› Ilídio Morgado
Em colaboração com a Rádio Arremesso, estivemos presentes numa festa de angariação de fundos para uma associação da freguesia de Anreade, Resende, em Genebra, no dia 14 de outubro. Iniciativa que contou com a preciosa ajuda do Rancho Folclórico Danças e Cantares do Minho e onde, entre outras atuações, esteve Iran Costa, artista brasileiro conhecidíssimo dos portugueses espalhados pelo mundo.
Falámos com uma das mentoras desta iniciativa, Judite, amiga da Rádio Arremesso de longa data e muito ativa na comunidade portuguesa em Genebra, e que faz parte do rancho.
Judite, explica-nos como surgiu esta iniciativa e o porquê da angariação de fundos em Genebra. “Esta angariação de fundos destina-se a ajudar nas despesas de deslocação dos atletas de um clube na freguesia de Anreade, Resende. É um clube pequenino que mantém atividades desportivas para os jovens que lá residem e que se depara com despesas muito grandes para as deslocações dos atletas. Assim, pensámos fazer uma pequena festa para os ajudar. O clube desenvolve o andebol como modalidade preferencial. Eles enviaram algum material para nós vendermos aqui e nós fizemos o resto. A receita ser-lhe-á entregue na totalidade”, disse Judite.
Se dúvidas houvesse, as comunidades portuguesas dizem sempre presente quando se trata de ajudar os outros. “É isso mesmo e a prova é que está aqui esta gente amiga para nos ajudar a quem muito agradecemos, assim como aos nossos patrocinadores e amigos”, sublinhou.
Para abrilhantar esta noite esteve presente um dos artistas mais conhecidos dos portugueses, O Bicho a Amarrar o Tchan!, adivinharam? É Iran Costa, o eterno “bicho” que depois de um show que aqueceu o ambiente, veio dar uma palavrinha connosco.
“Boa noite. Eu é que vos agradeço a oportunidade de estar aqui uma vez mais a atuar para estes emigrantes maravilhosos”, afirmou o cantor.
Falei de dois temas emblemáticos da tua vasta carreira musical que já é longa.
“Sim, são 25 álbuns de originais, muita estrada, espetáculos um pouco por todo o mundo. Uma carreira muito bonita e da qual me orgulho bastante”, frisou Iran Costa.
Claro que sim. A sua carreira já começou há uns anos, 30 para sermos exatos. As pessoas conseguem visualizar imediatamente os movimentos da coreografia, lembram-se da letra, isso é motivo de grande satisfação para ti.
“Claro, é muito bom ver novos, e menos novos, dos 8 aos 80, partilharem a música que eu faço, que proponho, e acompanharem-me nesta minha aventura. São 30 anos e não há muitos artistas que possam dizer o mesmo. O Bicho foi a música que me deu a conhecer e apresentar pelo mundo fora, nessa realidade portuguesa que são as comunidades espalhadas pelo mundo. E é engraçado porque esta coreografia permitiu-me aceder a outros públicos que não conhecendo a língua se identificavam pelos movimentos e pela energia boa que transmite. Não é necessária tradução. Posso dizer que é uma música transversal a várias gerações e que transporta uma mensagem alegre que todos precisam”, comentou o artista.
A sua carreira descolou em Portugal, pode-se dizer, mas já atuava no Brasil.
“No Brasil comecei na rádio, onde fiz 11 anos e aprendi muito do que queria fazer. Ouvi muita música e tentei não me colar a ninguém e fazer o meu percurso. Muito novinho ouvia de tudo, todo o estilo de música. Tenho influência do Brasil, Portugal, África, América Latina. Foi daí que bebi e depois adaptei a sonoridade que buscava para a minha própria identidade musical. Gosto igualmente de fazer parcerias com outros músicos. Fiz uma música há pouco tempo com uma artista que adoro, a Rosinha, e penso que vai ser um grande sucesso. É também uma artista de grande incidência popular, super divertida, com uma carreira incrível e muito próxima do povo o que é muito bom”, atestou.
Nós aqui adoramos a nossa amiga rosinha para quem enviamos um grande beijinho. Faz espetáculos em Portugal e Brasil. Onde se sente mais à vontade?
“Eu sinto-me bem em todo o lado e é muito engraçado a reação das pessoas porque me reconhecem e são muito generosas. Em 1995, quando saiu “O Bicho”, tive um sucesso danado. Fiz mais de 120 shows em seis meses, foi uma loucura. Entretanto, vim fazer um espetáculo à Suíça, exatamente em Genebra, e pensei, quando chegar quero andar pela rua tranquilo, andar de autocarro. Em Genebra saio do hotel para dar o passeio e uma senhora me reconhece. Olha! É o Bicho! Já foi! Mas é muito gratificante e aquece o coração quando isso acontece”, recordou.
Há artistas que têm esse poder de comunicar na linguagem do povo. Existem alguns supertalentosos que não conseguem.
“O povo português adotou-me de uma forma genuína e acolhedora. Em troca procura passar uma energia positiva, onde me possa identificar com elas e vice-versa. Curtir a música em conjunto. O público é soberano e somos nós que nas nossas propostas temos de os contentar, sem nos perdermos na nossa identificação musical. Temos de estar onde o povo nos quer. Esta noite de angariação de fundos é muito importante para todos e para o artista também. Estas pessoas que aqui estão, nas férias poderão nos encontrar pelo caminho e é sempre bom estar em ondas positivas e a comunidade portuguesa nisso é exemplar”, reiterou.
Uma troca de saudades que vamos matando com estes encontros.
“Exatamente. Nestes momentos, podemos ver os olhos que brilham porque vem à memória muita coisa da terra, muita coisa boa. Um grande abraço para esta maravilhosa comunidade portuguesa e para todos os portugueses em todo o mundo e mantenham o bicho ativo!”, finalizou.