Num tempo em que a educação enfrenta o desafio de formar jovens capazes de compreender a diversidade cultural do mundo, as docentes da CEPE Suíça, Onélia Jorge e Sílvia Coelho, decidiram transformar um produto simples e universal, o queijo, num passaporte para o diálogo intercultural.
Entre agosto e novembro de 2025, as duas professoras dinamizaram um projeto inovador com várias turmas em Basileia e Zurique, envolvendo cerca de 300 alunos dos níveis A1 a C1 do ensino de língua e cultura portuguesas.
Sob o título “O queijo como elemento intercultural – saberes e sabores”, a iniciativa explorou tradições gastronómicas de diferentes países europeus, cruzando língua, cultura, tecnologia, literatura e experiências sensoriais.
A dimensão investigativa foi uma das marcas fortes do projeto: os alunos estudaram queijos de países como Portugal, Suíça, Grécia, Itália ou Turquia, entre outros, comparando características, origens e usos culinários. Nos níveis B2 e C1, a pesquisa incluiu ainda aspetos históricos e socioeconómicos, resultando em sínteses e análises comparativas entre queijos e tradições culturais.
O trabalho digital também teve grande destaque. Podcasts, vídeos, cartazes criados no Canva e até produções musicais através da plataforma Suno mostraram como o ensino pode aliar o estudo da língua e da cultura à criatividade e tecnologia. Os alunos construíram e partilharam conhecimento através de diversas modalidades, incluindo a produção audiovisual e edição, desenvolvendo, desta forma, competências essenciais para o século XXI.
Um dos momentos mais aguardados foi a visita à famosa fábrica de queijo do Emmental, onde puderam observar o processo real de produção e compreender a importância cultural do queijo na Suíça. A experiência reforçou o caráter autêntico do projeto e a aprendizagem ativa.
A avaliação final demonstrou níveis elevados de participação, motivação e criatividade. Os alunos mais jovens entusiasmaram-se sobretudo com as tarefas sensoriais, como fazer queijo em sala de aula, enquanto os alunos dos níveis avançados mostraram autonomia e pensamento crítico na produção de materiais digitais e artísticos.
O projeto foi apresentado na 37.º Encontro do Ensino de Língua de Herança dos cantões de Basileia Cidade e Basileia Campo, realizado em Liestal, no dia 10 de novembro.
O workshop desenvolvido foi muito apreciado e elogiado pelos participantes, não só pelo seu caráter inovador, mas também pelo forte contributo para o ensino intercultural. Este é um projeto que pode ser transversal a todas as línguas de herança, potenciando não só o trabalho colaborativo, como a integração na sociedade de acolhimento.
“O queijo”, concluíram as docentes, “foi apenas o ponto de partida para falar de cultura, identidade, tradição e convivência na diversidade”.
E, de facto, ao unir sabores, saberes, histórias e tecnologias, o projeto mostrou que a educação intercultural pode ser viva, criativa e profundamente envolvente, tal como o aroma inconfundível de um queijo artesanal que atravessa gerações e fronteiras.
Onélia Jorge e Sílvia Coelho, Docentes da CEPE Suíça





