Patrícia Vilela é uma portuguesa que sempre viveu em St. Gallen. Mulher de garra, empreende-dora e sonhadora, procura na arte e na beleza a forma de se realizar profissionalmente.
Nasceu em Salamonde a 27 de março de 1978 em Vieira do Minho, distrito de Braga. Chegou à Suíça em 2014, com muitos sonhos e ambições para conquistar no ramo profissional em que se formou. Cuidar da beleza feminina. Fazias unhas, depilações, massagens, tratamentos beleza corporal e facial, tudo isto depois das horas de trabalho, pois, ao chegar à Suíça, foi governante de uma família americana, onde adquiriu uma vasta gama de conhecimentos, ferramentas essas que lhe deram uma visão do que é viver e trabalhar em terras helvéticas.
Esta mulher simples e guerreira de sorriso doce, consegue uma interessante parceria com Cristina Ferreira e, em 2022, para além dos serviços de Cosmética, começa a vender também, a gama de roupa, sapatos entre muitos outros acessórios.
Abre o seu primeiro espaço, um pequeno salão de estética. Passado um ano dessa abertura viu-se forçada a abrir um outro espaço com maior dimensão onde para além de um salão de estética, passou a ter roupa e calçado de Cristina Ferreira, a roupa Spaccio By Cristina e o calçado Cristina Collection.
Três anos depois começou a sentir vontade de ir mais longe e fazer algo diferente. Realizou duas passagens de moda. A primeira num restaurante e fez três vezes eventos. Festa Desfile num pavilhão onde estiveram perto de 300 pessoas.
Neste espaço físico, qualquer um de nós pode entrar e sair com um visual totalmente diferente. É caso para dizer, nunca é tarde para uma notável renovação física e emocional.
Vamos conhecer um pouco mais desta mulher que não tem mãos a medir para levar os seus sonhos à realidade de quem quer mudar a forma de se apresentar.
Na alma carrega a vivência de ver a filha Renata Marques Gomes, regressar a Portugal devido às dificuldades de integração. Hoje é uma reconhecida fisioterapeuta e como a Mãe uma mulher sonhadora.
Patrícia, como recorda o dia que chegou à Suíça?
Recordo que no dia em que cheguei a Suíça, foi um misto de emoções, mas a que me marcou mais foi mesmo o quanto isso ia ser difícil para mim, chorei muito, senti uma tristeza enorme, não podiam falar para mim que desatava a chorar.
Quando vim para a Suíça já tinha 35 anos, logo estava muito ligada ao meu país deixei tudo para trás. A minha casa a minha família e a minha filha com 15 anos, era o meu maior motivo da profunda tristeza. Tudo era novo, a língua as regras, não foi mesmo nada fácil.
Ficou a residir na província alemã. Como foi a aprendizagem deste idioma, que todos dizem ser muito difícil?
Quanto a língua, o alemão é mesmo muito difícil, para ser sincera não me dediquei muito a aprender por falta de tempo e por conseguir comunicar em Francês e o Inglês. Sei alguma coisa de Alemão, mas muito pouco.
Considera que está completamente integrada na cultura de acolhimento?
Sim, considero que estou integrada apesar de o Alemão ser pouco.
Trabalhar como governanta de uma família americana, foi abrir um leque de vastos conhecimentos. Que experiência foi esta?
Trabalhar com a Jo e a sua mãe Leatrice foi uma experiência muito boa e gratificante. Aprendi muito com a Jo, muito mesmo! No início não foi fácil, pois havia da parte delas um medo (se assim o posso dizer definir), medo de eu ser só mais uma que ia trabalhar e só pensava no salário, e não podiam confiar. Com o tempo viram que eu era muito mais que isso, dava lhes muito amor, atenção, dedicação. Quando realmente me viram de outra forma, viram ali uma amiga eu comecei a ser tratada como uma filha para a Jo e uma Neta para Leatrice. Acho que tanto eu como elas ficamos com uma boa experiência e um leque de vastos conhecimentos.
Com toda a formação de estética que fez em Portugal, foi fácil exercer essa profissão aqui?
Sim. A abertura da empresa foi minuciosa. Pedem muita documentação e os certificados das minhas formações. E consegui um bom leque de clientes dia após dia.
Como surgiu na sua vida esta paixão por tudo o que é beleza no feminino?
