› Adélio Amaro
Embora jovem, mas com um percurso musical deslumbrante, Gil Brito é membro efetivo da Sinfonieorchester St. Gallen. Nasceu na ilha de Santiago, Cabo Verde, em 1998. Cresceu em Lisboa e viveu em Espinho. Aos 21 anos foi viver para Zurique e atualmente reside em St. Gallen.
Laureado no Festival Clássico de Verão de 2016, em Lisboa, Gil Brito foi bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian de 2020 a 2022.
Iniciou a sua formação musical com 11 anos de idade, com José Augusto no projeto “Orquestra Geração”, em Lisboa. Estudou na Escola Profissional de Música de Espinho com Tiago Pinto Ribeiro e posteriormente mudou passou para a Escola Superior de Música de Lisboa, com Manuel Rego e Domingos Ribeiro, terminando a licenciatura com distinção em 2020.
Ainda nesse ano, mudou-se para Zurique para iniciar o Mestrado em Performance na Universidade de Artes de Zurique, sob a orientação de Wies de Boevé, concluindo-o em 2022 com distinção. Realizou masterclasses com Matthew McDonald, Gunars Uptanieks, Janusz Widzck, Michael Wolf, Frank Sanderell e Luis Cabrera.
Foi academista da Luzerner Sinfonieorchester e da Sinfonie Orchester Biel Solothurn e colabora regularmente com Tonhalle Orchester Zürich, Sinfonieorchester Basel, Luzerner Sinfonieorchester, Sinfonie Orchester Biel Solothurn, Orquestra Gulbenkian e Orquestra XXI.
Foi também aceite em orquestras jovens como European Union Youth Orchestra (EUYO), Gustav Mahler Jugendorchester (GMJO), Orchestre des Jeunes de la Méditerranée (OJM) e Estágio Gulbenkian para Orquestra (EGO).
Gil Brito, quando questionado sobre o seu gosto pelo mundo da música, afirma que começou muito cedo, com os ritmos e sons de música africana, acrescentando que “tinha muita curiosidade de explorar algo novo. A Orquestra Geração foi um ponto fulcral no início da minha vida musical”.
A curto prazo ambiciona realizar “competições e melhorar a cada dia como músico” e a longo prazo, gostaria de ajudar na criação de uma escola de música, “semelhante ao projeto Orquestra Geração, em Cabo Verde, expandindo as oportunidades de aprender música. Gostava de gravar CD, fazer recitais, percorrer o mundo com o meu contrabaixo”, revelou Gil Brito ao Gazeta Lusófona.
O músico reconhece que na Suíça, no âmbito da música clássica, existem mais oportunidades que em Portugal ou em Cabo Verde, descrevendo que o país helvético é conhecido “pelo seu prestígio no campo da música clássica e possui uma rica tradição. É muito valorizada e bem vista. A Suíça investe muito mais na cultura do que em Portugal e a população aprecia-a muito mais. Também a localização central na Europa expande as oportunidades”, afirmou Gil Brito.
Por isso, reconhece que vivendo em Portugal não teria conseguido iniciar o brilhante percurso musical que está a desenvolver, tendo em conta “a falta de oportunidades. Não há muitas orquestras nem academias de orquestra em Portugal, e estas orquestras também não têm muitas vagas. Sendo músico de orquestra, seria muito difícil ter um percurso semelhante”, explicou-nos Gil Brito.