parte religiosa decorreu na Capela de Nossa Senhora das Neves, em Travanca, ou simplesmente igreja de Travanca, no concelho de Armamar. A festança em si, que reuniu muitos convidados, alguns deles residentes fora de Portugal, aconteceu na imponente Quinta da Barroca, em Queimada, no mesmo município. Por estar localizada no vale de Naçarães, na margem sul do Vale do Douro, em pleno Património Mundial da Humanidade, esta quinta conta com um visual de tirar o fôlego. Algo a que os portugueses que vivem na Suíça já estão acostumados a ver: belas paisagens.
Os padrinhos do pequeno Guilherme, Pedro e Susana Pereira, são portugueses, mas vivem em Zurique.
O sentimento de todos os convidados presentes neste evento e em outros que acontecem no país, e que envolvem os emigrantes lusitanos, é o mesmo: o amor e a saudade de Portugal, a perceção de que é ainda necessário deixar para trás muitas memórias para conquistar uma vida melhor, mais sólida financeiramente. Contudo, é unânime a certeza de que um dia o regresso a Portugal está garantido.
Mas, enquanto esse dia tão esperado não chega, é preciso encarar a vida cotidiana, e os portugueses que vivem na Suíça classificam o país da melhor maneira possível, como “organizado, seguro, justo, com boas oportunidades, ordenados decentes”, dentre outros atributos. O facto de a comunidade portuguesa ser bem recebida por lá contribui imenso para este sentimento positivo.
E quem está acostumando a levar sobre rodas o sonho dessas famílias, como o transporte de mercadorias e de bens entre os dois países, sabe da importância que é regressar a Portugal e fazer o caminho inverso para a cidade de acolhimento.
“Ao servir um português que envia os seus bens materiais para o seu país e vice-versa temos o sentimento de ser o porta voz do filho que manda coisas para os pais e dos pais para os filhos, e isso é muito gratificante ao fazer essa ligação. O acolhimento dos clientes com o sorriso e o agradecimento é a nossa maior satisfação. Por esses clientes, continuamos a andar na estrada sempre com o objetivo de agradar as pessoas que nos fazem merecer a confiança delas”, disseram os responsáveis pela empresa “Transportes Fatita Rocha”.
Um território imenso de oportunidades aguarda os portugueses quando regressam à Suíça, mas estar em Portugal, mesmo que em férias, e por um curto período de tempo, é ainda, de acordo com estes portugueses, a melhor parte do Verão.
Ígor Lopes