José António da Fonseca Beato tem 33 anos de idade e é natural do Porto. Vive na Suíça, onde diz ter alcançado momentos importantes na vida. Conversamos com este português, “apaixonado por Portugal”, sobre a sua vida na Suíça e os planos para o futuro.
De onde é natural?
Eu sou natural de Massarelos, Porto, mas, aos meus três anos de idade, fui viver para Travanca, em Armamar, no distrito de Viseu.
Em que locais de Portugal tem família?
Eu tenho família em Travanca, Porto, Lisboa e Vila Nova de Paiva.
Como é a sua vida na Suíça?
A minha vida é normal, trabalho, família, amigos e um bom divertimento.
Como é viver na Suíça?
Viver na Suíça é uma luta constante! No início, foi muito complicado, vim para a Hotelaria para as montanhas do Graundbunden, onde só conhecia os meus primos. As primeiras semanas foram muito difíceis e só me apetecia regressar a Portugal, mas como sou uma pessoa de desafios, não desisti e já lá vão 15 anos que estou na Suíça.
Em que trabalha na Suíça?
Eu trabalho na construção civil com água de pressão, são 2500bars. Trabalho bastante em remoção do cimento que não está bom em pontes, túneis, reservas de água, e etc.
Convive com a comunidade portuguesa na Suíça?
Sim, bastante. Conheço bastante gente e como trabalhei numa associação portuguesa, então eu convivi com muitos portugueses!
Como os portugueses são recebidos no país?
Pelo que vejo e por aquilo que me passou, somos bem recebidos e não tenho nada a dizer dos suíços. Os meus primeiros patrões na Suíça ainda hoje são como uns pais para mim.
Frequenta associações portuguesas?
Sim, várias vezes gosto de ir para conviver, jogar cartas e dardos sem esquecer os pratos típicos portugueses.
Como consegue matar as saudades de Portugal?
Indo a associações portuguesas, a televisão e claro sempre que posso vou a Portugal de férias.
Vive com a sua família na Suíça?
Sim, com a minha companheira de vida, com quem estou há pouco mais de sete anos e com a minha enteada, que tem 12 anos, mas também tenho cá a minha mãe e a minha irmã e uma tia que estão no Ticino, primos que também estão aqui perto de nós e também o meu sogro.
Qual é o sentimento quando regressa a Portugal de férias?
Não tem explicação. Vou sempre de carro e quando passo a fronteira eu arrepio-me todo, ouvir a nossa língua por todo o lado, ver os nossos de quem temos tantas saudades e estarmos no nosso cantinho é do melhor que podemos ter.
Pensa em voltar a viver em Portugal algum dia?
Claro que sim, mas não de momento. Ainda falta-me conquistar algumas coisas antes de voltar ao meu país.
O que conquistou na Suíça até agora?
Conquistei estabilidade, uma família linda e também poder ter aqui a minha mãe e irmã.
Tem filhos?
Tenho uma enteada, mas quero ter filhos/as.
O que a Suíça significa para si?
A Suíça para mim significou uma oportunidade que agarrei com as duas mãos!! É um país completamente diferente de Portugal em muitos aspetos.
Que imagem tem de Portugal?
Tenho uma imagem muito boa de Portugal, não trocaria de ser português por outra nacionalidade. Tenho orgulho em ser português e nunca tive vergonha de o dizer fosse em que país fosse.
Onde vive a Suíça?
Vivo numa cidade chamada Rorschach, no cantão de St. Gallen, na parte alemã.
Como e por que foi viver nesse país?
Por falta de oportunidades no meu país. Sou ambicioso e foi quando apareceu esta oportunidade de ir para a Suíça e não a desperdicei e ainda hoje não me arrependo da decisão que tomei.
O que espera do futuro?
Digo sempre que o futuro pertence a Deus, mas irei sempre atras dos meus sonhos e da minha família.
Qual a diferença de vida entre Portugal e a Suíça?
A maior diferença são as oportunidades de trabalho para a gente jovem que aqui tem e em Portugal há poucas oportunidades.
Aqui apostam e confiam nos jovens.
A língua é um problema?
Graças a Deus, não. Quando vim para a Suíça, descobri uma habilidade para falar várias línguas. Sei falar inglês, francês, italiano, alemão, alemão-suíço e o reto-romanche que é a quarta língua da suíça da região para onde vim. Chama-se Engiadina.
Como a pandemia impactou o seu dia a dia e o da sua família?
No trabalho não afetou. Sempre trabalhei e não apanhei o vírus. O mais difícil foi não poder ver nem abraçar a minha mãe e a minha irmã e os meus primos.
Por fim, como vive o coração do imigrante português na Suíça?
Sinto-me completamente integrado aqui na Suíça e estou bem aqui, mas o meu coração está no meu Portugal.
Ígor Lopes