› Maria dos Santos
João Guimarães nasceu em julho de 1986, em Matosinhos, Leça da Palmeira. Chegou à Suíça em 2007 e, depois de passar por Lausanne e Bulle, fixou residência em Fribourg. Este jovem, de carácter determinado, decidiu um dia fazer da sua vida um marco de referência.
Sorriso aberto, simpatia que baste, comunicador nato. O João luta todos os dias num mercado muito competitivo. Este espírito de luta é a essência do seu sucesso. Carácter forte, energias sempre positivas, o João procura todos os dias atingir os seus objetivos. Não dá crédito a comentários que não o acrescentem e procura nos amigos sinceridade, porque é a sua mais valia. Entre vinhos e roupa, decidiu-se pela moda. Nasceu assim EVO com um estilo próprio, baseado na (Streetwear).
Tem na sua equipa de futebol a cor que mais lhe agrada. O vermelho. Na mesa é um bom garfo, de modo que entre as iguarias da nossa gastronomia não consegue escolher um prato. Mas, quem é o criador desta marca da EVO? Vamos descobrir, então, o português que decidiu um dia mudar o rumo da sua vida tradicional e mostrar que é um homem que vai à luta sem baixar os braços.
João, chegastes em dezembro de 2007 à Suíça. Como enfrentastes este País com uma estrutura social, política, climática, entre outras, tão diferente de Portugal?
Antes de mais, um bem haja a ti, Maria, e a todos os leitores. Obrigado pelo convite para este prestigiado jornal na qual representa tão bem a nossa comunidade. Chegar à Suíça, embora não tivesse sido fácil, pois deixei Portugal aos 21 anos, uma idade particularmente complicada. Acabei os estudos e vim diretamente para cá deixando os amigos de todos esses anos, aos quais estava perfeitamente afeiçoado. Começar do zero é sempre mais duro do que se tivesse vindo ainda criança. Todavia, como arriscamos esta aventura em família (eu, meu irmão e meus Pais) foi mais fácil suportar e contrariar todas as adversidades. Com união e força familiar, fomos ultrapassando todos os obstáculos até nos adaptarmos minimamente a esta realidade e, posteriormente, singrar no mercado de trabalho. Pessoalmente, estive sete meses sem trabalhar, fui procurando arduamente, mas levava sempre respostas negativas, até que, depois, deu certo.
Quais foram as dificuldades para te integrares na cidade que escolhestes para viver, neste caso, Fribourg?
Fribourg acaba por ser mais recente. Estou aqui há, sensivelmente, três anos e, quando aqui cheguei, foi fácil pois, já estava adaptado ao País o quanto baste e não houve nenhum contratempo que me pudesse preocupar ou criar qualquer tipo de dificuldade. Aliás, Fribourg é bastante simpática como cidade, tem todas as comodidades necessárias para se viver o dia a dia com qualidade. As pessoas são hospitaleiras e gosto bastante de cá viver.
Levas 16 anos em terras helvéticas e já tens um projeto admirável. Que significa EVO e por que 247?
Simples, então: “EVO” = Evolução; “24” = o dia, 24 horas; “7” = a semana, 7 dias. Em resumo, quer dizer evolução, 24 sobre 7. Sou uma pessoa bastante competitiva, sempre a trabalhar arduamente de segunda a segunda, sol a sol, em prol da evolução e dos meus objetivos onde me revejo neste nome.
A tua patente está filiada em Portugal. Tens tido um feedback positivo das peças que vendes aos portugueses e, penso que, também, aos suíços, entre outras nacionalidades?
Sim, a marca é toda ela “Made in Portugal”. Somos tão bons em tantas coisas, incluindo os têxteis, não tinha como escolher outro país para o meu projeto. Quanto às nacionalidades a aderir à marca, têm sido clientes um bocado de todo o Mundo, visto a Suíça já ser um país multicultural só por si, bem como a expansão da mesma através das redes sociais, o que ajuda bastante.
Nunca se está só num projeto tão inovador e com tanta expansão. Quem são os teus “aliados”?
Verdade. O meu grande aliado é o meu sócio que se encontra precisamente em Portugal. O seu apelido é “Saná”, é assim que é reconhecido. É uma pessoa que está desde o início comigo nesta “batalha”, identifico-me bastante com ele pelas suas qualidades humanas, bem como profissionais. Somos muito amigos e nos conhecemos desde a infância e é nele que deposito toda a minha confiança. Ele é a pessoa que está no terreno e trata de toda a logística e evolução que as peças vão tendo até à sua produção final. O “Saná”, com o seu conhecimento mais técnico de tudo o que é produção, bem como dicas e conselhos para designs. É uma pessoa que escuto e merece o meu respeito.
Escolhestes um estilo de roupa muito diferenciado e prático. Falamos de uma linha, sobretudo, desportiva, com classe e elegância. Que base de dados tivestes para agarrar esta vertente?
Sempre foi a minha vertente de eleição. Quem me conhece sabe que sempre me vesti assim… Depois de analisar o mercado suíço, percebi que haveria pouca escolha nesta vertente. Sempre tive dificuldades em encontrar aquilo que queria e, quando comprava, depois via todos a usarem a mesma coisa. Foi, sem dúvida alguma, essa a minha grande motivação, a escassez/carência dentro deste estilo. A minha dinâmica de trabalho prende-se, sobretudo, com a extrema qualidade, que é o meu principal foco, trabalhar com a exclusividade. As pessoas que compram gostam de se sentirem únicas e diferentes de todas as outras. Foi nessa vertente/dinâmica de trabalho que apostei e, felizmente, acertei, pois, tenho me dado bem.
Agora que realizastes um sonho, que sonhos se escondem por trás da EVO? Qual a meta que gostarias de alcançar?
O meu principal sonho é o de me dedicar a 100% ao meu projeto. Sei que vou conseguir porque estou a trabalhar para isso. Mas, de momento, tenho que manter o meu primeiro trabalho (fiel de armazém) e conciliar os dois trabalhos da melhor maneira possível. Depois, a nível do projeto em si, um sonho que tenho é continuar a evoluir e fazer coisas novas e, cada vez mais, arrojadas e diferentes. Não vou desvendar já aqui, porque tenho isto tudo na cabeça e prefiro que seja surpresa. Fiquem atentos!
A tua EVO tem apenas três anos e tens parcerias com muitas figuras públicas, entre elas, Fernando Meira, Nelson Pereira, Paulo Futre, Ricardinho Madjer e Pedro Cardoso… Como aconteceu chegar a este patamar?
Foi, acima de tudo, muita força de vontade e a palavra que considero mais importante, a persistência. Eu não conhecia absolutamente nenhuma figura pública quando comecei o projeto. Tinha, simplesmente, muita confiança em mim e no meu trabalho, sabia que as peças tinham a qualidade necessária para eles aparecerem em público com as mesmas e, isso, foi a base para os abordar. Depois, fui usando também a minha criatividade para encontrar os caminhos que me levassem até eles para que, no final, me dessem uma oportunidade de me conhecerem e testemunharem o meu trabalho.