Estes mesmos dados revelam que a comunidade portuguesa na Suíça continua a ser rela-tivamente “desequilibrada em termos de género”, uma vez que é composta por 116.962 mulheres e 143.959 homens, “o que não é de estranhar, atendendo às áreas profissionais que recorrem mais à mão-de-obra estrangeira e da qual se dará conta mais adiante”.
Segundo fontes da diplomacia portuguesa neste país europeu, “constata-se, igualmente, que, em termos etários, predomina o grupo entre os 21 e os 64 anos, sendo residual o número de portugueses acima dos 65 anos, o que se explica não apenas pelo desejo muito ca-racterístico dos portugueses de regressar ao seu país após o chamado ciclo migratório, mas, também, pelo facto de as pensões de reforma serem demasiado baixas para fazer face ao nível de vida suíço”.
O documento comprova que as maiores concentrações de nacionais na Suíça continuam a localizar-se, por ordem de-crescente, nos cantões de Vaud, Genebra, Valais, Zurique, Fri-burgo, Berna e Neuchâtel, “o que evidencia uma preferência dos portugueses por cantões francófonos”.
“As áreas profissionais onde a comunidade portuguesa se encontra mais presente continu-am a ser a construção civil, a hotelaria/restauração, limpezas e apoio a residências seniores, bem como a agricultura. Esta realidade explica a manuten-ção de uma elevada taxa de desemprego maioritariamente sazonal entre a comunidade portuguesa, situação que foi agravada em 2020 e se mantém em 2021, com o encerramento de muitas atividades/empresas, no quadro da pandemia (9.438 inscrições de portugueses nos serviços de desemprego suíços em novembro de 2020, contra 6.988 no ano transato, em igual período)”, pode-se ler neste levantamento, que menciona ainda que “a comunidade portuguesa na Suíça está relativamente bem integrada e, de um modo geral, é apreciada pela população local. Os trabalhadores portugueses são avaliados de forma favorável, nomeadamente no que tem a ver com as suas boas capacidades de trabalho e de cumprimento de regras. Apesar do que pode ser considerado boa integração, o emigrante português tende a viver em comunidade fechada, havendo um número bastante elevado de nacionais que, apesar de aqui viver ao longo de várias décadas, não domina a língua do cantão onde reside/trabalha, o que, só por si, é um fator de exclusão”, diz o levantamento.
Há ainda informações sobre “um movimento associativo muito depauperado e que não consegue corresponder às exigências da sociedade atual e acaba por ser, infelizmente, fator de enquistamento da comunidade e não fator de integração, como foi no passado e continua a ser noutros países de forte imigração portuguesa”.
O número de nacionais portugueses que adquiriu a nacionalidade suíça decresceu 70.9% ao longo de 2020, com apenas 120 casos, contra 413 verificados no ano de 2019.
No entanto, houve 1.811 pessoas de nacionalidade portuguesa que obtiveram au-torização por parte do governo suíço para reagrupamento fa-miliar, entre janeiro e dezembro de 2020. “De destacar um grupo de cidadãos portugueses que tem vindo para a Suíça nos últimos anos, na sua maioria jovens quadros, alguns em postos de grande responsabilidade e que muito têm contribuído para a mudança da imagem que tradicionalmente havia neste país relativamente a Portugal. Estes e/imigrantes destacam-se do fluxo migratório tradicional português, na medida em que, sendo altamente qualificados, encaram a sua permanência na Suíça como um enriquecimento pessoal e uma oportunidade de poderem trabalhar em equipas multinacionais, considerando o seu regresso ao país de origem como uma possibilidade a ter em conta, mas não como o desígnio de uma vida”, finaliza o documento.
Ígor Lopes