Durante os dias 20 e 21 de setembro, a Federação das Associações Portuguesas na Suíça (FAPS) promoveu o Encontro das Associações Portuguesas na Suíça.
O evento teve lugar na Résidence du Marché e na Grande Salle de l’Hôtel de Ville, em Bulle, cantão de Friburgo, e reuniu várias associações portuguesas na Suíça com objetivo de se discutir a temática sobre a situação atual e os desafios do futuro para o associativismo português no país helvético.
Assim, além dos representantes das mais de três dezenas de associações portuguesas de toda a Suíça, o evento contou com a presença e a participação de várias entidades, entre as quais se destacam o Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, Emídio Sousa, o Embaixador de Portugal em Berna, Júlio Vilela, a Cônsul de Genebra, Leonor Esteves, o Cônsul de Zurique, Gonçalo Motta, a coordenadora do Ensino Português na Suíça, Lurdes Gonçalves, assim como diversos representantes dos Serviços de Integração do Cantão de Friburgo e da Município de Bulle.
A sessão de abertura, moderada pelo diretor do jornal Gazeta Lusófona, Adélio Amaro, teve as intervenções de António Cunha, Presidente da Federação das Associações Portuguesas na Suíça, de Samuel Jordan, adjunto bureau de l’intégration des migrant et de la prévention du racisme do cantão de Firburgo, do Embaixador Júlio Vilela e do Secretátio de Estado Emídio Sousa.
Todas as intervenções foram no sentido de enaltecer o trabalho que a FAPS tem desenvolvido no meio associativo como elo entre as associações portuguesas na Suíça, na pessoa do presidente António Cunha, assim como a excelente iniciativa que teve lugar em Bulle.
Ainda na sessão protocolar, o funcionário consular Profírio Luís Pinheiro foi condecorado com a medalha de mérito das comunidades portuguesas, grau ouro, pela mão do Secretário de Estado Emídio Sousa (ver página 9).
Após a sessão protocolar e de abertura do encontro, teve lugar uma conferência sobre sobre “Os Apoios do Estado Português ao Movimento Associativo”, a qual teve como oradores Júlio Vilela e Gonçalo Motta. Foram dadas a conhecer várias vertentes da dinâmica e da problemática asociativa como a capacidade de mobilizar voluntários, menor envolvimento dos jovens, os apoios institucionais, parcerias e as dificuldades em obter os respetivos apoios.
Na próxima edição do Gazeta Lusófona daremos destaque a toda a informação que foi apresentada e disponibilizada durante a referida conferência.
O programa continuou com uma Mesa Redonda dirigida por Adélio Amaro (Gazeta Lusófona) sobre o tema “O associativismo, situação atual e desafios”, durante a qual os oito oradores convidados deram a conhecer alguns aspetos da dinâmica associativa, assim como de outras instituições: Ivane Domingues, Associação 25 de Abril, Genebra, destacou que a causa de Abril tem de ser “uma revolução universal”; Maria Nunes, LusoSanté, sublinhou a importância da aprendizagem; Álvaro Oliveira, Parlamento Jovem, terminou a sua intervenção com a pergunta: “A que jovens devemos passar a palavra”; Paulo Gomes, Associação dos Graduados Portugueses na Suíça, realçou a importância de fomentar a literacia e sublinou a dificuldade que existe para a credenciação e pedido de apoios; António Guerra, Conselho das Comunidades e Casa do Benfica de Genebra, afirmou que irá “continuar a reendivicar” os diretos das associações; Michael Palma Mendes, ALEP, revelou ser “muito difícil manter uma associação entre os lusodescendentes; Marina Prévost-Mürer, CCISSP, falou em “falta de recursos” e Lurdes Gonçalves, Ensino Português na Suíça, referiu ser “fundamental trabalhar com as associações, em especial com as de pais. As associações e os pais têm um papel importante para as crianças falarem português”.
O primeiro dia desta jornada, promovida pela FAPS, terminou com a apresentação de três “ateliers” de “Formação de quadros associativos” (ver páginas 22) fornecidos gratuitamente pela FAPS, seguida por um jantar de convívio.
