Maria dos Santos
José Leão nasceu na freguesia de S. Joaninha, concelho de Santa Comba Dão, no distrito de Viseu.
Chegou à Suíça em 1989 fixando residência por um ano no Cantão de Uri.
Em 1991 chegou à turística cidade de Luzerne, onde permanece até ao momento.
Cozinheiro na milionária empresa Bucherer, fundada em 1888, é lá que se dedica à sua maior paixão, cozinhar.
Pai de três filhos que educou com os seus principais valores de humildade e respeito, sente que a sua missão foi alcançada.
José Leão é ensaiador do Rancho Folclórico Terras de Portugal de Luzerne, mentor em dança latina e a sua alegria pela vida fazem dele um homem de mente positiva.
Os seus pais, tanoeiros de profissão, souberam e muito bem transmitir-lhe os valores da nossa cultura folclórica, culinária e o gosto pelo canto.
O seu prato preferido é a famosa sopa da pedra, a sua cor é o verde e o seu clube o Sporting.
Foi campeão de atletismo em Viseu em 1980.
Vamos então conhecer um pouco mais este homem, de respeito, simpatia, alegria, entre outras.
Quem é o José e quais as orientações do seu dia a dia?
Sou um homem pacato, humilde com grande força e vontade de continuar a lutar por aquilo que acredito, família e amigos, vivendo intensamente e com alegria.
A dança de salão é pura magia quando vivida com paixão. Como e quando iniciou este amor pelo movimento associado à música?
Desde pequeno que via e ouvia os meus pais e minhas irmãs a cantar e dançar, incentivando-me, do qual ganhei gosto, intensificando-se ao longo dos anos.
O folclore chegou à sua vida por herança, ou já se integrou nele em terras Helvéticas?
Entrou na minha vida quando eu ainda era gaiato, na minha terra formou-se um pequeno grupo de dançares do qual fazia parte, tornando-se mais tarde um rancho folclórico e etnográfico.
É bem visível o toque especial de danças de salão no grupo Terras de Portugal Luzerne. Pensa que os mais tradicionais podem aceitar esta diferença com bons olhos?
Sim, tenho essa convicção. Foi necessário adaptar às novas gerações, gerando mais interesse a quem dança, a quem toca e a quem canta, dessa forma podermos chegar com mais facilidade a todas a faixas etárias. É importante manter nossas tradições, não deixando morrer esta arte que é tão nossa.
Pensa que todos os grupos, mesmo a cultura em geral, está numa fase de desassossego devido a esta pandemia que nos surpreendeu?
Sim, com certeza, a pandemia veio desestabilizar todo o sector cultural. Certamente vai ser difícil para muitos grupos erguer-se novamente. Infelizmente temos assistido ao longo dos anos a falta de apoio a todo o sector cultural, mas esquecem-se que a cultura é a alma de um povo e é o que nos identifica perante outras.
Considera que esta paragem de quase dois anos vai definir o movimento associativo e os respetivos grupos e secções que existem?
É algo que se irá tentar perceber depois de voltarmos á normalidade.
Espreita o perigo de alguns grupos não conseguirem a motivação necessária para enfrentarem o renascer?
Sim, não vai ser nada fácil esse novo “renascer”. Cerca de 2 anos é um longo período para qualquer grupo desestabilizar. Algumas pessoas acabaram por desistir, outras regressaram a Portugal, outras constituíram famílias e mudaram para outros estados e outros acabaram por ficar afetados pela pandemia, psicologicamente e fisicamente.
O Grupo do qual é ensaiador, Rancho Folclórico Terras de Portugal Luzerne, tem datas e um plano?
De momento não temos qualquer plano estipulado nem datas agendadas. Aguardamos por uma melhora do quadro pandémico para poder delinear novas ações.
Que sonho tem que gostaria de realizar, seja com o grupo de danças de salão, seja com o RFTPL?
Tendo em consideração o cenário atual, o meu grande sonho é que tudo volte ao normal para que pudéssemos pisar de novo os palcos. Tenho também como sonho manter esta tradição nas gerações mais novas e no crescimento de ambos os grupos, sendo uma referência.
Que mensagem deixa para a nossa cultura, em especial a folclórica?
Que não desanimem, vivemos um período muito complicado, mas brevemente tudo irá voltar à normalidade. Folclore é tradição, família, amizade, alegria, costumes e é a alma de um povo. Temos que ter muita força porque só coletivamente podemos vencer e seguir em frente.
O Centro Lusitano de Zurique e eu agradecemos sua disponibilidade e acolhimento. Com Gratidão.