O Gabinete Federal para a Igualdade entre Mulheres e Homens (BFEG) lançou uma campanha de prevenção da violência doméstica, da violência sexual e da violência de género. Sob o alto patrocínio da Conselheira Federal Élisabeth Baume-Schneider, esta campanha conta com o apoio de uma ampla aliança de cantões, municípios e organizações não governamentais.
Trata-se de uma campanha que visa sensibilizar para o facto de que a violência doméstica se desenvolve muitas vezes de forma insidiosa: a partir de padrões recorrentes que reforçam os desequilíbrios nas relações de poder e prejudicam o respeito. A campanha chama igualmente a atenção para o facto de que as organizações de apoio podem ser procuradas mesmo quando nenhum alegado crime foi cometido – de modo a agir precocemente e impedir a violência física.
A igualdade contra a violência
Todas e todos podemos agir contra a violência, recusando deixar-nos rebaixar ou reagindo quando vemos outras pessoas a serem importunadas, e cultivando relações baseadas no respeito e na igualdade. A violência não começa necessariamente com agressões físicas: instala-se muitas vezes de forma discreta, através de gestos quotidianos, palavras ofensivas ou atitudes que colocam o outro sob pressão. Nem sempre se percebe de imediato que algo não está bem — adapta-se, minimiza-se, cala-se. No entanto, certos sinais mostram que uma relação se está a desequilibrar e que o medo vai pouco a pouco ocupando o lugar do respeito. Reconhecer esses sinais é um primeiro passo para agir e pedir ajuda.
1) ELE LEVANTA A VOZ. TU BAIXAS OS OLHOS.
Se não estou de acordo com ele, ele eleva imediatamente o tom. Então eu calo-me. Ninguém deveria ter medo numa relação. Quando uma pessoa grita para exercer pressão e a outra se cala ou se submete para evitar problemas, isso já constitui uma forma de violência. Se tens a sensação de que já não podes falar livremente ou dar a tua opinião, é importante procurar ajuda.
2) ELE SABE ONDE ESTÁS. SEMPRE.
Ele diz que precisa de saber constantemente onde estou, porque me ama. E com quem. Então eu digo-lhe, caso contrário ele irrita-se. Controlar permanentemente onde o outro se encontra não é uma prova de amor, mas uma forma de vigilância. Uma relação deve construir-se sobre a confiança, não sobre o controlo. Se tens a impressão de estar a ser seguido(a) ou observado(a), não hesites em falar sobre isso e em procurar ajuda.
3) UM OLHAR BASTA. E TU CALAS-TE.
O silêncio imposto pelo medo nunca é normal. Quando um simples olhar basta para calar alguém, isso revela uma relação de forças desigual que impede a expressão e gera medo. Mesmo sem gritos nem insultos, essa intimidação já constitui uma forma de violência. Ninguém deveria sentir-se paralisado pelo seu parceiro ou parceira. Se tens medo da raiva do outro, fala com um serviço de apoio ou com uma pessoa de confiança. É essencial quebrar o silêncio.
4) TU DIZES NÃO. ELE OUVE SIM.
Um “não” deve ser sempre respeitado, em todas as situações. Insistir, forçar ou negar uma recusa é inaceitável. O consentimento forçado não é uma opção: o acordo deve ser claro, livre e sem pressão. Se a tua recusa não é respeitada, não estás sozinho(a): existem profissionais disponíveis para te ouvir e acompanhar com total confidencialidade.
5) AS NECESSIDADES DELE CONTAM. AS TUAS, NÃO.
Quando, num casal, apenas as necessidades de uma pessoa contam e a outra tem de se adaptar sempre, isso é sinal de desequilíbrio. Pouco a pouco, a confiança desgasta-se e esquecem-se as próprias vontades, que são igualmente importantes. Uma relação saudável deve permitir que cada um(a) seja respeitado(a). Se sentes que as tuas necessidades são ignoradas, é importante falar com uma pessoa de confiança e procurar apoio.
6) AS SUAS PIADAS SÃO SEMPRE SOBRE TI.
Desde que saí da idade do armário, não parei de receber piadas. E quando eu falo alguma coisa, eles respondem: “É só uma brincadeira”.
As piadas à custa de alguém, mesmo ditas com humor, podem ser uma forma de violência se forem repetidas constantemente, se rebaixarem ou humilharem a pessoa. Ninguém merece ser alvo de troça, nem em público, nem em casa. Existem serviços disponíveis para te ouvir e ajudar com total discrição.
Ajuda e apoio para todas e todos
Se tens a impressão de que uma pessoa do teu círculo está a sofrer violência, propõe-lhe falar sobre isso. Não hesites em pedir ajuda se vires alguém a ser insultado, rebaixado ou assediado. E se tu próprio(a) estiveres envolvido(a), lembra-te de que não estás sozinho(a): existem serviços de apoio que acompanham as vítimas, os autores e o seu círculo próximo, de forma confidencial, segura e gratuita. Podes encontrar ofertas de aconselhamento adaptadas a cada situação aqui: sans-violence.ch/trouver-de-laide-et-du-soutien
Os serviços indicados nesta página estão disponíveis a nível nacional ou regional. Eis alguns exemplos:
1) Os centros LAVI perto de ti
Todos os cantões dispõem de centros de apoio às vítimas reconhecidos (centros LAVI). Estes centros apoiam e aconselham todas as pessoas na Suíça que tenham sido vítimas de violência. Gratuitamente, de forma confidencial e, se assim o desejarem, de forma anónima.
https://www.opferhilfe-schweiz.ch/de/
2) Conselhos online e chat em 13 línguas
A plataforma da Suíça romanda Violence que faire e os centros de apoio às vítimas da Suíça alemã oferecem às pessoas que foram vítimas de violência, bem como aos seus familiares, aconselhamento confidencial, anónimo e profissional, online ou por chat.
3) Casas de acolhimento para mulheres e homens
As casas de acolhimento oferecem proteção, aconselhamento, assistência e acompanhamento a mulheres, homens, crianças e adolescentes que desejam escapar a uma situação de violência ou que estão ameaçados por um perigo iminente.
https://www.opferhilfe-schweiz.ch/fr/was-ist-opferhilfe/protection/
4) Ajuda imediata em caso de violência sexual
As pessoas vítimas de violência sexual devem dirigir-se o mais rapidamente possível a um serviço de urgência.
https://www.skppsc.ch/fr/projets/ensemble-sans-violence-sexuelle/#aide
Este conteúdo foi realizado com o apoio do Gabinete Federal para a Igualdade entre Mulheres e Homens (BFEG)





