› Susana Teixeira
Sabemos de antemão as dificuldades que o nosso Portugal enfrenta em diversas vertentes.
Dificuldades que chegam todos os dias a casa dos portugueses.
Infelizmente, tudo se torna mais difícil e quase intransponível quando as famílias se deparam com situações inesperadas. Nesse sentido, e com o intuito de ajudar crianças e famílias mais necessitadas, nasceu, através de duas mulheres, o Projeto Solidário chamado “As Meninas da Suíça”.
“As Meninas da Suíça” é um projeto Solidário fundado em 2018 por Ângela Silva e Gina Marques, duas portuguesas a viverem na Suíça que se juntaram com o objetivo de conseguir ajudar crianças com deficiências ou doenças raras e as suas famílias a suportarem os custos dos tratamentos que elas mais necessitam.
Começaram por apadrinhar algumas crianças e, com o tempo, compreenderam o real tamanho e a importância de tudo o que estavam a fazer por aquelas famílias.
O sonho foi crescendo e, hoje, este projeto apadrinha cerca de dez crianças e as suas famílias em Portugal. O objetivo principal é garantir os tratamentos diários e as terapias que elas mais necessitam para ajudar no seu desenvolvimento. Para isso, contam ainda com o apoio de cerca de 100 padrinhos e madrinhas portugueses a morar na Suíça, que, ao longo dos últimos anos, apadrinharam estas crianças e contribuem todos os meses com os pagamentos dos tratamentos nas clínicas onde as mesmas fazem as terapias.
Quais são as necessidades básicas destas crianças e famílias? – A principal necessidade são as terapias. Pois todas estas crianças fazem terapias pelo privado sem qualquer apoio do estado e cada terapia tem um custo entre os 30 a 40 euros. Temos ainda situações em que os custos de terapias de algumas crianças chegam aos mil euros e, nalguns casos, chegam mesmo a custar 1400 euros.
Com que regularidade são ajudadas estas crianças através do vosso projeto? – As crianças são ajudadas todos os meses com o cabaz de produtos e alimentos e, ainda, com o valor doado pelos padrinhos no pagamento dos tratamentos.
Tal como conta Ângela, este projeto faz ainda a doação mensal de um cabaz com produtos e bens essenciais todos os meses a estas dez famílias no valor de 100 Euros. Conta ainda com a recolha de bens (roupas, brinquedos, decoração, entre outros, em bom estado) para trocar por comida ou bens de primeira necessidade.
“Recebemos muitas doações por parte das pessoas, as roupas que servem às crianças e estão em bom estado são partilhadas por estas famílias, as que não servem partilhamos com outras instituições de caridade, ou damos à troca de bens essenciais como fraldas ou outro tipo de produtos”, disse Ângela Silva.
Este projeto sobrevive da boa vontade destas duas fundadoras, das suas colaboradoras, dos padrinhos e da solidariedade que ao longo dos últimos anos tem permitido ajudar crianças como o Rodrigo, (conhecido como o menino sem rosto), a Constança, a Filipa, o Yuri, a Ariana, o Leonardo, a Mariana, a Rita, o Aaron e a Ana Isabel. Mas não tem sido fácil conseguir manter este projeto sem a colaboração fantástica de alguns transportadores que sem cobrarem rigorosamente nada, transportam os bens doados na Suíça para Portugal para que estes sejam distribuídos ou trocados como já mencionámos.
Ainda assim, quais são os maiores desafios para conseguirem manter estre projeto vivo? A nossa maior dificuldade continua a ser arranjar transporte solidário que levem as doações para Portugal. Por muito boa vontade que alguns dos nossos colaboradores tenham, custa-nos estarmos constantemente a pedir às mesmas pessoas, e sentimos que podíamos ter mais colaboração e compreensão, no entanto, temos esperança de que ainda possam vir a aparecer mais pessoas com bom coração. Outra das dificuldades é encontrar voluntários que vistam a camisola e se juntem a esta causa.
Gostaria de lhe perguntar o que mais a marcou até ao momento neste projeto? – O que mais me marcou foi termos perdido uma das crianças que integrou este projeto de um dia para o outro e sem ninguém prever, foi o maior choque para nós. Escolhemos a amizade e o companheirismo, e fazemos disso a nossa pauta entre mães, crianças e voluntárias. – É sempre difícil perdermos uma criança depois de estabelecermos laços com elas e com as famílias.
Ainda existe alguma falta de consciência da população em algumas doações que se fazem? Sim! Muita! Infelizmente, recebemos sacos com muitas roupas estragadas, sujas de sangue, lixo, coisas partidas, entre outras. Por vezes, é difícil para nós não falarmos nisso, mas há muita gente que ainda confunde um gesto solidário de doação com o fazer limpeza ao que já não quer para si por estar estragado e despejam literalmente o lixo que têm em casa nas doações que supostamente fazem.
Podemos concluir que este projeto ocupa grande parte do vosso tempo, tempo esse que acaba por vos faltar e em parte às vossas famílias também, o que retiram de melhor do tanto que fazem por estas crianças tão especiais e por estas famílias? – Retiramos os sorrisos, e principalmente o podermos ver de perto a evolução diária e o desenvolvimento destas crianças através do resultado dos tratamentos e terapias, na procura de encontrarem formas de viverem mais felizes.
Como é que as pessoas podem integrar o vosso projeto, conhecer de perto estas crianças, as suas histórias, voluntariarem-se, apadrinharem e ajudarem? – As pessoas podem contatar-nos através da nossa página oficial do Facebook: “As Meninas da Suíça”, onde mostramos de forma transparente e clara todo o nosso trabalho desenvolvido ao longo dos últimos anos nesta aventura.
Em meu nome, Susana Teixeira, e em nome de todas estas crianças e famílias queria deixar um agradecimento às Fundadoras deste projeto, Ângela Silva e Gina Marque, e a todas as pessoas que de alguma forma têm colaborado para manter este projeto vivo e ajudado na realização dos sonhos destes meninos e meninas tão especiais.