No dia seguinte, 21 de setembro, teve lugar a Assembleia-Geral Extraordinária da FAPS com o objetivo pensar o planeamento estratégico da referida Federação e a sua programação a curto-prazo (2025-2026), assim como um fórum para escutar a opinião das associações.
Após um almoço volante e intervenções do Embaixador, do Secretário de Estado e de Estelle Zermatten, Conseillère Communale, Bulle, encerrando protocolarmente este encontro, a tarde prolongou-se como um momento musical que contou com a participação do Rancho Folclórico de Gruyère, da Associação Amigos dos Tambores de Monthey e de Magda Varela & Carlos Kwame (Canções de Cabo Verde) que no dia anterior tinham animado o jantar de convívio.
António Cunha e a FAPS
António Cunha, presidente da FAPS, explicou ao Gazeta Lusófona que “a comunidade portuguesa no país helvético é uma das mais vibrantes e organizadas da diáspora lusa. Com mais de 260 mil cidadãos registados com cartão de cidadão, os portugueses estão espalhados por todo o território suíço, com maior concentração nos cantões de Vaud, Genebra, Valais, Zurique, Friburgo e Berna. Esta presença robusta reflete-se num movimento associativo dinâmico, que desempenha um papel essencial na preservação da cultura, na integração social e no apoio comunitário”, acrescentando que a Suíça “acolhe dezenas de associações portuguesas, que vão desde clubes culturais e recreativos a organizações de apoio social, grupos de folclore, associações desportivas e instituições dedicadas ao ensino da língua portuguesa. Estas entidades funcionam como pontos de encontro, promovendo atividades que reforçam os laços entre os portugueses residentes na Suíça e a sua terra natal”, referiu o presidente da FAPS.
António Cunha valoriza o “papel fulcral” das associações na “preservação das festas tradicionais, com música, dança e gastronomia portuguesa, assim como no estímulo ao ensino do Português, essencial para manter a identidade das novas gerações. As associações também prestam apoio comunitário, conferindo auxílio em situações de vulnerabilidade como o desemprego, a doença ou o isolamento”, sublinhou.
Para o presidente da FAPS, apesar da respetiva vitalidade, “o movimento associativo enfrenta desafios como a renovação geracional, a profissionalização e a adaptação às novas tecnologias. A crescente presença de jovens portugueses – quase 20% da comunidade tem menos de 18 anos – exige uma abordagem mais inclusiva e inovadora, capaz de atrair e envolver esta nova geração”, por isso, entende que o futuro do associativismo português na Suíça tem de passar pela formação contínua dos dirigentes associativos, pelo uso das plataformas digitais, pelas parcerias locais com instituições suíças para maior integração e reconhecimento, além dos representantes legais de Portugal, como embaixada ou consulados, e não devem esquecer a promoção da igualdade de género e da diversidade e ter em atenção o perfil da nova vaga de emigrantes que tem formação superior e interesses distintos, exigindo uma abordagem moderna e inclusiva”, afirmou António Cunha.
Foi nesse intuito que a FAPS, como um dos motores que se preocupa com o movimento associativo português na Suíça, promoveu mais um encontro das associações portuguesas com o lema “Entre memória e futuro: reinventar o papel das associações portuguesas, fortalecer as redes associativas”. Segundo António Cunha, esta iniciativa pretendeu “fortalecer a cooperação entre as diferentes e diversas organizações, valorizar a cultura portuguesa e incentivar a participação dos jovens”.
Satisfeito com o resultado final do encontro, para António Cunha este foi um evento de “grande qualidade e que abordou temas prementes para os portugueses residentes na Suíça, assim como para as associações portugueses que devem encarar e encontrar fórmulas paras os desafios que o futuro irá apresentar”, acrescentou o presidente da FAPS.
A realização deste encontro só foi possível porque teve a parceria ou o apoio da Direção-Geral dos Assuntos Consulares e das Comunidades Portuguesas, do Instituto Camões, do Cantão de Friburgo, do Município de Bulle, do Gazeta Lusófona, da Rádio Arremesso e do Banco Santander.
Adélio Amaro
