Nuno Miguel Mesquita Ribeiro Carvalho tem 41 anos de idade, é natural da cidade do Porto, Portugal, e vive hoje em Genebra, na Suíça, onde trabalha como Terapeuta de Reiki e hipnoterapeuta. Conversamos com este cidadão português sobre a sua vida no país helvético.
Em que locais de Portugal tem família?
Tenho família no Porto, Valongo, Celorico de Basto, Vila Nova de Gaia e Vila de Rei.
Como é a sua vida na Suíça?
A minha vida na Suíça é bastante agradável, trabalho como terapeuta de Reiki e sou hipnoterapeuta na cidade de Nyon e Genebra.
Como é viver na Suíça?
Viver na Suíça é muito bom, entre lagos e montanhas, onde predomina a natureza e onde me sinto respeitado pela sociedade.
Convive com a comunidade portuguesa na Suíça?
Sim, convivo com a comunidade portuguesa na Suíça. Faz-me sentir mais próximo das minhas origens, o contacto com a minha língua materna, a gastronomia que tanto gosto e, sobretudo, que uma grande parte das pessoas que recorrem aos meus serviços são portugueses ou de origem portuguesa.
Como os portugueses são recebidos no país?
Os portugueses regra geral são muito bem vistos na comunidade na Suíça, como sendo um povo ordeiro, adaptável e muito trabalhador, o que facilita bastante a integração no país.
Frequenta associações portuguesas?
Costumo frequentar mais restaurantes portugueses do que associações, sou sincero, a não ser quando comemoramos datas mais específicas como, por exemplo, as festas de S. João em Genebra, que são grandes festividades e onde vem pessoas de várias cidades suíças.
Como consegue matar as saudades de Portugal?
Para matar as saudades do meu país, vou a restaurantes gastronómicos portugueses e tenho um grupo de amigos portugueses e família também com os quais divido bastante tempo, passeando, fazendo jantares juntos ou passeando fins de semana conhecendo este país.
Vive com a sua família?
Vivo junto há 12 anos com uma pessoa de nacionalidade portuguesa também, ou seja, sinto-me sempre em casa.
Qual é o sentimento quando regressa a Portugal de férias?
Quando regresso a Portugal de férias sinto um misto de saudade, vontade de ficar, sentir aqueles abraços que me fazem tão bem, mas, passados alguns dias, acabo por sentir vontade de voltar para casa na Suíça, pois é aqui que tenho a minha vida.
Pensa em voltar a viver em Portugal algum dia?
Sim, penso voltar um dia, aliás, quando cá cheguei, há 17 anos, a minha ideia era ficar seis meses e voltar, fui ficando e, passado tanto tempo, cá estou. Espero poder voltar um dia quando achar que é o momento certo.
O que conquistou na Suíça até agora?
Na Suíça, consegui atingir um nível de vida estável, amigos, pessoas fantásticas que fui conhecendo com o tempo e segurança e, se falarmos de bens materiais, consegui também casa própria.
Tem filhos?
Não, filhos não tenho. Tenho uma excelente família onde apadrinho duas crianças que me fazem sentir como um segundo pai para eles.
O que a Suíça significa para si?
Tal como referi acima, a Suíça significa a minha segunda casa. Claro que as minhas raízes são, e serão sempre, portuguesas, mas foi o país que eu escolhi para me acolher e tão bem o fez.
Que imagem tem de Portugal?
Portugal é o meu porto de abrigo, onde tenho muita família. É o nosso cantinho, onde sabemos sempre que podemos voltar e seremos bem acolhidos. Não é só o país onde vou de férias, mas, sim, o meu país.
Como e por que foi viver nesse país?
Vim para este país trabalhar como ajudante de cozinha, num hotel de montanha onde havia tanta neve como nunca tinha visto antes. Um sítio lindo, mas isolado. Vim para cá numa altura em que precisava de mudança na minha vida, não só financeiramente, mas também a nível pessoal. E, hoje, posso dizer que não foi fácil, nem tudo foi um mar de rosas, mas consegui e hoje sinto-me bem, em paz.
O que espera do futuro?
No futuro, espero simplesmente conseguir manter o que tenho, não peço mais, mas que tenha saúde, trabalho e, sobretudo, pessoas boas à minha volta.
Qual a diferença de vida entre Portugal e a Suíça?
A vida em Portugal é uma vida bastante feliz, segundo o que eu vejo e o que eu sinto quando falo com as pessoas que tenho lá. Na Suíça, acaba por ser muito bom também, claro que estamos a falar de um país onde se ganha mais dinheiro, mas tudo termina muito cedo, o que faz com que o nosso ritmo de vida seja diferente, deitamo-nos mais cedo, a vida começa mais cedo, mas claro há sempre exceções.
A língua é um problema?
Eu nunca senti nenhuma barreira linguística, talvez por ter bastante facilidade nessa área, quer na parte alemã ou na parte francesa, aprendi rápido o que facilitou bastante o meu percurso.
Como a pandemia impactou o seu dia a dia e o da sua família?
A pandemia afetou-me bastante porque não estava habituado a tantas restrições e, sobretudo, porque ninguém sabia o que viria, foi tudo muito novo. Sinto que as relações humanas ficaram bastantes abaladas, sobretudo para mim que sou uma pessoa de abraços e o facto de me sentir afastado das pessoas que tanto gosto foi difícil sim, mas, agora, as coisas já voltaram à realidade. Foi uma questão de tempo até me adaptar à essa nova realidade.
Por fim, como vive o coração do imigrante português na Suíça?
O meu coração, e falando na primeira pessoa, vive apertadinho. Por mais que estejamos bem aqui e habituados a vida que temos, sentimos sempre saudade do que é tanto nosso. Faz-me refletir muitas vezes se é a melhor altura para voltar ou não. Sobretudo tendo os meus progenitores em Portugal. Mas sei que estando aqui posso sempre ajudá-los financeiramente mais facilmente. É um misto de vai e não vai muito estranho, mas que, no final, acaba sempre por ir ficando por cá.
Ígor Lopes