› Óscar Prazeres
A Sala Teatral da Volkshaus, na cidade de Zurique, acolheu a fadista Ana Moura, vinda diretamente de Portugal.
Na grande sala da receção, muitos suíços e poucos portugueses degustavam um aperitivo, entre comentários sobre fado, esta canção tão nossa. Meia hora antes do início deste evento, a sala estava com lotação esgotada.
Pontualmente, às 20h, as luzes apagaram-se e os primeiros acordes musicais deleitaram-nos com um deslumbrante jogo de luzes brancas e lilases. Um perfume vindo do palco encheu-nos de nostalgia. Que sensação tão profunda quando nos entregamos ao fado e tudo o que ele nos transmite e representa.
Apareceu, assim, Ana Moura, elegantemente vestida de branco. A sala inundou-se de aplausos.
Rapidamente, Ana Moura conseguiu, por quatro vezes, levantar o público para na acústica desta sala teatral. Vibrarmos com a sua voz meia rouca e com o som dos vários instrumentos musicais da banda.
O seu corpo, com uma inigualável expressão corporal, fazia a delícia dos espetadores. Muito comunicativa, conduziu o seu programa entre os vários ritmos musicais, alguns que nada têm a ver com o fado, mas que se enquadram muito bem no reportório. Dirigiu-se ao público com um sorriso de satisfação, em inglês e em português.
Ana Moura é, sem dúvidas, um grande ícone do fado que está a atravessar, quiçá, a melhor fase da sua carreira. Sente-se livre para fazer da sua carreira o que bem entender, já que tudo o que canta é um sucesso garantido.
Os fados tradicionais também lá estiveram. Nós, portugueses, apesar de sermos poucos, cantávamos com ela, nomeadamente, quando chegou à homenagem à Amália Rodrigues, “Andorinha”, “Meu Fado” e “Desfado”.
Ana Moura ousou vingar e dar ao fado uma nova imagem, aceite por muitos e criticada por outros tantos. O certo é que, nesta grande noite de fado, ela e nós saímos de alma cheia e sorriso rasgado.
Durante os 90 minutos que durou o espetáculo, foram muitos os smartphones que levaram para casa o melhor de Ana Moura.
Até sempre, Volkshaus, e esperemos que, proximamente, possamos acolher outra fadista, porque, sem cultura, não é fácil viver. O fado é destino, sorte, melancolia. O fado é alma lusitana.