A minha paixão surgiu assim de uma maneira estranha. Eu sempre estive ligada à secretaria. Um dia a minha melhor amiga Márcia fez a formação de unhas de gele e convidou-me para fazer as unhas. Achei muito interessante, mas fiquei por ali. Um dia ela disse-me; tu podias tirar também esta formação, pois tens jeito para fazer telas (eu pintava telas em óleo e acrílico e cheguei a fazer uma exposição e vender para amigas) desenhar, pintar e acho que ias gostar. E foi assim que tudo começou. Fiz essa formação, depois outra e outra e, assim, fui fazendo várias formações de estética. Dei-me conta que não queria ficar por isto, queria mais.
Como surgiu a possibilidade de trazer para a Suiça a coleção da Cristina Ferreira?
Eu sempre quis ter esse contexto implementado no meu salão. Queria um espaço onde a mulher entrasse e pudesse sair com os tratamentos de beleza e vestida e calçada se assim o entendesse. Tive primeiro roupas sem ser de Marca. A ideia de ser coleção Cristina Ferreira foi porque é uma figura pública de quem eu gosto muito, conhecida do povo imigrante na Suíça e que as mulheres seguem muito e gostam. Muitas vezes diziam-me que eu devia ter as roupas da Cristina e com tudo isto fazia para mim sentido, comecei a investir nessa ideia. E confesso que era um sonho que queria realizar. A possibilidade de o fazer foi através de um contato que me facilitou os números de telefone e e-mail e, a partir daqui, fui em busca do sonho e consegui.
Agora com um espaço aberto, para múltiplos serviços, incluindo a roupa da coleção de Cristina Ferreira, como se sente emocionalmente a realizar este grande sonho?
Sinto-me muito feliz por ter realizado este sonho e por tudo que conquistei até agora, mas quero realizar mais.
Cuidar da mulher é gratificante. Patrícia podemos encontrar todo o tipo de roupa, desde o desportivo e elegante, ao casual e prático?
Sim, podem encontrar todo o tipo de visual.
Na vasta gama dos seus serviços, qual lhe apraz mais fazer?
São todos os serviços. Gosto de tudo o que faço e dedico muito amor e atenção a todos os clientes. Não sei ser de outra forma.
Recentemente realizou um desfile que foi todo um sucesso. Como se acorda no dia seguinte?
Acorda-se cansada. Estou a brincar, mas também é uma verdade. Acorda-se com uma sensação de felicidade e dever cumprido. Nem sei bem descrever esta sensação boa, muito boa.
A sua profissão obriga-a a estar em contacto com muitas pessoas de personalidade e caráter diferente. Que tem aprendido com as suas clientes?
Sim, isso é verdade! Trabalha-se com personalidades diferentes, mas eu lido bem com isso e consigo moldar-me a todas. Com as minhas clientes aprendi a ter mais paciência, aprendi que não somos todos iguais, e temos que nos adaptar a cada uma delas.
A moda e a estética que trouxeram à sua vida?
A moda e a estética trouxeram felicidade, possibilitara conhecer-me melhor, crescer a nível pessoal, e como pessoa consegui ver que sou capaz de realizar os meus sonhos se lutar para isso! Acreditar em mim.
Estamos no início de 2025, quer desvendar os projetos que estão na gaveta à espera de uma oportunidade?
Eu gosto de desvendar quando já está tudo mesmo definido e pronto a realizar. Não gosto de o fazer antes.
Nunca sabemos o que o futuro nos reserva e muito menos qual será o nosso destino. Patrícia, antes de regressar ao nosso Portugal, que evento gostaria de organizar e que deixasse uma marca profunda em terras suíças?
Ainda não tive essa ideia brilhante. Mas, quando chegar o momento, prometo que será das primeiras a saber.
Que mensagem quer deixar a todas as comunidades e, em especial, nós portugueses?
Quero dizer-vos: Estamos juntos nesta vida de imigração e que seja qual for o motivo por terem imigrado, nunca desistam dos vossos sonhos, nada é impossível. Quando se quer muito, consegue se, somos mais fortes do que imaginamos. Mas temos que trabalhar muito. Aproveito para agradecer a todos que acreditaram em mim e estiveram sempre ao meu lado . Agradecer a quem está comigo desde que cheguei à Suíça. Agradecer ao meu marido por alinhar e acompanhar-me em tudo. E quero muito agradecer e dizer às clientes (cientes que já considero amigas) que sou grata de as ter comigo desde esse dia até hoje. Obrigada pela confiança e preferência. Agradeço a quem me deu esta oportunidade de divulgar um pouco da minha história e do meu percurso profissional neste maravilhoso país, a Suíça.
Óscar Prazeres