Pode brevemente apresentar a sua sociedade AllBlues Konzert AG?
A sociedade AllBlues Konzert AG organiza há mais de 25 anos concertos de nível internacional nos estilos musicais jazz, blues, soul, funk, world music assim como cantores, compositores e lendas do rock. Além disso, organizamos anualmente o Festival Internacional de “JAZZNOJAZZ” de Zurique. São cerca de 100 concertos por ano, a maioria deles em Zurique, mas também em Genebra, Lucerna, Berna e Basileia.
Organizou quantos concertos com músicos de língua portuguesa?
Nestes muitos anos já organizámos cerca de 50 concertos com músicos oriundos da cultura portuguesa e africana (Cesária Évora, Mariza, Ana Moura, Carminho, etc.) e outros 50 eventos de música brasileira como Gilberto Gil, Caetano Veloso, Marisa Monte, João Bosco, etc.
Qual é o seu percurso de vida?
Estudei marketing em Zurique e fui responsável pela promoção e comunicação em várias empresas antes de integrar a AllBlues Konzert AG em 2006.
Como veio o seu interesse pela música e a organização de concertos?
Sempre me interessei muito pela música e como aficionado e DJ tenho procurado os sons mais recentes e excitantes, especialmente no jazz, soul, funk, world music e electro. Ir a concertos é a minha paixão, seja em Zurique ou também viajar por todo o mundo.
Pode-nos falar de um concerto em particular ou de um artista de língua portuguesa que o marcou particularmente? Qual foi a sua melhor recordação?
Tenho boas recordações do fantástico concerto de Caetano Veloso em 2010 no esgotado Kongresshaus ou de Cesária Évora em 2009, antes de ela, infelizmente falecer 2 anos mais tarde.
São muitas vezes os mesmos artistas português que vêm para Genebra e Zurique, como Mariza, Ana Moura, Camané, Carminho. Nos próximos tempos pode nos anunciar talvez algumas possibilidades ou interesses com outros artistas como por exemplo Luiz Caracol, Gisela João ou Cuca Roseta, Rodrigo Costa Félix, etc.
Se olharem para a nossa programação, notarão que tocamos nichos musicais como o fado ou o samba, mas convidamos os representantes mais conhecidos deste género musical. Só com uma formação tão proeminente podemos ter a certeza de atrair uma audiência suficientemente grande.
A mistura das músicas e dos géneros de música é um aspeto particularmente interessante. Existe uma noite brasileira em Montreux. Seria possível organizar num concerto uma noite de música portuguesa ou lusófona e misturar os géneros como o fado, a morna, a bossa-nova ? (música de Portugal, do Cabo-Verde e do Brasil).
Isso seria certamente muito atrativo para o público. No entanto, é muito mais complexo e dispendioso. Também não somos organizadores de festivais (exceto o ZURICH JAZZNOJAZZ FESTIVAL) e por isso limitamo-nos, com uma pequena equipa, à realização de concertos individuais.
Como atravessa esta situação de pandemia?
Este foi e é, claro, um momento muito difícil para nós. De um dia para o outro, fomos praticamente proibidos de trabalhar. Mesmo agora ainda não nos é possível realizar concertos. Enquanto existirem medidas de proteção ou restrições, tais como o cumprimento das regras de distância e a obrigação de máscara de proteção, não nos é possível realizar concertos com cobertura de custos. Estamos confiantes de que com a progressão da campanha de vacinação em breve, o mais tardar em 2022, os concertos serão novamente possíveis sem medidas de proteção.
Entrevista Clément Puippe