“Quando estou em Portugal, aproveito cada segundo”, garante Maria de Lurdes, que, em entrevista à nossa reportagem, falou sobre as ligações familiares, destacou a vida na Suíça, defendeu que Portugal deve acolher melhor os seus imigrantes e disse ainda estar a estudar o regresso à Casa.
Em que locais de Portugal tem família?
Em Portugal, tenho família em Armamar, lugar de Travanca, e em Lisboa principalmente, mas também espalhada por todo Portugal.
Como é a sua vida na Suíça…
Na Suíça, trabalho no supermercado Denner, onde sou responsável de caixa, entre outras tarefas que me ocupam a maior parte do tempo. E ainda ajudo o meu marido que têm aqui uma pizzaria. Faço grandes passeios pelas montanhas suíças que são lindíssimas, convivo com a família e amigos, uns que já tinha e outros que conquistei aqui.
Como é viver na Suíça?
Viver na Suíça neste momento é bom, mas os primeiros tempos foram difíceis, porque tinha muitas saudades de Portugal e da minha família, mas fui me habituado. Aqui, vive-se sem medos, a saúde é muito boa, as pessoas são hospitaleiras.
Convive com a comunidade portuguesa na Suíça?
Sim, convivo com a comunidade portuguesa e centros onde fazem festas e convívios.
Como os portugueses são recebidos no país?
Os portugueses são aqui bem recebidos, temos fama de ser muito bons trabalhadores, e isso é uma coisa que me dá muito orgulho, embora os suíços sejam bem diferentes do nosso povo, são pessoas mais pacatas, não gostam tanto de conviver como nós, por vezes, são fechados.
Frequenta associações portuguesas?
De vez em quando, sim.
Como consegue matar as saudades de Portugal?
As saudades de Portugal consigo matar quando há festas organizadas ou em convívio com a família, e, quando quero matar saudades da nossa comida, posso sempre andar num pequeno supermercado que abriram aqui perto que é de um casal de portugueses.
Vive com a sua família na Suíça?
Vivo com o meu marido.
Qual é o sentimento quando regressa a Portugal de férias?
Quando vou a Portugal de férias é um sentimento indescritível, quando chego ao aeroporto de Lisboa ou do Porto, a primeira coisa que sinto é o cheiro que é diferente, pois cheira a mar, não sei definir bem, mas é especial. Quando estou em Portugal, aproveito cada segundo.
Pensa em voltar a viver em Portugal algum dia?
É o meu sonho, mas ainda não está definido.
O que conquistou na Suíça até agora?
Conquistei estabilidade financeira para um futuro tranquilo.
Tem filhos?
Sim, tenho marido, Rui Alberto Cunha Cruz, de 64 anos, e uma filha, Ana Filipa Pereira Cruz, de 34 anos. Tenho um neto, Kevin, de 4 anos, e o meu genro chama-se José Pedro Gonçalves, de 32 anos. Vivem na Suíça também a minha irmã, cunhado e sobrinhos.
O que a Suíça significa para si?
Um país acolhedor em todos os aspetos, desde nível de saúde, educação e segurança, é a minha segunda casa.
Que imagem tem de Portugal?
Apesar de ser o meu País, têm que melhorar em muitos aspetos entre os quais a saúde e a educação. Os governantes deveriam dar mais apoio aos emigrantes, mas também tenho a imagem de um povo alegre, acolhedor e um país com uma das melhores gastronomias do mundo.
Onde vive na Suíça?
Vivo em Dongio, que é uma vila muito tranquila, num vale entre os alpes, no cantão Ticino.
Como e por que foi viver nesse país?
Vim viver para a Suíça no ano 1989, onde já vivia a minha irmã, que tinha um restaurante, onde trabalhei a primeira vez na esperança de ter uma vida melhor, já que em Portugal estava difícil.
O que espera do futuro?
Espero um dia regressar ao meu país.
Qual a diferença de vida entre Portugal e a Suíça?
Na Suíça, temos uma vida melhor, os salários são mais altos, apesar de fazermos muitos sacrifícios e renunciarmos a muitas coisas, mesmo sendo os impostos muito altos. Tudo somado, consegue-se ter uma vida melhor. Em Portugal, acho que se trabalha muito, mas os salários são baixos e tem mais pobreza, logo, o nível de vida não pode ser bom, o que leva muitos portugueses a emigrar.
A língua é um problema?
Para mim, a língua italiana nunca foi um problema. Aprendi-a facilmente.
Como a pandemia impactou o seu dia a dia e o da sua família?
A pandemia tirou o convívio, os afetos, estamos sempre com medo de ir visitar, ou que alguém venha a sua casa, apesar de não se poder sair de casa, tenho a sorte de ter um jardim. Não poder estar ao ar livre, para mim, foi das coisas piores que me aconteceu nestes últimos tempos.
Por fim, como vive o coração do imigrante português na Suíça?
Com SAUDADE.
Ígor Lopes