› Ígor Lopes
Sérgio da Silva tem 41 anos de idade, é natural de Montalegre, em Trás-os-Montes, Portugal, mas vive em França, a cinco minutos da cidade suíça de Basel. Tem familiares em locais como Trás-os-Montes, Porto, Viseu e Lisboa.
Trabalha na Suíça como chefe de secção numa “das maiores” oficinas mecânicas locais, que realiza reparações em automóveis na zona de Basel e arredores. Chama-se Carrosserie/Fahrzeugbau Wenger AG, local onde este cidadão português atua há já 20 anos.
Sobre a sua vida na Suíça, confessa ser “bastante ativa”, neste momento.
“Tenho bastante trabalho, estou envolvido em diversos projetos diferentes para sempre ir em busca de um futuro feliz. Ao mesmo tempo, tento ter o máximo de tempo possível para poder disfrutar a vida com a minha família”, adiantou Sérgio, que referiu que a vida na Suíça “é fácil”.
“O importante é seguir as regras do país e saber se integrar no país que nos acolheu e nos pode dar muitas oportunidades na vida”, disse este trasmontano, que costuma conviver, com grande frequência, com a comunidade portuguesa na Suíça, além de frequentar várias entidades do movimento associativo português no país.
“Frequento vários locais e restaurantes portugueses regularmente. No passado, fui treinador da única equipa portuguesa de futebol em Basel. Devido à minha origem portuguesa, tenho também muitos clientes portugueses na nossa oficina”, comentou.
Sérgio da Silva sublinha que os portugueses são bem recebidos na Suíça, porque “fomos das primeiras comunidades estrangeiras a entrar em grande número neste país para trabalhar. Geralmente somos vistos como um povo bom e trabalhador”.
Quando o assunto é matar as saudades de Portugal, Sérgio diz preferir visitar o país várias vezes ao ano.
“Mesmo estando fora do país nunca esqueço as nossas origens e mantendo sempre as nossas tradições”, reforçou Sérgio, que vive com a sua esposa, um casal que gerou dois filhos, uma rapariga de 12 anos e um garoto de oito.
Perguntado sobre o seu sentimento ao regressar a Portugal de férias, Sérgio explica a sua motivação.
“É um sentimento de felicidade que é inexplicável. Somente quem está fora do país durante todo o ano procurando uma vida melhor sabe e sente o quanto amamos o nosso país”, atestou.
Apesar deste sentimento, Sérgio confessa que não pensa deixar a Suíça e voltar a viver em Portugal.
“Depois de tantos anos a viver na Suíça com a minha família, não me consigo imaginar deixar cá os meus filhos e, mais tarde, talvez, os meus netos e a vida em geral para ir viver para Portugal. Mas não sabemos o que o futuro nos guarda daqui a 25 anos”, adicionou Sérgio, que reforça sentir um carinho especial pelo país helvético.
“Fiz na Suíça a escola, a qual me proporcionou tirar o meu diploma de chapeiro e me abriu a possibilidade de fazer o que faço hoje, onde lidero uma equipa de trabalho de cerca de 20 pessoas. Junto com a minha esposa temos casas próprias, podemos viver os nossos hobbies e temos uma vida estável. (…) Vim para a Suíça porque os meus pais emigraram nos anos 1980. A integração neste país para mim tornou se muito fácil porque vim para cá muito cedo, aos três anos de idade. (…) Falo perfeitamente alemão e falo todas as outras línguas da confederação helvética”, contou Sérgio.
“A Suíça para mim é uma segunda casa que sempre me acolheu bem e me deu tudo o que eu precisava para estar bem na vida. Nasci em Portugal, mas vim para a Suíça com apenas três anos de idade”, revelou Sérgio, que sublinhou ainda que, na sua opinião, “se Portugal tivesse uma segurança financeira, um sistema de saúde, possibilidades de emprego, e etc. tão bons como tem a Suíça seria dos melhores países para se viver a nível mundial”.
Diante deste cenário, Sérgio não deixa de mencionar o amor e respeito pela sua terra natal.
“Portugal é um país muito acolhedor, o qual aconselho a visitar sempre. Além de ser um país acolhedor, é também um país com coisas muito bonitas, historicamente é interessante. Temos uma culinária única que os turistas adoram. Para mim, pessoalmente, é um país com uma diversidade muito grande. É um país que proporciona experiências para todos os gostos. Das praias incríveis às serras e encostas fantásticas, temos tudo o que qualquer pessoa gosta de ver e viver”, afirmou Sérgio da Silva, que, do futuro, espera continuar “a ter a minha vida estável para proporcionar o melhor para a minha família e evoluir cada vez mais pessoalmente”.
“Vivo com o coração dividido. Por um lado, tenho a minha vida que construi aqui na Suíça, mas, por outro, também tenho a saudade de poder abraçar os meus familiares em Portugal e de regressar ao cantinho onde nasci”, finalizou Sérgio da Silva.