› Adélio Amaro
Marco Rodrigues nasceu em 1998, em Vila Nova de Famalicão. Iniciou os seus estudos musicais em 2010, na classe de trombone do professor David Silva, na ARTAVE – Escola Profissional Artística do Vale do Ave. Em setembro de 2016, com 17 anos, foi admitido na Universidade de Artes de Zurique, na classe do professor David Bruchez-Lalli. Três anos mais tarde, 2019, prosseguiu os seus estudos na classe do professor Ian Bousfield, na Universidade de Artes de Berna, onde concluiu o seu Master-Performance.
Todavia, tentou sempre melhorar o seu trabalho e frequentou cursos de aperfeiçoamento com prestigiados trombonistas, entre os quais são de destacar György Gyivicsan, Rui Pedro Alves, David Bruchez-Lalli, Jesper Busk Sørensen, Severo Martinez, Andreas Klein, Filipe Alves, Jarret Butler, Hugo Assunção, Stefan Schulz e Jamie Williams.
Ao longo da sua carreira musical foi premiado em diversos concursos nacionais e internacionais: Portugal, EUA, Alemanha e Hungria. Ainda em 2016, venceu a categoria “Trombone Superior” no “Prémio Jovens Músicos”, dando-lhe a oportunidade de interpretar a “Ballade” de Frank Martin com a Orquestra Gulbenkian, sob a direção do maestro Osvaldo Ferreira. Ainda nesse ano, em outubro, participou numa digressão a solo com a Orquestra Juvenil de Zurique em Portugal, onde teve a oportunidade de tocar nas mais prestigiadas salas de concerto do país, sob a direção dos maestros Luís Machado e David Bruchez-Lalli.
A sua vinda para Zurique, onde reside, permite-lhe, desde fevereiro de 2017, ocupar o cargo de Wechselposaune (2.º e 3.º trombone) na Orquestra da Tonhalle de Zurique, atualmente regida pelo maestro Paavo Järvi.
Em conversa com Marco Rodrigues, o Gazeta Lusófona questionou-se sobre a sua experiência no mundo musical e como é que este gosto surgiu na sua vida. Marco Rodrigues afirma que tudo aconteceu de forma inesperada, “apesar de não haver grande tradição musical na família, o meu avô sempre quis que algum neto aprendesse a tocar concertina” Aos oito anos começou a aprender a tocar concertina e “apesar de ser um registo totalmente diferente da música clássica, o meu gosto pela música começou a crescer”.
No 6.º ano dos seus estudos foi motivado, pela professora de Educação Musical, a concorrer para entrar na ARTAVE, uma das mais prestigiadas escolas profissionais de Música de Portugal, apesar de nunca ter tido contacto com o trombone, foi aceite na classe de trombone do professor David Silva, e assim desenvolveu a sua paixão pelo trombone e pela música.
Com o lugar que ocupa, nos dias de hoje, Marco Rodrigues não se limita a desenvolver apenas uma função. Assim, desde setembro, está como professor assistente na Universidade de Artes de Zurique, “o que é algo que me deixa extremamente feliz. O ensino do trombone sempre me despertou muito interesse e estou muito entusiasmado com esta nova experiência”, afirma.
Outro objetivo, que passa pelos seus desejos musicais, é a gravação de um CD de trombone a solo, “este é um objetivo no qual já estou a trabalhar e que espero concretizar muito em breve”, confessou-nos Marco Rodrigues.
E como sonhar faz parte da vida, o Marco segredou-nos que o seu grande sonho na Música é “tocar o grande repertório sinfónico com grandes maestros numa grande orquestra. Neste momento posso dizer que estou a viver o meu sonho todos os dias com a Tonhalle Orchester Zürich”.
Comparando as oportunidades, no âmbito da Música, entre a Suíça e Portugal, Marco Rodrigues esclarece, segundo a sua opinião, que a Suíça “é um país bastante rico e felizmente uma boa parte dessa riqueza é investida na cultura, para as orquestras, casas de ópera e até fundos para projetos mais pequenos. Como é claro em Portugal, a economia não está tão forte, daí provavelmente não sobrar fundos para existirem tantas orquestras nem tantos projetos musicais. No entanto, tenho a dizer que o nível dos Músicos portugueses é de qualidade mundial. Atualmente há poucas orquestras na Europa onde não haja pelo menos um músico português e tudo isso se deve à qualidade dos músicos que as escolas portuguesas têm produzido ano após ano”.
Quando questionado sobre o facto de ter ido para a Suíça e lhe ter dado novas oportunidades que não conseguiria em Portugal, Marco Rodrigues não nos dá certezas, visto que não consegue “dizer com certeza que não teria o mesmo percurso, pelo que é perfeitamente possível ter sucesso em Portugal e conheço muitos da minha geração que o estão a ter. O facto de ter vindo para a Suíça com 17 anos e ter conseguido o meu sonho aqui, não significa que não o teria conseguido em Portugal”.