“Rotas, Redes e Conexões” foi o tema das Jornadas Europeias do Património (JEP) numa iniciativa, anual, do Conselho da Europa e da União Europeia que engloba mais de cinquenta países.
Com o objetivo de sensibilizar a população europeia para a importância da salvaguarda do Património, o tema de 2024 desafiou “todos a percorrer essas rotas e a celebrar as redes que nos unem”. Nesse sentido, no caso de Portugal, quase todos os municípios e imensas associações promoveram e corporizaram iniciativas “on-line” e presenciais, juntando esse programa global a uma coordenação do “Património Cultural, I.P.”, enquanto entidade responsável pelas JEP a nível nacional.
Todos os anos, em setembro, as ações inseridas nas JEP têm como missão sensibilizar a população para a necessidade de valorizar “o Património comum e para a necessidade de o preservar para as gerações atuais e futuras”, num contexto de “mosaico cultural europeu”.
Todavia, o trabalho em rede não pode ser pensado apenas para três dias. É um trabalho que, verdadeiramente, tem de acontecer entre municípios, instituições e cidadãos. Estes últimos não se podem abstrair de tal.
Assim, refletindo o tema que foi sugerido para o presente ano, fica o conselho para que todos sejam ativos na celebração e salvaguarda do nosso Património, não apenas durante três dias, mas durante todo o ano. Que estes três dias sejam o mote para a referida meditação e consequente ação. Que sirvam de plataforma para olharmos o Património de outra forma e que este seja o argumento para que as “Rotas, Redes e Conexões” sejam terraço da valorização das boas práticas, conhecendo o passado, atuando no presente e sensibilizando a atual geração que o futuro do Património começa agora.
Todavia, nesta rede, muito importante, falta pensar no património imaterial da comunidade portuguesa pelo mundo. No caso concreto da Suíça, sendo conhecida a intervenção portuguesa nas ações associativas e académicas, muitas vezes resultantes em património material, é crucial pensar no património imaterial que os portugueses vão semeando no país helvético há várias décadas.
Por vezes, mais importante que o património material é o imaterial, como as tradições, incluindo a língua como vetor principal, as artes do espetáculo, as práticas sociais, rituais, eventos festivos, conhecimento e práticas relacionadas com a natureza e o universo, as aptidões ligadas ao artesanato tradicional, assim como a “identificação, documentação, pesquisa, preservação, proteção, promoção, valorização, transmissão, essencialmente através da educação formal e não formal, bem como a revitalização dos diferentes aspetos desse património”, como defende a UNESCO.
Há um trabalho e a desenvolver em redor do património imaterial da comunidade portuguesa na Suíça, tendo como elo a Convenção para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial, aprovada a 17 de outubro de 2003, na 32.ª Conferência Geral da UNESCO, que entrou em vigor a 20 de abril de 2006.
Como se faz esse trabalho? Começar por desenvolver uma comissão que pode nascer a partir da Embaixada, dos Consulados ou de todos juntos, e que tenha, na mesma, pessoas que conheçam a comunidade e possam refletir para colocar em prática essa “recolha” …
Adélio Amaro, diretor