› Adélio Amaro
O consumo de peças tradicionais portuguesas na Suíça tem aumentado. Este consumo, por parte dos helvéticos, tem despertado a atenção dos oleiros da Bajouca que aos poucos, ao longo dos últimos 15 anos, foram granjeando clientes neste país.
Recentemente nasceu na freguesia da Bajouca, concelho de Leiria, a associação “O Barro na Mão do Oleiro”, constituída, essencialmente, por nove oleiros da referida freguesia: Alcino Pedrosa, Álvaro Pedrosa, Céu Pedrosa, Graça Alberto, Manuel Cabecinhas, Manuel Ferreira, Manuel Silva, Pedro Pedrosa e Rui Silva.
Esta associação pretende promover a “marca” “Olaria da Bajouca”, papel que vinha sendo desempenhado pela ABAD – Associação Bajouquense para o Desenvolvimento.
Ambas as instituições estão a trabalhar em parceria com a Câmara Municipal de Leiria e a Junta de Freguesia local num projeto e processo de reconhecimento e valorização da olaria da Bajouca, única no país.
Além do levantamento e inventariação do que existiu e do que permanece, são diversos os projetos que estão a ser desenvolvidos. Alguns deles passam pela formação e dar continuidade a este saber-fazer que não se pode perder no tempo.
Exposição
no Agromuseu
Com um plano de iniciativas muito amplo, tanto geograficamente como no ponto de vista temporal, recentemente a associação “O Barro na Mão do Oleiro” teve várias peças dos seus oleiros patentes no Agromuseu Municipal Dona Julinha, em Ortigosa, localidade do concelho leiriense. Este museu, de certa forma, agrícola, oferece condições, através do seu acervo, para se reviver o tempo dos “nossos avós”. A sua casa agrícola, senhorial, e todos os cómodos e anexos, permite passear no tempo através do celeiro, da adega, do pátio do lagar, do palheiro, da eira, da casa da eira, da alpendrada, do ladrilho, das abegoarias, do palheiro, da cavalariça, da casa da salgadeira, da casa do forno, da picota, dos poços, das hortas e com os animais como os burros, pavões, galinhas, cabras, perus, cães, etc..
Além da referida exposição no Agromuseu, a associação irá, por exemplo, participar numa Feira Medieval em França, de 13 a 15 de maio, e nos próximos meses fará parte de outros eventos como a “Feira Nacional de Olaria” e o “Leiria há 100 anos”, em Leiria, assim como feiras pelo país e Espanha.
Terá, ainda, a sua imagem patente numa exposição de fotografia que estará no Teatro José Lúcio da Silva, nos dias 20 e 21 de maio, numa organização da “Leiria Cidade Criativa da Música” / Município de Leiria, inserida no evento nacional “Bom Dia Cerâmica” promovido pela Associação Portuguesa de Cidades e Vilas Cerâmica. A exposição é constituída por fotografias de Cristiano Justino que nelas representa o saber-fazer da olaria da Bajouca. Neste evento será possível contemplar peças contemporâneas dos oleiros bajouquenses.
Olaria da Bajouca
na Suíça
Todavia, a olaria da Bajouca não aparece apenas na região leiriense e os respetivos oleiros não se limitam a promover as suas obras no concelho. Apostam, cada vez mais, na sua internacionalização. E, além de participarem em exposição e feiras em Portugal, Espanha e França, têm vindo a angariar clientes fora do país.
Exemplo de tal são Alcino Pedrosa e Rui Silva, dois dos oleiros da Bajouca que vendem a sua “arte” para a Suíça há mais de dez anos.
Ziegelbrücke, a norte, perto da fronteira com o Liechtenstein, e Lausanne, mais a sul, junto do lago Léman, na fronteira com a França, são duas das localidades da Suíça para onde estes dois oleiros da Bajouca vendem as suas peças.
Alcino e Rui entendem que a internacionalização deste tipo de produto permite um maior reconhecimento da própria olaria no conceito tradicional, assim como a inovação e a nova concepção que vão dando às suas peças.
Não esquecendo o tradicional, alguns dos oleiros, além das peças que podem ser produzidas em série, fazem peças únicas, dando-lhes um cariz mais contemporâneo e pessoal.
Alcino Pedrosa, por exemplo, tem muito “orgulho” no seu “lagarto”. Isto é, uma peça que ele desenvolveu, única, e que consegue vender milhares por ser um modelo contemporâneo, dando-lhe força como artista e oleiro.