Pedro Silva Pereira tem 46 anos de idade, é natural de São Cosmado, no concelho de Armamar, em Portugal, e vive há muitos anos na Suíça.
A nossa reportagem conversou com este português que vive hoje em Birmensdorf, uma comuna da Suíça, no Cantão Zurique, com cerca de 5.529 habitantes, sobre a sua vida neste país helvético.
Em que locais de Portugal tem família?
Em Albufeira e em São Cosmado, Armamar.
Como é a sua vida na Suíça?
A minha vida na Suíça é muito boa. Tenho um trabalho bom, o qual gosto de fazer. Os meus dois filhos estão diplomados. Cada um com o seu emprego. Gosto de viver aqui. Sinto-me bem, mas claro que não me sinto em casa. Tenho sempre aquela saudade do meu país. A saudade da família, amigos, do mar, da praia e do calor. Os meus tempos livres são para passear, viajar, estar com a família e amigos. Tentar aproveitar o que a vida me dá. A vida segue e não espera.
Como é viver na Suíça?
A maior parte dos emigrantes vão à procura de uma vida melhor. O desejo de muitas pessoas é ter uma qualidade de vida melhor, segurança e o querer viver em um país onde tudo funciona melhor ou bem. Isto tudo, até agora, encontrei no país que me acolhe. Viver na Suíça não é barato. Mas, nos últimos tempos, Portugal está quase ao mesmo nível da Suíça, porque tudo aumentou em Portugal.
Em que trabalha na Suíça?
Allrounder técnico numa empresa ortopédica.
Convive com a comunidade portuguesa na Suíça?
Sim, muito. Tenho diversos amigos portugueses e convivemos diariamente.
Como os portugueses são recebidos no país?
Eu já estou cá há muitos anos. Na minha opinião, quem vem agora para a Suíça encontra muitas dificuldades pela frente. Quando eu vim para cá eram outros tempos. Agora, as dificuldades são outras. O inglês já ajuda bastante para comunicar aqui na Suíça. Mas não é fácil. Quem tem filhos na escola começa a ter problemas, porque os pais não entendem a língua.
Frequenta associações portuguesas?
Sim, na zona de Zurique e arredores existem muitas associações.
Como consegue matar as saudades de Portugal?
Através da nossa tradicional cozinha portuguesa, produtos portugueses, encontros entre amigos/as, festas portuguesas, ir algumas vezes a Portugal, nem que seja só um fim de semana.
Vive com a sua família?
Sim, vivo com a minha esposa e os meus dois filhotes: Patric, de 23 anos, e Ruben, de 18.
Qual é o sentimento quando regressa a Portugal de férias?
Sinto-me em casa. Basta passar a fronteira de Espanha para Portugal e o ar que respiro é outro. Não há palavras que explicam esse sentimento. Tem que se sentir. E só quem é emigrante sabe o que é isso.
Pensa em voltar a viver em Portugal algum dia?
É um tema que está presente na nossa família. Eu e a minha esposa falamos muito sobre isso. Estamos aqui muito bem integrados. A decisão é muito difícil, deixar os filhos e a casa. Ela sempre viveu na Suíça e não sabe o que é viver em Portugal. Só conhece o Portugal das férias. Mas tinha pensado estar aqui na Suíça alguns meses e o resto da Primavera-Verão e ir para Portugal. Estar um pouco no Norte, nas festas, e depois ir para a Albufeira aonde tenho uma casa.
O que conquistou na Suíça até agora?
Casa própria pertinho da cidade de Zurique. Um trabalho bom, no qual penso atuar até chegar a época da minha reforma.
Tem filhos?
Tenho dois filhos maravilhosos, dos quais somos muito orgulhosos. O Patric, de 23 anos, e o Ruben, de 18.
O que a Suíça significa para si?
Qualidade de vida, segurança, uma vida e um futuro melhor para mim e para os meus filhos. Esperança de uma reforma sem problemas financeiros.
Que imagem tem de Portugal?
Adoro Portugal. Mas o funcionamento em Portugal deixa-me muito triste. Tudo demora imenso tempo. O custo de vida aumentou muito em Portugal. Não sei como as pessoas conseguem viver.
Como e por que veio viver neste país?
Foi uma aventura. Procurei uma vida melhor. Casei-me com a minha esposa que já vivia na Suíça.
O que espera do futuro?
Espero que possa continuar assim. Com saúde, paz, felicidade todos os dias. A saúde é o mais importante. Que possa dar a volta ao mundo. Que tenha tempo e possibilidades para fazer o que quero fazer nesta vida.
Qual a diferença de vida entre Portugal e a Suíça?
A Suíça é um país completamente diferente. O custo de vida é mais elevado na Suíça. Mas, nos últimos tempos, houve também um grande aumento em Portugal. As coisas aqui funcionam como um relógio suíço. É tudo mais transparente. Mesmo a nível da política o povo tem uma palavra a dizer. Em Portugal, já se sabe que tudo demora imenso. Só em pensar que é preciso um documento em Portugal já é uma dor de cabeça e várias horas perdidas.
A língua é um problema?
Para mim, agora não. Mas, nos princípios, é um grande problema. A língua não é fácil. Fala-se o dialeto e escreve-se o alemão.
Como a pandemia impactou o seu dia a dia e o da sua família?
Para nós não teve grande impacto. Os meus filhos e a minha esposa passaram do escritório para o teletrabalho. Passamos mais tempo em família. Também foi muito bom esse tempo. Acho que deveríamos aprender com a pandemia.
Por fim, como vive o coração do imigrante português na Suíça?
Sempre com aquela saudade de um dia poder voltar a casa.
Ígor Lopes