A sexta edição das Jornadas do Ensino de Português no Estrangeiro (EPE) na Suíça reuniu, nos dias 5 e 6 de setembro, docentes, especialistas e representantes institucionais, num encontro marcado pela reflexão em torno do tema “Flexibilidade, Resiliência e Adaptação em Cenários de Mudança | Limites e Potencialidades da IA no Ensino”.
O evento, organizado pela Coordenação do Ensino de Português na Suíça (CEPE Suíça), contou com uma taxa de participação notável: 92% do corpo docente aderiu às atividades, confirmando a relevância das jornadas enquanto espaço de formação, partilha e reflexão profissional.
Na sessão de abertura, a coordenadora da CEPE Suíça, Lurdes Gonçalves, sublinhou o percurso das Jornadas desde a sua criação em 2014, destacando a forma como o encontro tem sabido reinventar-se em cada edição, acompanhando os avanços científicos e pedagógicos. Ao evocar a identidade coletiva do corpo docente, reforçou o papel de uma comunidade profissional “empoderada, conectada e inovadora”, preparada para enfrentar os desafios do ensino do Português enquanto língua de herança em território helvético.
O mote da edição de 2025 trouxe para o centro do debate a integração da inteligência artificial generativa no processo educativo, mas sempre numa perspetiva crítica, ética e ajustada ao contexto da diáspora.
Conferencistas e programa diversificado
O primeiro dia foi marcado pela conferência de Ricardo Cruz, investigador do LE@D, intitulada “Ensinar em tempos de Inteligência Artificial: desafios, dilemas e didáticas emergentes”. Seguiram-se trabalhos de grupo, oficinas temáticas e a preparação de um livro digital de homenagem a Luís de Camões, no ano em que se assinalam os 500 anos do nascimento do poeta.
As oficinas contaram com contributos da psicóloga Edite Oliveira (“Gerir a mudança na profissão docente”), do próprio Ricardo Cruz (“IA generativa na avaliação formativa”) e das docentes da CEPE Suíça Elisabete Moreira, Rute Venâncio, Sónia Melo e Teresa Küffer, que partilharam experiências no ensino online.
No segundo dia, a conferência de Edite Oliveira — “Coaching & mentoring em diálogo com a IAGen e o humano” — abriu espaço a uma reflexão mais ampla sobre os equilíbrios entre tecnologia e humanismo no processo educativo.
Seguiu-se a mesa redonda, que reuniu os conferencistas convidados e o Chefe de Divisão da Coordenação do EPE, Rui Azevedo, num debate moderado pelos docentes da CEPE Suíça Marília Fontela e Victor Coelho e procurou responder à pergunta: “Quo vadis?” após dois anos de digitalização no ensino.
O programa incluiu ainda a apresentação a divulgação das curtas-metragens realizadas no âmbito da homenagem a Camões e, por fim, a sessão de encerramento.
Presença institucional de relevo
As VI Jornadas EPE Suíça ganharam ainda mais significado para todos os participantes com a presença da Presidente do Camões, I.P., Embaixadora Florbela Paraíba, que acompanhou integralmente o segundo dia das Jornadas. A sua presença não apenas valorizou o encontro, mas também afirmou de forma clara e enfática o reconhecimento institucional ao trabalho desenvolvido na Suíça. A sua intervenção, bem como a da Chefe de Missão Adjunta, Dra. Joana Vasconcelos, e do Chefe de Divisão Rui Azevedo, reforçou a articulação entre professores, coordenação e a tutela.
No discurso de encerramento, a coordenadora, Lurdes Gonçalves, recuperou reflexões de edições anteriores e destacou duas ideias-chave: “Ensinamos o que somos” e “Parar para pensar”. Sublinhou que a flexibilidade e a resiliência não são apenas competências técnicas, mas sobretudo “dimensões humanas”, que se refletem na forma de estar do professor no século XXI.
Ao evocar a necessidade de um “pousio mental” — espaço para refletir sobre práticas e limites da tecnologia — lembrou que o essencial da educação continua a residir no humano que ensina e na autenticidade da relação pedagógica.
Um balanço positivo e um caminho delineado
As VI Jornadas EPE Suíça deixaram um balanço amplamente positivo, reforçado pela elevada participação docente e pela qualidade das conferências e debates. Ficou clara a determinação de prosseguir o trabalho com coesão, inovação e qualidade pedagógica, numa trajetória que valoriza a língua e cultura portuguesas em contexto internacional.
“A colaboração viva e dinâmica destas Jornadas confirma que estamos no caminho certo: um caminho sustentado pela qualidade pedagógica, pelo compromisso com a missão educativa e pela aposta contínua na inovação e na colaboração”, sublinhou a coordenadora, ao despedir-se com agradecimentos a todos os intervenientes e organizadores.
As Jornadas regressam em 2027, já com a marca de serem um espaço incontornável de formação e de afirmação do ensino do Português na Suíça.
Lurdes Gonçalves
Coordenadora EPE Suíça