Nos dias 20 e 21 de setembro, a Federação realizou em Bulle um encontro que superou todas as expectativas. O evento contou com a presença do Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, do Embaixador de Portugal na Suíça, dos Cônsules de Zurique e Genebra, bem como de representantes do Município de Bulle e do Cantão de Friburgo.
Mais do que uma simples reunião, este encontro representou um marco para o movimento associativo português na Suíça. Dirigentes, membros de associações e responsáveis institucionais participaram num ambiente de partilha, reflexão e construção estratégica.
Um dos destaques do evento foi a aplicação da análise SWOT, que permitiu identificar com clareza as forças, fragilidades, oportunidades e desafios de cada associação. Este exercício proporcionou um conhecimento estratégico sobre cada entidade, abrindo caminho para ações futuras mais eficazes e precisas.
Forças e fraquezas do Movimento associativo: que fazer?
A força principal das associações é sem dúvida a capacidade de criar laços de solidariedade entre as pessoas reforçando relações de apoio mútuo e de interajuda (gráfico 1). Elas mantêm vivas a língua portuguesa, as tradições e as memórias coletivas e funcionam como porta-voz junto das autoridades, dos meios de comunicação e da sociedade local. Apesar das dificuldades conhecidas em recrutar novos quadros associativos elas têm sido capazes de criar pontes entre as pessoas e as instituições facilitando assim as relações entre a comunidade portuguesa e a sociedade suíça. Elas funcionam também como porta-voz junto das autoridades e dos meios de comunicação. Durante as últimas décadas, as associações portuguesas souberam dar uma excelente imagem de Portugal, construindo com paciência e perseverança uma Comunidade cada vez mais viva e interventiva.
Ao mesmo tempo há também que considerar que o movimento associativo enfrenta múltiplas dificuldades ou “fraquezas” bem identificadas pelos intervenientes (cf. gráfico 2). As mais importantes são sem dúvida a falta de recursos financeiros e de renovação dos quadros associativos. A dificuldade em encontrar espaços acessíveis à também apontada frequentemente, assim como a incapacidade a renovar os quadros associativos. As associações parecem hoje ser pouco apelativas para os mais jovens, mas também para as novas gerações de migrantes portugueses.
Para preparar o futuro das associações torna-se fundamental conhecer o passado, conhecer a evolução da comunidade portuguesa, identificar as ameaças que pesam sobre o movimento associativo, mas também as oportunidades que lhes são oferecidas. Aas ameaças (gráfico 3) exigem estratégias de visibilidade, cooperação e defesa de direitos. As oportunidades (gráfico 4) externas podem ser aproveitadas se houver profissionalização, formação de quadros associativos e articulação das atividades aos objetivos das políticas de integração. São também necessárias mais meios financeiros, mas também uma maior participação cívica e política que garante mais e melhores direitos. É importante que os portugueses e o movimento associativo entendam o Portugal de hoje e que este esteja à altura de perceber o real valor da Comunidade portuguesa e do seu movimento associativo. Estamos persuadidos que a Federação das Associações Portuguesas da Suíça enquanto força de diálogo, agregação de vontades e dinamização de atividades pode desempenhar um papel fundamental. As oportunidades externas podem ser aproveitadas se houver melhor organização e colaboração entre todos, já as ameaças exigem estratégias de visibilidade e defesa de direitos.
O sucesso do encontro demonstrou que a cooperação entre associações e instituições é o impulso que projeta o movimento associativo para o futuro. A Federação reforçou, assim, o seu papel de ponte e dinamizadora, fortalecendo laços e projetando um futuro mais sólido, estratégico e inspirador para todo o movimento associativo.
Yvonne Ribeiro